Trump “colocou em risco” agentes secretos dos EUA
Informações estão nos argumentos usados pelo Departamento de Justiça para solicitar varredura na casa do ex-presidente
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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou ontem versão dos argumentos usados por seus promotores para pedir a operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Donald Trump na Flórida, no último dia 8 de agosto.
Eles mostram que a varredura foi motivada pela suspeita de que os documentos que o republicano levou ilegalmente consigo ao deixar a Casa Branca tivessem informações que colocavam em risco agentes secretos dos EUA.
Os argumentos indicam que a investigação movida pelo Departamento de Justiça começou em 9 de fevereiro, por causa de documentos altamente sigilosos que já tinham sido recolhidos da casa do ex-presidente, um misto e mansão e clube batizado de Mar-a-Lago.
Em janeiro, o ex-presidente havia entregado 15 caixas com materiais que, pela lei americana, deveria ter encaminhado à instituição quando deixou a Presidência.
Nessas caixas, dizem os argumentos recém-divulgados, havia 184 documentos classificados, entre eles 25 considerados "ultrassecretos", armazenados inadequadamente, misturados com outros arquivos.
Muitos deles só poderiam ser vistos em instalações governamentais seguras, sob norma chamada de Programa de Acesso Especial, para que nunca corressem o risco de serem vistos por governos estrangeiros, protegendo agentes secretos da Inteligência.
Os argumentos dizem ainda haver "causa provável para acreditar que serão encontradas evidências de obstrução de Justiça", citando pela primeira vez "um número significativo de testemunhas civis" com conhecimento da rotina pós-presidencial de Trump.
De acordo com informações do mandado de busca, que foi divulgado no dia 12, Trump é investigado por possíveis violações de três leis americanas. A primeira é a Lei de Espionagem, que torna ilegal reter sem autorização informação de segurança nacional que poderia prejudicar os EUA ou auxiliar adversários estrangeiros. A segunda é um estatuto associado à remoção ilegal de materiais governamentais. Já a terceira é uma lei federal que torna crime destruir ou esconder um documento para obstruir uma investigação do governo.
Nos EUA, todos os documentos oficiais de um presidente são considerados propriedade pública. Quando o presidente deixa o cargo, esses papéis vão para o Arquivo Nacional e, mais tarde, são encaminhados para a biblioteca presidencial.
A busca na casa de Trump é sem precedentes para um ex-presidente. Ela resultou na apreensão de mais 11 conjuntos com 300 documentos sigilosos.
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