Todos devem sair de Teerã, diz Trump; EUA enviam outro porta-aviões
Fala ocorreu minutos após seu governo anunciar o envio de forças militares para a Oriente Médio
Escute essa reportagem

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse em uma postagem de rede social nesta segunda (16) que "todos devem evacuar Teerã imediatamente". A fala ocorreu minutos após seu governo anunciar o envio de forças militares para a Oriente Médio, inclusive um novo grupo de porta-aviões.
"O IRÃ NÃO PODE TER UMA ARMA NUCLEAR. Eu disse isso várias vezes! Todos devem evacuar Teerã imediatamente", escreveu, com as maiúsculas de praxe, na rede Truth Social.
Ele não sugeriu diretamente que os EUA entrarão na guerra entre Israel, seu aliado, e o Irã, mas a fala mais inflamada sugere que Washington resolveu entrar diretamente no jogo de pressão contra Teerã.
Nesta segunda, Tel Aviv emitiu um alerta de evacuação do bairro em que ficava a sede da TV estatal iraniana, acusada pelos israelenses de ser uma unidade militar disfarçada. Horas depois, o prédio foi atacado, com o telejornal ao vivo sendo interrompido.
Antes, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, havia sido mais brando, dizendo que a ordem foi dada com caráter cautelar. "Proteger as forças dos EUA é nossa pioridade, e esses movimentos visam aumentar nossa postura defensiva na região", afirmou.
Em tempos menos agudos, Washington mantém 30 mil soldados em diversas bases no Oriente Médio. Desde a crise iniciada pelo ataque terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, o contingente foi aumentado várias vezes, flutuando agora em torno de 40 mil.
Além disso, o emprego de um novo grupo de porta-aviões, este liderado pelo USS Nimitz, repete o padrão adotado pelas Forças Armadas dos EUA durante a gestão do antecessor de Trump, Joe Biden.
O democrata enviou mais de uma vez um segundo grupo para acompanhar aquele que usualmente patrulha as turbulentas águas em torno da Península Arábica. Agora é vez de Trump mandar reforço ao trabalho da frota centrada no USS Carl Vinson.
Os porta-aviões de propulsão nuclear americanos, 11 ao todo, são peças únicas na história da projeção militar de poder. Levam quase cem aeronaves e têm, cada um, poder de fogo superior a quase todas as aeronáuticas de seus rivais no Oriente Médio.
Mesmo sem detalhar, o anúncio de Hegseth também deve incluir o deslocamento de aeronaves de reabastecimento aéreo para a Europa, para ficarem de prontidão para apoiar a eventual necessidade de entrar na briga em curso.
Ela começou há 46 anos, com a instalação da República Islâmica em Teerã, mas agudizou-se muito a partir do 7 de Outubro, protagonizado por um dos prepostos regionais dos aiatolás. A fase atual começou com o ataque de Israel ao Irã na sexta (13), algo que nunca havia acontecido nessa escala.
Um dos motivos para que mesmo os dois episódios de troca direta de fogo do ano passado não tenham escalado foi justamente a pressão americana. Desta vez, já sob intensa degradação de suas capacidades pelas bombas de Tel Aviv, Teerã terá de calcular bem os próximos passos.
Trump havia reaberto a negociação por um acordo que fizesse os aiatolás renunciar à bomba atômica em troca de relaxamento de sanções. Mesmo esse movimento foi acompanhado por uma ameaça, com o reforço de caças e bombardeiros na base de Diego Garcia, usada para ataques no Oriente Médio.
Após dois meses de conversas, o impasse se colocou com a recusa iraniana de acabar com seu programa nuclear pacífico, que anda lado a lado com o militar.
Isso, mais a acusação da agência da ONU do setor de que Teerã estava em violação com suas obrigações de inspeções de seu programa, selaram o ataque de Israel. Ele surpreendeu por não envolver forças dos EUA, como sempre era dado como necessário, mas o fôlego do Estado judeu é duvidoso no longo prazo.
Em seu favor, talvez o gás de Teerã acabe antes. De uma forma ou de outra, ao longo da segunda surgiram informações de que os iranianos queriam conversar, desde que Israel tope um cessar-fogo. Parece improvável tal arranjo agora, ainda mais com Trump empregando sua arma favorita, a postagem incendiária.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários