Israel autoriza entrada de ajuda humanitária em Gaza
Dezenas de palestinos foram mortos durante bombardeios no conflito que já chega ao 71º dia
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Israel autorizou nesta sexta-feira, 15, a entrada de ajuda humanitária em Gaza por uma de suas passagens fronteiriças, diante da pressão internacional, principalmente dos Estados Unidos, que pede ao país que reduza a intensidade dos ataques e proteja os civis.
O Exército de Israel reconheceu hoje ter matado três dos reféns sequestrados em 7 de outubro pelo grupo terrorista Hamas, após identificá-los "erroneamente" como "uma ameaça".
Diante da pressão pela proteção dos civis, Israel anunciou que permitirá temporariamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza por um de seus pontos de passagem, em Kerem Shalom, para descongestionar Rafah, na fronteira com o Egito.
O representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os territórios palestinos comemorou a abertura do terminal, acrescentando que se deve trabalhar no acesso de caminhões com itens básicos em todo o território palestino, assediado por Israel desde 9 de outubro.
Escassez em Gaza
A guerra mergulhou a Faixa de Gaza em uma grave crise humanitária, e 1,9 milhão de habitantes (cerca de 85% de sua população) foram deslocados, segundo a ONU. Muitos deles tiverem de fugir várias vezes, à medida que os combates foram encrudescendo.
A ONU advertiu sobre um "colapso da ordem civil" em Gaza e afirmou que a fome e o desespero estavam levando os habitantes a se apropriarem da ajuda humanitária, que chega de forma limitada.
Não temos comida, nem água, nem abrigo. Tudo está escasso em Gaza", disse, desesperado, um habitante do campo de Jabaliya (norte), que preferiu não revelar seu nome.
Em Khan Yunis, o Ministério da Saúde do Hamas informou hoje que os bombardeios deixaram dezenas de mortos e feridos. Na mesma cidade, o movimento islamista informou que detonou uma casa onde havia soldados de Israel.
A localidade vizinha de Rafah também foi atacada. Foguetes foram interceptados pela defesa de Israel sobre Jerusalém.
Diante do alto número de perdas civis em Gaza, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, começaram a dar sinais de impaciência, pedindo que a ofensiva de Israel passe a "operações de baixa intensidade em um futuro próximo". Mas o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, advertiu que "haverá mais batalhas difíceis nos próximos dias".
O Exército informou hoje que 119 soldados morreram em Gaza desde o começo da ofensiva terrestre, em 27 de outubro. O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, estimou em Tel Aviv que, quando a guerra terminar, não seria "correto" se Israel ocupasse a Faixa de Gaza a longo prazo.
Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, disse a Sullivan que qualquer tentativa de "separar e isolar" Gaza do Estado palestino era inaceitável.
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A ofensiva permitiu a Israel tomar o controle de vários setores no norte, antes de se estender a todo o território. O Exército israelense anunciou hoje que recuperou os corpos de três reféns na Faixa de Gaza, e que ainda há 132 em poder do movimento islamita e de grupos afiliados.
A rede de televisão Al-Jazeera informou que seu cinegrafista Samer Abu Daqar morreu hoje e que o jornalista Wael Dahdouh ficou ferido após o que acredita ter sido um ataque israelense com drone a uma escola em Khan Yunis.
Em Jerusalém Oriental, um jornalista da agência turca Anadolu foi atacado com violência pela polícia de Israel enquanto tentava fotografar palestinos rezando. Um porta-voz da polícia informou que os agentes foram suspensos.
Mais de 60 jornalistas e funcionários de meios de comunicação morreram desde o começo da guerra. O conflito multiplicou as incursões do Exército israelense na Cisjordânia, onde mais de 280 palestinos já morreram.
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