No G20, Blinken promete acelerar ampliação do Conselho de Segurança
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O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, prometeu nesta quinta-feira, 22, na reunião de chanceleres do G20 que a Casa Branca vai acelerar a reforma do Conselho de Segurança da ONU. Ao encerrar a cúpula, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, disse que o Brasil pretende "impulsionar" a ampliação do órgão durante a presidência do G20.
No encerramento do encontro, Blinken reiterou a promessa feita pelo presidente dos EUA, Joe Biden, nas últimas duas edições da Assembleia-Geral da ONU. Desta vez, porém, o chefe da diplomacia americana falou em "acelerar" o processo e pressionar politicamente para que ele seja destravado, usando a expressão "nos meses que nos restam" - uma provável referência ao fim do primeiro mandato de Biden, no início de 2025.
A iniciativa foi elogiada pelo Brasil. "Todos mencionaram a necessidade de se conferir impulso às discussões sobre reforma da organização, em especial do Conselho de Segurança", disse o chanceler brasileiro.
A expansão do órgão é uma reivindicação histórica do Itamaraty, que almeja um assento permanente. O Brasil argumenta que é preciso atualizar a representação, sobretudo do Sul Global, e dar mais equilíbrio ao Conselho de Segurança. A discussão, porém, está travada há décadas. A composição atual do órgão é de 15 membros, sendo 10 países eleitos para mandatos de dois anos e 5 membros permanentes com poder de veto - EUA, Rússia, China, França e Reino Unido.
Prioridade
A última sessão plenária do G20 foi dedicada ontem à reforma das instituições de governança global, prioridade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Todos concordaram quanto ao fato de que as principais instituições multilaterais - ONU, Organização Mundial do Comércio e FMI, entre outras - precisam de reforma para se adaptarem aos desafios do mundo atual", disse Vieira.
O alto representante da União Europeia, Joseph Borrell, também defendeu mudanças no sistema multilateral. Ele disse que é preciso ampliar instituições como Conselho de Segurança, que atualmente funciona mais por vetos do que por consensos. No entanto, ele deu um tom mais pessimista sobre as reformas.
"É irrealista acreditar que quem tem o direito a veto desde 1949 vai renunciar a ele", afirmou Borrell. Segundo ele, o primeiro passo é conseguir a inclusão de mais membros, para depois da ampliação discutir como mudar as regras de funcionamento do órgão.
Gaza
Em entrevista coletiva após as reuniões de ontem, Blinken pediu ajuda do Brasil para pôr fim à guerra em Gaza. Ele disse que, apesar das discordâncias com Lula, os EUA contam com o apoio brasileiro para tentar encerrar o conflito.
Para Blinken, o G20 serviu para discutir uma paz duradoura no Oriente Médio e citou a necessidade de libertação dos reféns e de um cessar-fogo. Questionado se Israel, um aliado histórico, fazia todo o possível para que o conflito termine, o americano respondeu que o esforço do governo israelense tem sido "insuficiente".
Rússia
Um dia após receber Blinken em Brasília, Lula se reuniu ontem com o chanceler russo, Serguei Lavrov. Eles discutiram a guerra na Ucrânia e confirmaram a ida do presidente brasileiro a Moscou. "Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito na Ucrânia. E o presidente Lula reiterou que o Brasil continua disposto a colaborar com os esforços em favor da paz", afirmou o Itamaraty, em nota.
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