Lembranças e histórias de uma guerra mundial
Ex-combatentes capixabas lembram dos momentos vividos 77 anos atrás, na Batalha de Monte Castello, na Itália, na 2ª Guerra

Além de deixar milhões de pessoas preocupadas, o atual cenário de guerra na Europa, provocado pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia, serviu para resgatar memórias de quem presenciou e viveu situações parecidas, na Segunda Guerra Mundial.
Aos 100 e 101 anos, capixabas ex-combatentes do Exército conseguem se lembrar dos momentos vividos 77 anos atrás, na Batalha de Monte Castello, na Itália, no final da 2ª Guerra, em 1945.
Entre as lembranças dos veteranos, que receberam uma homenagem na manhã de ontem, no 38º Batalhão de Infantaria, na Prainha, em Vila Velha, estão os apuros no meio do Oceano Atlântico durante a viagem para a Itália.
“Meu pai estava no porão do navio quando um submarino alemão se aproximou. A equipe estava saindo do Oceano Atlântico. Emitiram os sinais de alerta e o grupo acabou salvo pelos americanos”, contou o médico Wilson Ayub, que representou o pai, Wilson Lopes, de 100 anos, que devido a condições de saúde não pôde comparecer ao evento.
Outro veterano que participou da tomada de Monte Castello, na Itália, foi Estevão Covre que, no alto de seus 100 anos, falou sobre o cenário que presenciou.
“Eu vi a Itália toda destruída, cenas muito fortes que até hoje não saem da cabeça. Entrei para o Exército como voluntário, aos 19 anos. Lá, eu aprendi muito, estudei… aprendi outro idioma. Tive oportunidade de defender a pátria na 2ª Guerra Mundial”, disse.
Com 101 anos, Ambrósio Falchetto também se lembra dos dias que viveu durante o embate entre Brasil, Itália e Japão. Diferente de Wilson e Estevão, ele não chegou a embarcar para fora do País. Sua função foi defender o País no litoral.
“Quando começou a 2ª Guerra Mundial, nós ficamos no Estado para defender o litoral capixaba. Nessa época, eu aprendi muita coisa. Dormíamos no chão, não tinha nem colchão para dormir.”
Outro ex-combatente que ficou no Estado disponível para a guerra foi Domingos Bertolini, hoje com 99 anos. “Ficava vigiando a costa. Fiquei acampado no Morro do Moreno, vigiando uma possível invasão”, contou o ex-soldado.
Comandante do no 38º BI, tenente-coronel Rodrigo Penalva falou da importância dos pracinhas. “São 77 anos da conquista de Monte Castelo. Esses militares que, na época, cruzaram o Atlântico, são um orgulho muito grande”, disse.
Estado enviou 345 soldados para combater na Itália
Considerado o maior conflito da história da humanidade, a Segunda Guerra Mundial contou com a participação brasileira a partir de 1944, com o envio de aproximadamente 25 mil soldados, que lutaram no fronte de batalha do norte da Itália. No Estado, pelo menos 345 soldados foram enviados.
“Desses, dez foram mortos. Eram soldados de infantaria, enfermagem e assistência à saúde. A maior parte deles eram fuzileiros, responsáveis pelos ataques e pela conquista do Monte Castelo”, explicou o comandante do 38º Batalhão de Infantaria coronel Tibúrcio, Rodrigo Penalva.
Ex-combatentes capixabas

Amizade
Pedro Coelho Neto, 98 anos, foi escalado com Domingos Bertolini, 99, para proteger o litoral do Estado. “Vigiava navios que chegavam. Conhecia Domingos e somos amigos até hoje”.
Para Domingos, servir ao Exército foi uma honra. “Sempre fico emocionado quando lembro do que eu vivi”, disse Bertolini.

Sonho
O soldado Estevão Covre, 100 anos, foi um dos 345 praças que foi encaminhado à Itália, entre 1944 e 1945. Ele era voluntário e tinha o sonho de participar da ação. “Tive a oportunidade de defender a pátria e posso falar que vi a Itália devastada ”, contou.
Estevão é hoje um dos ex-combatentes mais antigos que serviu ao 3° Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro no Espírito Santo.

Proteção
Ex-soldado de guerra, Ambrósio Falchetto, de 101 anos, lembra com carinho da época que foi designado a proteger o litoral capixaba. “Fiquei dois anos vigiando o litoral capixaba e um ano vigiando o litoral carioca. Claro que não foi fácil, mas me lembro com carinho desses tempos que ficaram na memória”.
SAIBA MAIS
A tomada de Monte Castelo e a Força Expedicionária
Militares
No dia 21 de fevereiro de 1945, os pracinhas do Exército Brasileiro lutaram e venceram os adversários alemães, que estavam dominando o Monte Castello.
Em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra ao eixo (Alemanha, Itália e Japão), depois de ter navios afundados em seu próprio mar territorial.
Nessa época, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi preparada e enviada para combate.
O 1º escalão da FEB desembarcou em 16 de julho de 1944, em Nápoles. Desta fase, sobressaem a ocupação de Camaiore, Monte Prano, Fornaci.
Capixabas
Dos 25.334 homens enviados para as Operações da Itália, 345 soldados que serviam o 3° Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro no Espírito Santo, seguiram para a Itália entre 1944 e 1945. Desses, dez tombaram em solo europeu. O Estado conta com seis veteranos que combateram em solo italiano e 14 ex-combatentes que se mantiveram em defesa do litoral brasileiro ou aguardando embarque para o front durante o período da II Guerra Mundial.
Estevão Covre tem 100 anos e atuou diretamente na Itália.
Wilson Lopes tem 100 anos. Era enfermeiro.
Adalberto da Silva Guimarães tem 98 anos e atuou no litoral.
Abraão Pereira Rangel tem 100 anos e também atuou protegendo o litoral do País.
Jorge Severo Simmer tem 99 anos e atuou no litoral capixaba.
Pedro Coelho Neto tem 98 anos e atuou no litoral.
Domingos Bertolini tem 98 anos e também fez a proteção contra invasões no litoral capixaba.
Manoel Zanetti tem 98 anos e trabalhou no monitoramento do litoral.
Fonte: Exército Brasileiro
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