Talibã anuncia anistia geral no Afeganistão
Em um sinal da consolidação do controle do Talibã sobre o Afeganistão, o cofundador e número dois do grupo fundamentalista, o mulá Abdul Ghani Baradar, voltou ao país, na terça-feira (17), após 20 anos de exílio.
Cotado como o próximo presidente afegão, depois que os talibãs retomaram o poder no último domingo, ele chefia o birô político do grupo e fazia parte da equipe de negociação que estava no Qatar.
A volta de Baradar coincidiu com a primeira entrevista coletiva de um porta-voz do grupo em Cabul, na qual o Talibã reforçou sua ofensiva para mostrar moderação aos olhos da comunidade mundial, prometendo “perdoar” as pessoas ligados ao antigo regime pró-Ocidente e respeitar os direitos das mulheres.
Segundo o porta-voz do grupo, Mohamad Naeem, Baradar chegou pelo aeroporto de Kandahar, a segunda maior cidade afegã. Supostamente um dos comandantes de maior confiança do fundador do Talibã, o mulá Mohammad Omar, ele foi capturado em 2010 pelas forças de segurança, no Sul do Paquistão, e libertado em 2018. O mulá Omar morreu em 2013.
O mulá Baradar comandava a equipe de negociação em Doha, onde eram realizadas negociações entre o Talibã e o governo do presidente Ashraf Ghani, que fugiu do país no domingo, quando os talibãs entraram em Cabul.
Ele foi um dos signatários do acordo assinado em 2020 com o governo de Donald Trump e que selou a retirada das forças americanas do Afeganistão.
Depois de conquistar a capital e assumir de fato o comando do país, o Talibã dá os primeiros passos para formar um novo governo. Ontem, em sua primeira entrevista a jornalistas, Zabihullah Mujahid, outro porta-voz do grupo, disse que apenas depois desse passo será decidido quais leis serão adotadas.
Cortejando a comunidade internacional, o porta-voz disse que o Talibã não buscará retaliação contra ex-soldados e membros do antigo governo apoiado pelo Ocidente. As forças dos Estados Unidos e da Otan completarão sua retirada do país até 31 de agosto.
Ele também voltou a afirmar que respeitará os direitos das mulheres, mas ressaltando que isso acontecerá sob os preceitos islâmicos, e que elas continuarão trabalhando normalmente e “serão muito ativas na sociedade”, apesar da descrença de ativistas
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