Mãe de Alexei Navalni abre processo judicial para liberação de corpo do filho
Audiência do caso deve acontecer só no dia 4 de março, a portas fechadas
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A mãe do opositor russo Alexei Navalni, morto em condições nebulosas na semana passada, entrou com um processo judicial na cidade Salekhard contra o que chamou de inação do comitê de investigação para liberar o corpo de seu filho. Cinco dias após a morte do ativista em uma prisão no Ártico, a família ainda não teve acesso aos restos mortais e acusa autoridades de retê-los para impedir o trabalho da perícia.
Ludmila Navalnaia, 69, viajou à remota colônia penal IK-3, onde Alexei morreu na última sexta (17), mas desde sábado, quando chegou ao local, não conseguiu ver o corpo do ativista, segundo o jornal The Moscow Times. Sem qualquer resposta das autoridades, ela entrou com a ação para denunciar supostos "atos ilegais" no processo. A audiência do caso deve acontecer só no dia 4 de março, a portas fechadas.
Navalnaia já havia gravado um vídeo pedindo ao presidente Vladimir Putin que liberasse o corpo do ativista, o mais conhecido opositor do governo. "Deixe-me enfim ver meu filho. Eu exijo que o corpo de Alexei seja entregue imediatamente, para que eu possa enterrá-lo de forma humanitária", diz ela na gravação.
O apelo ecoou pedidos semelhantes feitos por aliados e advogados do ativista. Mas investigadores do caso teriam dito que a liberação ainda vai demorar cerca de duas semanas, para fins de exames químicos.
A demora vem levantando mais suspeitas sobre as causas da morte. A viúva do líder opositor, Iulia, sugeriu que o governo russo envenenou Alexei como o agente neurotóxico Novitchok (novato, em russo). Por isso, disse, estariam escondendo o corpo até que os traços do veneno desaparecessem.
Alexei estava preso desde 2021, quando voltou da Alemanha após tratar os efeitos de um envenenamento sofrido na Sibéria no ano anterior, quando participava de uma campanha eleitoral local. Ele acusou Putin diretamente pela ação e consolidou sua posição como mais conhecido opositor do líder russo.
Aliados do ativista consideram também que a morte passa pelas condições de seu encarceramento. Na antevéspera do fato, ele havia ganho 15 dias a mais de confinamento solitário por se desentender com um guarda.
Em resposta à pouca transparência do caso, o Reino Unido anunciou nesta quarta sanções a seis pessoas que trabalhavam na prisão em que o ativista era mantido. Os sancionados incluem o chefe e cinco vice-chefes da colônia penal, que serão proibidos de entrarem no Reino Unido e terão parte dos bens congelados, segundo o chefe da diplomacia britânica, David Cameron.
"É claro que as autoridades russas viam Navalny como uma ameaça e tentaram repetidamente silenciá-lo", disse Cameron. "Os responsáveis pelo tratamento brutal de Navalny não devem ter ilusões –nós os responsabilizaremos."
Por ora, ainda ninguém sabe exatamente onde está o corpo de Alexei ou quem está fazendo a necropsia. Para Iulia, a falta de informações é prova da manipulação do Kremlin. O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, disse na terça que as acusações contra o governo russo são "infundadas e vulgares".
Segundo o Serviço Federal Prisional russo, Navalni morreu após desmaiar durante uma caminhada. Ele cumpria uma pena de 30 anos e meio de cadeia, acusado de corrupção, desrespeito à corte e extremismo
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