Fusão nuclear abre caminho para energia 100% limpa
Cientistas comemoram feito inédito, na busca por geração de energia sem lixo radioativo. Conquista serve para testes de arma nuclear
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O Departamento de Energia dos Estados Unidos confirmou nesta quinta-feira que um laboratório do país conseguiu pela primeira vez realizar um experimento de fusão nuclear em que a energia produzida superou a energia consumida pela reação.
O resultado é considerado um marco na busca de uma forma de geração de energia nuclear mais limpa, que não gera lixo radioativo.
O experimento que atingiu o chamado limiar de ignição foi realizado pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore, um dos centros de pesquisa mais importantes do país atuando na manutenção e segurança de armas nucleares.
Para isso, foi usada uma instalação construída especificamente para essa meta, a National Ignition Facility (NIF).
“Esta é uma conquista histórica”, afirmou em entrevista coletiva a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm.
“Esse trabalho nos ajudará a resolver os problemas mais complexos e urgentes da humanidade, como fornecer energia limpa para combater a mudança climática e manter uma dissuasão nuclear sem fazer testes nucleares”.
Em outras palavras, além de geração de energia sem CO e sem lixo nuclear, a fusão nuclear controlada pode ajudar a testar armas atômicas sem a realização de explosões experimentais.
Os EUA já não realizam mais testes nucleares desde 1992, e o arsenal do país é hoje mantido com o emprego de operações complexas, que agora podem ser facilitadas com a capacidade de ignição controlada como a da NIF.
“Sem o sucesso na ignição, todo o restante da pesquisa não teria muita utilidade prática”, disse a diretora do Laboratório Lawrence Livermore, Kim Budil.
Os cientistas explicaram na entrevista coletiva que o experimento bem sucedido usou 2,05 megajoules de energia inicialmente, e coletou após a reação 3,15 megajoules, um ganho de 53%.
O sucesso com a fusão nuclear é importante na busca de uma forma limpa de geração de energia atômica. Esse tipo de reação não gera lixo radioativo como subproduto, como ocorre com a fissão nuclear, a técnica usada hoje em usinas. O principal subproduto da fusão nuclear é gás hélio, não tóxico, como o usado em balões de festa.
Entenda
Não gera gases de efeito estufa
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As usinas nucleares utilizam atualmente a fissão, que consiste na divisão do núcleo de um átomo pesado para produzir energia.
A fusão nuclear combina dois átomos de hidrogênio para formar um átomo de hélio mais pesado, liberando grande quantidade de energia no processo. Esse fenômeno ocorre dentro das estrelas, incluindo o Sol. Na Terra, esse processo pode ser alcançado com a ajuda de lasers ultrapotentes.
Na National Ignition Facility (NIF), ligada ao laboratório americano, 192 lasers são apontados para um cilindro do tamanho de um dedal, onde são colocados os átomos leves de hidrogênio a serem fundidos.
A fusão não oferece risco de desastre nuclear e produz menos lixo radioativo. Em comparação com as centrais a carvão, ou a gás, não gera gases de efeito estufa.
Porém, há um longo caminho a percorrer até que a fusão se torne viável em escala industrial e comercial.
Fonte: pesquisa AT
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