O que se sabe da guerra na Ucrânia e a invasão russa
Chanceler russo Lavrov muda o tom, reconhece Zelensky presidente da Ucrânia e afirma que o encontro é um passo positivo para os países
Em mudança de tom da liderança russa, o chanceler do país, Sergei Lavrov, disse que reconhece Volodymyr Zelensky como presidente da Ucrânia, e que o fato de ele querer obter "garantias de segurança" nas negociações com a Rússia é um “passo positivo”. A declaração foi dada na quarta-feira, 2.
Até agora, o Kremlin vinha pedindo o que chama de “desnazificação” do governo ucraniano e, na semana passada, o presidente Vladimir Putin chegou a instar os militares ucranianos a derrubarem o governo de Zelensky porque, segundo ele, isso tornaria mais fáceis as negociações entre os dois lados.
“Nossos negociadores estão prontos para a segunda rodada de discussões dessas garantias com representantes ucranianos”, afirmou Lavrov à emissora Al Jazeera, no mesmo dia em que foi anunciado que a nova reunião acontecerá nesta quinta-feira, 3, e não na quarta-feira, 2, como era prevista. De acordo com as fontes militares, ao que tudo indica, o adiamento foi por questões logísticas.
Lavrov reforçou que “se uma terceira guerra mundial ocorresse, envolveria armas nucleares e seria destrutiva” e afirmou que a Rússia enfrentaria um "perigo real" se Kiev adquirisse armas nucleares.
O principal negociador russo, Vladimir Medinsky, disse que, na reunião desta quinta, 3, seu país discutirá um cessar-fogo com a Ucrânia. Segundo a agência de notícias russa Tass, o Exército está fornecendo um corredor de segurança para a delegação ucraniana. O ponto de encontro fica perto da fronteira entre a Bielorrússia e a Polônia.
Na mesma entrevista à Al Jazeera, Lavrov afirmou que Moscou “continua comprometida com a desmilitarização da Ucrânia” e que deveria haver uma lista de armas específicas que nunca poderiam ser instaladas em território ucraniano. Desde o início da crise, a Rússia exige que Kiev adote um status neutro e abra mão de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar liderada pelos EUA .
Nunca ficou claro se a exigência de desmilitarização significa que a Ucrânia não poderia ter Forças Armadas ou se poderia manter forças defensivas. Do lado ucraniano, o governo também confirmou que uma delegação do país está indo para a Bielorrússia para a segunda rodada de negociações. A primeira, na segunda-feira, 28, não teve resultados concretos.
Perguntas e respostas sobre o conflito
1 - O que quer Putin com a invasão da Ucrânia?
A prioridade do presidente russo é evitar que a Ucrânia, ou qualquer outro país ex-soviético, entre na Otan e, de forma secundária, na União Europeia.
2 - O que a Otan tem a ver com o conflito?
Em 2008, a aliança militar ocidental prometeu incorporar a Ucrânia e a Geórgia. Isso levou a Rússia a invadir a Geórgia meses depois e bloquear a adesão do país ao grupo.
3 - Como o Ocidente reagiu à invasão?
Governos da Europa e dos EUA endureceram sanções contra a Rússia, enviaram armas ao Exército ucraniano e excluíram bancos russos da plataforma financeira global Swift.
4 - Como as sanções afetaram a economia da Rússia?
O rublo caiu a mínimas históricas desde a invasão. Para conter a desvalorização da moeda, o Kremlin proibiu residente da Rússia de transferir dinheiro para o exterior.
5 - O que os russos pensam da guerra?
Embora Putin mantenha apoio popular relevante, diversos ativistas, celebridade e até oligarcas ligados ao Kremlin criticaram a guerra, e milhares de manifestantes foram presos.
6 - Quem é Zelenski, presidente da Ucrânia alvo de Putin?
O ator e comediante, de 44 anos, foi eleito líder do país após ficar famoso interpretando um presidente ucraniano em uma série de TV. Agora, lidera a resistência à invasão russa.
7 - A Ucrânia já não estava em guerra civil antes da invasão?
Sim. Em 2014, após a queda do governo aliado do Kremlin em Kiev, Putin anexou a Crimeia e insuflou uma guerra civil no leste ucraniano que estava congelada nos últimos anos.
8 - Qual a posição do Brasil sobre o conflito?
O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a neutralidade sobre a crise na Ucrânia. Já a diplomacia do Brasil tem se manifestado na ONU contra a invasão pela Rússia.
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