Nicarágua prende mais um bispo católico, diz mídia local
Igreja Católica da Nicarágua está na mira de uma campanha de cinco anos do regime para promover a prisão ou a expulsão de padres e freiras
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A polícia da Nicarágua prendeu o bispo Isidro Mora, da diocese de Siuna, informaram veículos locais de comunicação nesta quarta-feira (20). Trata-se do mais recente caso de perseguição do regime do ditador Daniel Ortega contra figuras ligadas à Igreja Católica no país centro-americano.
Autoridades eclesiásticas relataram que Mora foi detido por policiais na região costeira ao norte do país após anunciar orações pelo bispo Rolando Álvarez, preso desde agosto de 2022 e condenado a 26 anos de prisão sob acusações de traição.
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O regime da Nicarágua ainda não havia se pronunciado sobre a detenção de Mora até a publicação deste texto.
A Igreja Católica da Nicarágua está na mira de uma campanha de cinco anos do regime para promover a prisão ou a expulsão de padres e freiras, bem como uma investigação abrangente de lavagem de dinheiro, anunciada por autoridades no final de maio, que congelou todas as contas bancárias da igreja.
Além da detenção dos bispos Álvarez e Mora, ao menos cinco padres foram presos na Nicarágua recentemente. Só neste ano, ao menos sete sacerdotes foram expulsos do país, e três, impedidos de reingressar. Outros seis religiosos fugiram.
Ademais, o regime Ortega dissolveu a ordem dos Frades Menores Franciscanos e outras 16 organizações não governamentais ligadas à Igreja Católica e denominações evangélicas.
A ofensiva do regime sandinista contra a Igreja Católica na Nicarágua azedou a relação de Ortega com o presidente Lula (PT).
O PT é aliado histórico de Ortega, líder da revolução sandinista na Nicarágua e no poder de forma ininterrupta desde 2007. Mas a proximidade com um governante que promove uma guinada autoritária e perseguição contra entidades católicas virou foco de desgaste para Lula.
Em junho, durante visita ao Vaticano, o papa Francisco havia pedido a Lula que intercedesse junto a Ortega pela soltura de Álvarez. O presidente não falou diretamente com Ortega, mas acionou o Itamaraty.
Treze dias depois, o governo nicaraguense anunciou a libertação de Álvarez. Mas o bispo não aceitou a condição imposta por Ortega, de que ele deixasse a Nicarágua. Dois dias depois, o regime voltou a prender Álvarez.
A postura mais crítica do governo Lula também ocorre em fóruns multilaterais. Em junho, o Brasil subscreveu uma resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) que pedia democracia na Nicarágua.
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