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Internacional

Governo da Bolívia nega que tenha forjado golpe; general queria 'assumir comando' do país


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O governo da Bolívia negou que tenha forjado a tentativa de golpe, como acusa Juan José Zúñiga, que comandou o cerco com tanques do Exército ao palácio presidencial na Praça Murillo. O general segue detido e pode pegar até 20 anos de prisão pelos crimes de terrorismo e levante armado contra o Estado.

Junto com Juan José Zúñiga, uma dezena de soldados foi detida pela tentativa de golpe que deixou pelo menos 12 feridos.

Ministros do governo afirmam que o general foi informado na noite anterior à tentativa de golpe que seria dispensado do cargo de comandante do Exército por suas declarações políticas. No começo da semana, Zúñiga disse em entrevista que prenderia o ex-presidente Evo Morales, caso ele insistisse em disputar as eleições de 2025, mesmo tendo sido desqualificado pela Justiça.

"Ele foi informado da perda do cargo porque violou a Constituição. Um soldado não pode deliberar sobre política, não pode deliberar sobre assuntos do território nacional", afirmou o ministro do Interior da Bolívia, Eduardo del Castillo.

O ministro disse ainda que o golpe vinha sendo planejado há três semanas, com a participação de um grupo de soldados. E que o governo chegou a receber informações sobre tentativas de desestabilização, mas que ninguém poderia imaginar nada dessa magnitude.

"Este delinquente teve a ousadia de usar armas de guerra contra o povo, destruindo um patrimônio que é de todos. Este delinquente lançou um tanque de guerra na porta do palácio", declarou o ministro.

O planejamento do golpe, afirma Eduardo del Castillo, envolveu inclusive uma tentativa de conseguir apoio popular de protestos que haviam sido convocados para esta semana.

"O objetivo de Zúñiga era assumir o controle do país. Queria se converter em governo de fato, mudar o gabinete de ministros e desrespeitar a vontade do povo", enfatizou Eduardo del Castillo. "O que ele estava buscando era um golpe de Estado."

O ministro da Justiça Ivan Lima Magne que o processo penal contra o general foi aberto logo após a tentativa de golpe, ainda na noite de quarta-feira. Juan José Zúñiga pode pegar de 15 a 20 anos de prisão. "Zuñiga mente e tenta justificar uma decisão que é sua, pela qual será responsabilizado judicialmente", disse o ministro.

Ao ser preso, Zúñiga acusou o presidente Luis Arce de forjar o golpe para elevar a sua popularidade.

"O presidente me disse que a situação estava muito difícil, com muitas críticas", disse Zúñiga enquanto era levado por policiais. Ainda de acordo com o general, Arce teria dito que era preciso fazer alguma coisa para levantar a sua popularidade.

"Tiramos os blindados?", teria perguntado o militar, segundo o relato. Ao que o presidente teria respondido que sim. "Então, na noite de domingo, os blindados começaram a descer", disse.

Com o cerco ao palácio, Luis Arce denunciou uma tentativa de golpe e pediu à população que saísse em defesa da democracia. O ex-presidente Evo Morales, padrinho político com quem Arce rompeu mais recentemente, convocou uma mobilização nacional, com greve geral e bloqueios em estradas.

Fora da Bolívia, líderes da América Latina condenaram rapidamente a tentativa de golpe e reforçaram o apoio ao governo Arce. Horas depois, a quartelada foi desmobilizada com a troca no comando militar.

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