Israel bombardeia QG do Hezbollah em Beirute e promete retaliar ataque do Irã
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Israel destruiu nesta sexta-feira, 27, vários prédios residenciais ao sul de Beirute, no Líbano, afirmando que objetivo era atacar o quartel-general do Hezbollah e matar o líder da milícia xiita, Hassam Nasrallah. Segundo os israelenses, o QG do grupo ficaria embaixo dos edifícios.
O ataque de ontem foi conduzido logo após o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, ameaçar o Irã em discurso na ONU. Hoje de manhã (no horário local e ontem à noite em Brasília), a região foi atingida por um novo bombardeio.
O alvo dos primeiros ataques era Nasrallah, segundo oficiais de Israel, que falaram sob condição de anonimato. Não estava claro ontem se ele estava nos prédios atingidos.
Na ONU, Netanyahu defendeu a conduta de seu governo na guerra na Faixa de Gaza e no conflito com o Hezbollah no Líbano, prometendo continuar lutando, apesar dos apelos internacionais por cessar-fogo.
Para uma assembleia esvaziada, após várias delegações se retirarem em protesto, Netanyahu fez ameaças ao Irã, patrocinador do Hamas, que controla Gaza, e do Hezbollah, dizendo mais de uma vez que Teerã é responsável pela crise no Oriente Médio.
"Por muito tempo, o mundo apaziguou o Irã. Esse apaziguamento deve acabar", disse, referindo-se à tentativa do Ocidente de fazer concessões aos iranianos para evitar uma guerra. "Se vocês (iranianos) nos atacarem, nós os atacaremos."
Segundo o New York Times, evidências visuais mostram que pelo menos quatro prédios foram destruídos pelos ataques aéreos israelenses conduzidos ontem de manhã. Três deles foram destruídos, enquanto outro desabou, com os andares superiores parcialmente intactos. Todos eram edifícios residenciais.
Resgate
Pelo menos 6 pessoas morreram e mais de 90 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde do Líbano. Esse número provavelmente aumentaria, porque muita gente ainda estava presa sob os escombros.
Reduto do Hezbollah, a região de Dahiya é formada por um grupo de bairros lotados ao sul de Beirute, também repleta de lojas, empresas e prédios residenciais.
Em um comunicado, o Exército de Israel afirmou que voltou a conduzir ataques à região. O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, havia alertado que as forças israelenses bombardeariam as "capacidades estratégicas" do Hezbollah sob três complexos de edifícios em Dahiya, onde supostamente haveria um depósito de armas. O Exército pediu aos seus moradores desses edifícios que deixassem local. Os militares também anunciaram que mataram "vários comandantes" do Hezbollah no sul do Líbano.
Hagari afirmou que Israel impediria qualquer tentativa de envio de armas para o Hezbollah. Aviões de guerra israelenses estavam patrulhando o aeroporto internacional de Beirute. "Estamos anunciando com antecedência: não permitiremos que voos inimigos transportando armas aterrissem."
Resposta
Segundo o porta-voz, os ataques ao que ele chamou de "epicentro" do Hezbollah acontecem após um ano de disparos feito pelo grupo contra seu país. "Israel está fazendo o que qualquer Estado soberano no mundo faria", disse, acrescentando que o Hezbollah havia se posicionado deliberadamente no coração desses bairros residenciais, usando civis como escudos humanos.
É sabido que o Hezbollah possui bunkers secretos em Dahiya, mas suas localizações exatas são desconhecidas. O grupo controla a área e as forças de segurança libanesas raramente entram no reduto do Hezbollah, destacando a poderosa influência que ele tem no Líbano enquanto milícia armada e força política.
Na ONU, Netanyahu disse que derrotar o Hezbollah era essencial para a sobrevivência de Israel. Segundo seu gabinete, ele retornaria ontem mesmo para Israel, viajando em uma noite do Shabat judaico, um movimento altamente incomum que destaca a gravidade da situação.
Fogo cruzado
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, convocou uma reunião do Conselho Supremo de Segurança Nacional. Ibrahim Azizi, o chefe do conselho, disse que Israel "abriu os portões do inferno contra si mesmo".
A milícia libanesa começou a lançar foguetes contra o norte de Israel um dia após o ataque do Hamas, em 7 de outubro, que desencadeou a guerra em Gaza, em solidariedade ao grupo palestino. Israel e Hezbollah têm trocado fogo desde então, deslocando mais de 160 mil pessoas de ambos os lados da fronteira, mesmo antes de o conflito ter se intensificado nas últimas semanas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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