Nos EUA, Netanyahu defende conduta de Israel em Gaza e agradece aliança
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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, defendeu a sua conduta na guerra da Faixa de Gaza no seu discurso no Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 24. Durante cerca de 40 minutos, o premiê construiu uma retórica da guerra como "civilização e barbárie", disse que as ações de Israel foram de autodefesa e agradeceu os políticos americanos pelo apoio na guerra. Ele foi ovacionado durante grande parte do tempo.
O discurso é realizado durante uma visita de Netanyahu nos EUA, em sua primeira viagem ao exterior desde o início da atual guerra na Faixa de Gaza, em 6 de outubro do ano passado. Em nove meses de conflito, dezenas de pessoas seguem reféns do Hamas e quase 40 mil palestinos morreram por ataques israelenses, a maioria crianças e mulheres.
O premiê focou em elogiar a liderança entre Israel e os EUA e evitou tocar na política interna americana, elogiando tanto Joe Biden como Donald Trump e deixando as diferenças com estes de lado. Ele não citou a vice-presidente Kamala Harris, com quem irá se encontrar nesta quinta, 25, para debater o futuro do conflito e que agora disputa as eleições presidenciais.
Em grande parte do discurso, Netanyahu se dedicou a argumentar que os EUA e Israel tinham uma causa em comum no Oriente Médio, que tem o Irã como o maior inimigo e a democracia como defesa. "Nossos inimigos são seus inimigos", disse. "Nossa vitória será a sua vitória".
O premiê também apelou para mais ajuda militar americana para Israel, destacando o papel que o país teve aos EUA em outros momentos no fornecimento de armamentos avançados, utilizados "para proteger soldados americanos", e nas informações de inteligência sobre o Oriente Médio. "Ajudamos a manter as botas dos soldados dos EUA no chão (do Oriente Médio), ao mesmo tempo que protegemos nossos interesses comuns", declarou.
Em seguida, disse enfaticamente para pressionar o envio das armas: "Dê para nós as ferramentas mais rapidamente e terminaremos o trabalho mais rapidamente". O plano de cessar-fogo e o acordo para libertação de reféns não foram citados diretamente durante o discurso.
Apesar de estranhamentos com o governo Biden durante a guerra em Gaza, Netanyahu não fez críticas ao presidente. Ao contrário, o elogiou por uma resposta rápida de apoio a Israel após ataque do Hamas. Os elogios foram repetidos para Donald Trump, que durante o governo reconheceu Jerusalém como capital de Israel e mudou a embaixada dos EUA de Tel-Aviv para Jerusalém, algo nunca reconhecido pela comunidade internacional, incluindo a ONU.
O premiê israelense se referiu primeiro a Biden no início do seu discurso, agradecendo-o por ter trabalhado junto de Israel tanto na libertação de reféns quanto no apoio militar, com o envio de dois porta-aviões. "Ele veio a Israel para estar conosco na hora mais obscura", declarou. Depois, ele agradeceu o presidente por ser um "Irlandês-americano zionista orgulhoso".
Bibi também dedicou um trecho do seu discurso para criticar o Tribunal Penal Internacional, que emitiu uma ordem de prisão contra ele em maio por crimes de guerra em Gaza, como ataques a civis e a comboios humanitários. "Eles estão tentando algemar as mãos de Israel", declarou, afirmando em seguida que os próximos alvos poderiam ser os Estados Unidos. As críticas também foram direcionadas as acusações de genocídio.
No fim, o premiê também falou sobre os planos israelenses para o pós-Guerra. Ele voltou a repetir que não possui planos de ocupar a Faixa de Gaza e que "uma nova Gaza pode surgir", mas não deu mais detalhes.
Citações a reféns e soldados
Netanyahu apareceu para o discurso utilizando um broche com um laço amarelo na lapela, símbolo do movimento de libertação dos reféns que estão na Faixa de Gaza, acompanhado de reféns libertados e soldados israelenses. No início do discurso, apresentou os israelenses que o acompanharam, incluindo soldados de origem etíope e outro da comunidade beduína, e classificou-os como heróis. "Estes são os soldados de Israel, inflexíveis e destemidos", disse.
Ao citar os reféns, referiu-se a Noa Argamani, libertada recentemente e que o acompanha nos EUA, e americanos que seguem capturados pelo Hamas. As famílias destes estiveram presentes no Congresso.
O discurso foi acompanhado de palmas efusivas dos políticos presentes durante todo o tempo. Apesar das palmas, o apoio não foi incondicional. Em um dos trechos do discurso, a deputada democrata Rashida Tlaib, filha de imigrantes palestinos, ergueu uma placa com frases "Criminoso de guerra" e "Culpado de genocídio" para protestar contra Netanyahu. O ato foi seguido de vaia dos apoiadores de Netanyahu, que não fez referência à placa.
Protestos
Do lado de fora, os manifestantes fizeram uma série de protestos a um quarteirão do Capitólio, que se estenderam por quatro quarteirões dos arredores, de acordo com o jornal The New York Times. Policiais com equipamentos de choque acompanharam os manifestantes de perto por toda a extensão. Os manifestantes caminharam pelas ruas do Capitólio cantando "Palestina livre do rio ao mar".
Durante críticas feitas aos protestos pró-Palestina, Netanyahu deslegitimou os manifestantes sem provas, chamando-os de financiados por Teerã e de "idiotas úteis", momento em que recebeu uma das saudações mais demoradas. Não há nenhuma prova que os protestos tenham sido financiados pelo governo iraniano.
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