Suspeito dos 'assassinatos da loja de iogurte' é identificado 34 anos depois
Assassinatos de quatro garotas aconteceram em 1991 e ainda estavam sem solução

Após 34 anos de mistério, a polícia de Austin, no Texas, conseguiu chegar até o suspeito da morte de quatro adolescentes, em um caso que ficou conhecido no país como "assassinatos da loja de iogurte".
O QUE ACONTECEU
As autoridades de Austin revelaram que conseguiram identificar o suspeito a partir de "uma ampla gama de testes de DNA". Métodos modernos de investigação a partir de evidências genéticas possibilitaram que a polícia identificasse Robert Eugene Brashers como o possível responsável pelas mortes —Brashers morreu em 1999. O resultado da investigação foi divulgado pela primeira vez neste fim de semana pelo jornal local The Austin American-Statesman.
Os assassinatos de quatro garotas aconteceram em 1991 e ainda estavam sem solução. Segundo o jornal norte-americano The New York Times, Brashers não era o foco da investigação inicial, e as autoridades à época acreditavam que havia mais de um agressor. A violência do caso assombrou Austin, uma cidade com baixos índices de criminalidade para seu porte.
Desde o ocorrido, a polícia seguiu várias pistas, mas sem conseguir identificar um suspeito. A investigação foi prejudicada pela falta de provas materiais, já que um incêndio tomou conta do local onde as mortes aconteceram. Devido às evidências de estupro, os legistas coletaram uma pequena quantidade de DNA dos corpos das meninas. Usando a tecnologia disponível na época, apenas uma pessoa foi identificada —o namorado de uma das vítimas, que a polícia descartou como envolvido no caso.
Em 1999, quatro homens, adolescentes na época dos crimes, chegaram a ser presos. Os processos, porém, não avançaram por falta de provas. Dois deles chegaram a ser condenados, mas as sentenças foram anuladas em apelação. Em 2007, os promotores tentaram reabrir o caso com novos testes de DNA, mas os resultados não corresponderam a nenhum suspeito.
Com o avanço da tecnologia, a polícia de Austin realizou novas análises de DNA. Os investigadores usaram a genealogia genética para comparar o DNA colhido na cena do crime a um banco de dados. O método consiste em inserir o perfil genético de um suspeito de agressão nesta base de dados online para encontrar correspondências exatas ou parentes próximos.
Na época de sua morte, Brashers não era publicamente identificado como um assassino em série. No entanto, os avanços na genealogia forense mudaram essa perspectiva e, em 2018, investigadores exumaram seus restos mortais e compararam seu DNA com o coletado em vários casos não resolvidos.
Além da correspondência no DNA, as autoridades identificaram outro ponto que conecta Brashers às mortes. Uma cápsula de bala encontrada na cena do crime correspondia à arma que, segundo a polícia, foi utilizada pelo suspeito no momento em que ele cometeu suicídio, em 1999, durante um confronto com a polícia. Brashers morreu seis dias depois, devido aos ferimentos causados pelo tiro.
A polícia local mobilizou diversos times ao longo das últimas décadas para estudar o episódio. "Nossa equipe nunca desistiu de trabalhar neste caso", diz o comunicado oficial, publicado no site da Austin Police na última sexta-feira. Após a identificação de Brashers, a investigação permanece aberta e em andamento.
CRIME CHOCOU OS EUA
Quatro garotas foram encontradas mortas em uma loja de Austin. Jennifer Harbison, Sarah Harbison, Eliza Thomas e Amy Ayers foram amarradas, amordaçadas e incendiadas dentro da "I Can't Believe It's Yogurt!". As mortes ficaram conhecidas como "os assassinatos da loja de iogurte".
Eliza e Jennifer, ambas de 17 anos, estavam trabalhando na loja naquela noite de dezembro de 1991. Amy, então com 13 anos, e a irmã de Jennifer, Sarah, de 15, foram encontrá-las no local, onde todas foram mortas.
As meninas foram despidas, amarradas com suas próprias roupas e baleadas na cabeça, segundo o NYT. Pelo menos duas delas foram abusadas sexualmente. Os corpos de três das garotas foram empilhados em uma sala dos fundos. O agressor usou fluido de isqueiro para incendiar a cena do crime.
Os corpos foram descobertos na manhã seguinte. As garotas foram encontradas pelos bombeiros, que haviam sido chamados ao local para apagar um incêndio no estabelecimento.
Após o crime, os pais de Jennifer e Sarah tornaram-se figuras públicas, segundo o NYT. As quatro garotas foram homenageadas em escolas públicas e com a criação de um fundo de bolsas de estudo, além de terem recebido tributos em diferentes ocasiões, como rodeios e em carros alegóricos.
SUSPEITO TEM RELAÇÃO COM OUTROS CRIMES
Segundo o The Austin American-Statesman, Brashers "deixou para trás um rastro violento". O histórico de violência do suspeito começou em 1985, no estado da Flórida, onde ele atraiu Michelle Wilkerson para seu carro. Quando ela tentou ir embora, Brashers atirou em sua cabeça e pescoço. Michelle sobreviveu ao ataque e o identificou como o agressor.
Na ocasião, Brashers foi condenado por tentativa de homicídio em primeiro grau, lesão corporal qualificada e porte ilegal de arma de fogo. Ele foi sentenciado a 12 anos de prisão e recebeu liberdade condicional em 1989, após cumprir apenas três anos da pena.
Além dos "assassinatos da loja de iogurte", testes de DNA ligaram Brashers a uma série de outros crimes. Conforme o The Austin American-Statesman, o suspeito também é responsável pelo estupro e assassinato de Genevieve Zitricki em 1990, na Carolina do Sul; pelo estupro de uma menina de 14 anos em 1997, no Tennessee; e pelo estupro e assassinato de Sherri Scherer, 38, e sua filha Megan, 12, no Missouri.
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