Onda de violência na Suécia choca país e governo promete "guerra às gangues"
Tiroteios e explosões causados confronto de gangues matou 11 pessoas em setembro, o mês com mais vítimas em quatro anos no país
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O aumento da violência de gangues na Suécia fez com que o governo do país nórdico prometa uma retórica linha dura para acabar com o crime organizado.
"A Suécia nunca viu nada assim antes", afirmou o primeiro-ministro do país, Ulf Kristersson em um discurso transmitido pela televisão sueca. "Nenhum outro país da Europa está passando por isso nesta magnitude. Nós vamos caçar as gangues e vamos derrotá-las", apontou o mandatário sueco.
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O discurso mais duro ocorre em meio a tentativa do país nórdico de acabar com as disputas entre gangues, que já era um problema para a Suécia, mas se tornou mais urgente com o aumento de tiroteios e ataques com bombas no mês de setembro. De acordo com o canal de televisão pública sueco SVT, 11 pessoas morreram em tiroteios e explosões em setembro, o mês com mais vítimas em quatro anos.
Na noite de quarta-feira (27), três pessoas foram mortas em ataques separados com suspeitas de ligações com disputas de gangues criminosas, que muitas vezes recrutam adolescentes em bairros de imigrantes socialmente desfavorecidos para realizar ataques.
Uma das vitimas era uma mulher de 25 anos que foi morta em uma explosão de uma casa perto de Uppsala, ao norte da capital sueca, Estocolmo. A mídia sueca disse que ela provavelmente não era o alvo pretendido do ataque. O jornal sueco Dagens Nyheter apontou que um rapper de 18 anos foi morto na noite de quarta-feira (27), em um tiroteio fora de um complexo esportivo nos arredores de Estocolmo.
Foxtrot
Mais de 60 pessoas morreram em tiroteios no ano passado na Suécia, o número mais elevado já registrado. A mídia sueca relacionou o último aumento de violência a uma rivalidade entre facções rivais de uma gangue criminosa conhecida como rede Foxtrot.
A Foxtrot é conhecida por cooptar menores de idade e tem uma ligação forte com diversas comunidades de imigrantes que vivem na Suécia. O líder da organização é Rawa Majid, conhecido como raposa curda. Majid vive na Turquia e é procurado pelas autoridades suecas e acusado de trafico de drogas e assassinato. Contudo, as autoridades turcas se recusam a extraditar Majid.
Diversos incidentes envolvendo gangues ocorreram em bairros de imigrantes no país nórdico, aumentando a xenofobia na Suécia. O partido de extrema direita Democratas Suecos ganhou mais protagonismo explorando esta retórica e conquistou 20% dos votos nas eleições do ano passado. O partido não faz parte da coalizão do atual primeiro-ministro, de centro direita, mas apoia o governo no Parlamento.
A Suécia destacou-se durante muito tempo na Europa, juntamente com a Alemanha, por ter políticas de imigração liberais e por acolher centenas de milhares de requerentes de asilo do Oriente Médio e da África.
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Queima do alcorão
O número de profanações do Alcorão, o livro sagrado do islã, tem aumentado na Suécia. Em janeiro, um extremista sueco-dinamarquês despertou a fúria do mundo árabe depois de colocar fogo em uma cópia do Alcorão em público. O episódio aconteceu na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, em frente a embaixada da Turquia no país.
O livro foi queimado pelo político Rasmus Paludan, de 41 anos. Ele é líder do partido de extrema direita "Stram Kurs" ("Linha Dura", na tradução em português). Paludan, que já havia se envolvido com polêmicas envolvendo o islamismo outras vezes, alegou se tratar de uma manifestação pautada na liberdade de expressão.
Em julho, diversas profanações do Alcorão foram vistas na Suécia, levando a um estresse diplomático entre nações do mundo árabe e o país nórdico, além de protestos.
No entanto, para os muçulmanos, a queima do Alcorão representa uma profanação blasfema do texto sagrado de sua religião. Durante as manifestações, a embaixada da Suécia em Bagdá foi invadida e o corpo diplomático sueco teve que ser temporariamente deslocado para Estocolmo.
O direito de realizar manifestações deste tipo é protegido pela Constituição. A polícia geralmente dá permissão com base na crença de que uma manifestação pública pode ser realizada sem grandes interrupções ou riscos à segurança pública.
Militares
O primeiro-ministro sueco afirmou na quinta-feira (29), que convocou o chefe das forças armadas para discutir como os militares da Suécia podem ajudar a polícia a lidar com uma onda de crimes sem precedentes. Envolver os militares no combate ao crime seria uma medida nova para o governo sueco, sublinhando a gravidade do problema.
Kristersson também apontou que se reuniria com representantes das forças armadas e da polícia sueca nesta sexta-feira, 29, para explorar "como as forças armadas podem ajudar a polícia no seu trabalho contra as gangues criminosas".
Não ficou claro como os militares iriam se envolver, mas o governo deve propor que o exército assumisse funções da polícia
Política
O governo de centro direita de Kristersson, que é do Partido Moderado, assumiu o poder no ano passado com a promessa de reduzir a criminalidade e dificultar a imigração, mas até agora não foi capaz de conter a violência. Kristersson possuí uma coalizão com o Partido Liberal e os Democratas Cristãos. Os Democratas Suecos, de extrema direita, votam com o governo no Parlamento mas não estão na coalizão.
O governo e a oposição de esquerda, que governou o país por oito anos, trocaram acusações sobre quem é o culpado pela situação.
A oposição diz que o governo tornou o país menos seguro, enquanto Kristersson atribuiu a culpa às "políticas de migração irresponsáveis e ao fracasso na integração" do governo anterior.
O primeiro-ministro afirmou que o governo quer rever o código penal da Suécia para dar mais poderes à polícia, penas mais longas aos criminosos e melhor proteção às testemunhas." As leis suecas não foram concebidas para guerras de gangues", disse Kristersson. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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