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Entretenimento

Lições de vida de um ex-Saci


Imagem ilustrativa da imagem Lições de vida de um ex-Saci
“Ensinar é mesmo um ato de amor” |  Foto: Divulgação/Lukas Alencar

O carioca de São Gonçalo Izak Dahora, 32, é um contador de histórias. E não são só de textos de ficção. Mas de narrativas resultantes de estudo e descobertas da sua própria vida. Quem não se lembra do Saci, personagem folclórico do clássico de Monteiro Lobato, “Sítio do Picapau Amarelo”?

Durante cinco anos (2001-2006), o ator e mestre em Artes Cênicas divertiu a criançada com as peripécias do garoto travesso de uma perna só.

Imagem ilustrativa da imagem Lições de vida de um ex-Saci
Izak: “O Saci foi um acontecimento na minha vida, alterou a minha trajetória definitivamente. Passei a me ver como artista” |  Foto: Divulgação


“Sem dúvida, o Saci foi um acontecimento na minha vida, alterou a minha trajetória definitivamente. Com o 'Sítio', minha vida profissional se firmou de vez, ser artista ganhou concretude para mim – passei a me ver como artista. Conheci pessoas e profissionais que se tornaram referências para o meu caminho”, destaca Izak ao AT2.

Mas, na corrida das artes na vida de Izak, a música chegou em primeiro lugar. Violinista desde os 12 anos, ele revela qual era mesmo seu desejo. “Estudava com o sonho de ser concertista. Até cheguei a fazer recital e a tocar em orquestras”, lembra o ator.

“Cheguei a pensar que isso não seria possível pela evolução do teatro e da TV na minha vida. Então, comecei a perceber que os diretores adoravam saber que eu tocava e aproveitavam o violino em cena. E eu adoro isso!”, ressalta.

E foi justamente o que aconteceu com o mecânico Tião, seu personagem em “Éramos Seis”. “O violino acabou contribuindo para a expansão dramatúrgica do personagem, expôs a sensibilidade dele frente à guerra. Com isso, Tião ganhou uma dimensão muito mais profunda e humana”, diz.

“Senti que aquilo seria minha vida” - Izak Dahora ator, violinista, professor e escritor

AT2: Começou no teatro cedo. Como foi esse despertar?
Izak Dahora: Sempre fui inclinado às artes. Creio que ser filho único contribuiu bastante para isso. Muitas vezes, a minha imaginação substituía o irmão/irmã que não tive. E os amigos do teatro e da escola me faziam realizar essa necessidade do outro e de me comunicar, me aproximando das pessoas.

Na escola, sempre era o aluno que primeiro levantava o braço quando a professora pedia para alguém da turma ler em voz alta.

AT2: O teatro foi sua primeira escola?
Izak Dahora: Meu primeiro curso extraescolar foi um coral de música antiga. Daí, fui aprender flauta doce e violino, meu instrumento até hoje.
E a interpretação...

Aos 10 anos, entrei no mundo da TV de forma despretensiosa, em um comercial com meu coral. A partir daí, fui figurante por um ano e meio em uma agência.

Participei da novela “Torre de Babel” do início ao fim. Me tornei uma espécie de elenco de apoio, só pelo interesse de saber como a TV funcionava, por brincadeira.

AT2: E descobriu a paixão?
Izak Dahora: Senti que aquilo era e seria a minha vida. Meus pais procuraram cursos de teatro para mim.

Imagem ilustrativa da imagem Lições de vida de um ex-Saci
Izak é um mecânico em novela |  Foto: DIvulgação/TV Globo
AT2: Como se preparou para o Tião, de “Éramos Seis”?
Izak Dahora: Primeiro, li o livro da Maria José Dupret, em que a novela se baseia. Em seguida, observei mecânicos, estive em uma oficina, conversei com o Paulista, um mecânico de Jacarepaguá. A esposa dele até preparou almoço para me receber!

AT2: Tião foi parar na guerra. Como é retratar esse tempo?
Izak Dahora: É constatar um tanto os caminhos que fizeram e fazem o Brasil ser Brasil. As disputas de poder acabam sendo entre elites, e o povo acaba sendo a massa de manobra, assimilando discursos, indo às ruas e às guerras e morrendo no front. Por este prisma, parece algo negativo, mas a oportunidade desta reflexão já é positiva.

AT2: Também ataca de escritor. Fala do seu livro “Arte Total Brasileira: A Teatralidade do 'Maior Show da Terra'”, sobre o Carnaval! É um folião ou um estudioso do assunto?
Izak Dahora: Pelo fato de respirar arte sob todas as formas, sou um esteta e, por isso, considero que sou mais um apreciador do Carnaval do que um folião. Mas já desfilei inúmeras vezes.

Contudo, sinto que vivo uma espécie de alegria altruísta no Carnaval. (Risos) Isto é, sinto profundo prazer em testemunhar a alegria das pessoas e o poder gerador da alegria carnavalesca.

AT2: Virão mais livros?
Izak Dahora: Sim. Alguns esboçados, mas o sonho absoluto e mais premente agora é lançar um projeto que tenho de ficção. Está no filme “De Perto Ela Não é Normal”, de Susana Pires.

Susana é uma artista que admiro: múltipla, inteligente e alto-astral demais! Trata-se de uma comédia temperada com muita delicadeza, que fala da trajetória de construção de uma mulher, de relações familiares, amizade, afeto. Ah! JP, meu personagem, toca violino!

AT2: Acha que o espaço para negros na TV está crescendo?
Izak Dahora: Sim, mas vejo que o maior legado que há e pode haver dessa expansão é que atores e atrizes negros não só interpretem papéis que fujam do estereótipo tradicionalmente destinado ao negro, mas que recebam papéis com mais função determinante dentro das tramas, que sejam realmente transformadores das narrativas nas quais estão inseridos, e não apenas personagens à margem, periféricos.

Vejo que, nesse aspecto, o percurso é ainda maior e a transformação a ser dada ainda é incipiente, está sendo pavimentada.


O QUE ELE DIZ


“Ensinar é mesmo um ato de amor”

“Muito intensa e atarefada, especialmente em se tratando de ensino superior, no qual leciono Teatro. Porém, gratificante, apesar da nítida desvalorização e desmonte da arte, da educação e da arte no Brasil atual. Ver os alunos é como se rever em uma ida afetiva ao passado.

São idênticos os anseios, as lutas, a sede de aprender... Então, aí é que constato que ensinar é mesmo um ato de amor, que a gente deve fazer o máximo para que o aluno se viabilize, se construa, aprenda ou seja afetado por algo, por mais simples que possa parecer. E o maravilhoso é que a gente aprende nesse processo também”, diz ao AT2.

Força do Carnaval
“Se tivéssemos – ou pudéssemos ter – a força transformadora do Carnaval todos os dias, o Brasil já teria experimentado uma verdadeira revolução social e política. Joãosinho Trinta falava algo parecido. Amo os livros e sempre desejei escrever os meus. Então, desde quando concebi meu projeto de mestrado, tinha o sonho de um dia torná-lo livro, pois acredito na força da abordagem que fiz do desfile de escola de samba como arte total”, justifica.

Artes que se completam
“Teatro e música se completam na minha vida, não há separação. O violino na minha caminhada é fundamental. É intenso, dramático. Creio que minha escolha por esse instrumento teve algo inconsciente relacionado com minha inclinação para a arte dramática”, ressalta.

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