X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Cidades

"Meu marido me salvou e morreu como herói", diz comerciante


Depois de praticamente uma semana chorando e sem esquecer das imagens descritas como um tsunami de água doce, a comerciante Vanderleia Monte Bértoli, de 19 anos, quebra o silêncio e conversa com a reportagem de A Tribuna sobre o desfecho trágico do seu marido.

Imagem ilustrativa da imagem "Meu marido me salvou e morreu como herói", diz comerciante
O marido da comerciante Vanderleia Bértoli, de 19 anos, é uma das 7 vítimas fatais da chuva que atingiu o Sul do Estado. |  Foto: Dayana Souza/AT

O comerciante Alexandre Hantequeste Sofiate, 30, dono de um bar no distrito de Bom Destino, é uma das sete vítimas fatais da chuva que caiu no último fim de semana, em Iconha, Sul do Estado.

Imagem ilustrativa da imagem "Meu marido me salvou e morreu como herói", diz comerciante
Alexandre Sofiate, tinha 30 anos e era comerciante. |  Foto: Acervo de famíia
A Tribuna – Consegue descrever quando o pesadelo começa?

Vanderleia Monte Bértoli – Eu estava em casa e meu marido trabalhando no bar. Minha vizinha mandou um vídeo mostrando o rio. Deixei a nossa filha, de 3 anos, com uma vizinha, e fui correndo até o bar. A rua não tinha sido atingida ainda pela água. Quando cheguei lá, falei: “vamos embora, estava ficando feio demais”.

Só que começou a entrar água dentro do bar e as coisas começaram a levantar, cair no chão. Tinha gente no bar e sentamos no balcão. Daí a pouco, Alex teve a ideia de quebrar o telhado para a gente subir na laje, mas ele tinha problema de coluna, não tinha muita força e ajudamos a abrir o buraco.

A água já tinha invadido tudo. Fomos subindo, mas, na vez dele, a correnteza ficou mais forte, o derrubou e o arrastou.

Ele falou alguma coisa, gritou, pediu socorro?
Não escutei direito. Era muito barulho e desespero das pessoas. Em cima da laje tinha eu, meu pai, e mais 12 pessoas.

Viu seu marido sendo levado?
Vi e entrei em desespero. Ficou gente embaixo ainda se segurando nos paus para não serem carregadas pela água.

Quando viu o Alex sendo levado, como foi a sua reação?
Dói demais. Estava muito escuro, não dava para ver direito. Mas quem estava embaixo falou que ele bateu a cabeça contra um muro. A gente ligava para os bombeiros pedindo por socorro. Enquanto isso, a água subia. Por pouco não fomos levados também.

Tinha esperança de ele sobreviver?
Sim. Tínhamos muitos sonhos (choro). Nós íamos fazer uma casa para ter o nosso cantinho. Pegamos um litro de amaciante para juntar nosso dinheirinho, economizar cada centavo, mas não tivemos tempo de realizar os nossos sonhos. Nunca vi nada tão devastador. Foi o tsunami da água doce. Nunca pensei em passar por um pesadelo desse.

Qual a última lembrança dele que ficará na sua memória?
É difícil (choro), mas foi o último abraço que ele me deu antes de ser levado para sempre.

Naquele desespero ele ainda te abraçou?
Sim, antes que eu subisse. Ele foi um herói, me jogou para cima. Eu queria que ele subisse primeiro, mas ele me obrigou a subir primeiro. Meu marido me salvou e morreu como um herói (choro).

Por que você não queria subir antes dele?
Eu achava que ia ser mais fácil ele subir primeiro por conta do problema que ele tinha na coluna. Mas ele me abraçou e falou: “vai você, porque você tem que cuidar da menina (filha), você tem mais saúde do que eu, tem que cuidar dela”. Ele não aguentava muito abaixar para pegar nossa filha do chão.

Acha que ele estava pressentindo que o pior pudesse acontecer?
Não sei. Algumas semanas antes ele falava muito que não iria chegar aos 40. Ele reclamava de muita dor na bacia.

Você ainda tinha esperança de encontrá-lo com vida?
Tinha a sensação de que ele estava vivo, de que estava bem em algum lugar. Só um pouco machucado. Para mim, aquele abraço não seria o último (choro).

Ele foi achado quanto tempo depois?
Só na terça-feira, às 18 horas, a cerca de 6 quilômetros. Ele foi encontrado sem roupa. Desde o momento que ele desapareceu eu gritava, chorava, pedia a Deus que deixasse ele vivo. Agora acabou tudo. Está sendo muito difícil.
 

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: