Ucrânia destaca avanços em plano de paz após diálogo com EUA, mas ajustes ainda são necessários
As conversas sobre o plano dos Estados Unidos para pôr fim ao conflito na Ucrânia, realizadas na Flórida desde domingo, 30, com os ucranianos resultaram em avanços significativos, mas alguns temas requerem ajustes, declarou o negociador de Kiev, Rustem Umerov.
"Durante dois dias muito produtivos nos Estados Unidos, alcançamos avanços significativos, embora alguns pontos ainda necessitem de ajustes adicionais", afirmou no Facebook, acrescentando que havia concordado com a parte americana em manter um contato constante.
Os Estados Unidos apresentaram há dez dias um projeto em 28 pontos, redigido sem os aliados europeus de Kiev e que posteriormente foi emendado após reuniões com europeus e ucranianos em Genebra. Desde então, têm intensificado os contatos diplomáticos para finalizá-lo.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, saiu da reunião de Miami no domingo dizendo que as conversas foram muito produtivas, mas reconheceu que havia muito trabalho a ser feito. Donald Trump, no entanto, mostrou otimismo e estimou que Rússia e Ucrânia desejam pôr fim ao conflito.
A barreira, porém, é o outro lado, já que a Rússia não se mostra muito disposta a aceitar um acordo de paz. O próximo passo após a conversa com os ucranianos é a delegação americana viajar para Moscou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou nesta que o presidente russo, Vladimir Putin, se reunirá com o enviado presidencial dos EUA, Steve Witkoff, na terça-feira, 2.
O papel de Witkoff nos esforços de paz foi alvo de escrutínio na semana passada, após uma reportagem que revelou que ele teria instruído o assessor de assuntos exteriores de Putin sobre como o líder russo deveria apresentar a Trump o plano de paz para a Ucrânia.
Zelenski encontra europeus
Ao mesmo tempo, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, conversou nesta segunda-feira, 1º, com seus pares europeus, liderados pelo francês Emmanuel Macron, para tentar influenciar no plano de Trump.
Zelenski viajou a Paris após as forças russas realizarem em novembro seu maior avanço na frente na Ucrânia em um ano, segundo análise da AFP com base nos dados fornecidos pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW).
O mandatário ucraniano, politicamente enfraquecido por um escândalo de corrupção que envolve seu governo, está sob pressão de Washington para alcançar uma solução para o conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Um plano para pôr fim ao conflito "só pode ser finalizado" com Kiev e os europeus "à mesa", advertiu em coletiva de imprensa o presidente francês, para quem "hoje em dia não há propriamente um plano finalizado".
Sobre uma eventual divisão de territórios, "só o presidente Zelenski pode finalizá-lo" e, sobre os ativos russos congelados, as garantias de segurança à Ucrânia ou sua adesão à União Europeia, é necessária a presença dos europeus, detalhou. "Mas quero elogiar os esforços de paz dos EUA", disse Macron.
O plano inicial dos Estados Unidos previa que as forças ucranianas se retirassem completamente da região oriental de Donetsk, e implicava por parte de Washington um reconhecimento de fato das regiões de Donetsk e Luhansk e da península da Crimeia como russas.
Além disso, este plano, considerado muito favorável a Moscou, exigia que a Ucrânia reduzisse suas forças armadas e incluísse em sua Constituição que não se uniria à Otan.
Os europeus esperam que a administração americana não sacrifique a Ucrânia, considerada uma fortaleza contra as ambições russas na Europa.
Os europeus se oporão a uma "paz imposta" à Ucrânia, assegurou o chanceler alemão, Friedrich Merz, que também conversou remotamente com Zelenski e Macron, assim como seus pares do Reino Unido, Polônia e Itália, e os líderes da UE e da Otan, entre outros.
Macron afirmou que os próximos dias serão marcados por "discussões cruciais" entre autoridades americanas e parceiros ocidentais. O objetivo dessas discussões é esclarecer a participação dos EUA nas garantias de segurança a serem oferecidas à Ucrânia após um possível cessar-fogo ou acordo de paz, disse ele.
*Com informações de agências internacionais.
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