EUA acusam TV russa de contratar influenciadores para interferir em eleição
Um dos vídeos, por exemplo, afirma que a Ucrânia e os EUA foram responsáveis por um ataque terrorista contra uma casa de shows em Moscou
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O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (4) que vai processar dois funcionários da televisão estatal russa RT por lavagem de dinheiro e os acusou de produzir conteúdo online para tentar influenciar as eleições americanas deste ano.
O Departamento de Justiça disse que os funcionários usaram companhias de fachada e nomes falsos para pagar US$ 10 milhões a uma empresa que produziu vídeos online com o objetivo de "amplificar divisões na sociedade americana". Os departamentos do Tesouro e do Estado também anunciaram sanções contra a RT e a editora-chefe da emissora, Margarita Simonyan.
Segundo o indiciamento, os funcionários da RT Konstantin Kalachnikov e Elena Afanasieva contrataram a empresa do Tennessee para produzir quase dois mil vídeos com temas como imigração e inflação. Os materiais acumulam 16 milhões de visualizações no YouTube desde novembro do ano passado.
Um dos vídeos, por exemplo, afirma que a Ucrânia e os EUA foram responsáveis por um ataque terrorista contra uma casa de shows em Moscou que matou mais de 60 pessoas em março deste ano. O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.
Além de lavagem de dinheiro, Kalachnikov e Afanasieva vão responder por crimes como violar a lei de espionagem dos EUA. Os dois estão na Rússia.
Além de acirrar divisões políticas, as ações da RT teriam como objetivo enfraquecer o apoio da opinião pública americana à Ucrânia na sua guerra contra a Rússia, disseram as autoridades do governo Joe Biden.
"Seremos implacáveis nas nossas ações para neutralizar tentativas da Rússia, do Irã, da China e de qualquer outro ator estrangeiro malicioso de interferir nas nossas eleições e enfraquecer nossa democracia", disse o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland.
O FBI, a polícia federal americana, também anunciou que pediu 32 mandados contra sites na internet que seriam parte do esforço de desinformação russo.
Autoridades dos EUA dizem que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seus aliados adotaram técnicas sofisticadas para "mirar grupos específicos de eleitores em estados pêndulo", utilizando inteligência artificial e robôs online.
A RT ironizou as acusações. "Três coisas são certas na vida: a morte, os impostos e a interferência da RT nas eleições dos EUA", disse a emissora à agência de notícias Reuters. O canal não opera mais no país desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Segundo o Departamento de Justiça, a Rússia aparenta favorecer uma vitória do candidato do Partido Republicano, Donald Trump, sobre a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris. Relatórios da inteligência americana apontam que Moscou também atuou a favor de Trump nas eleições de 2016, quanto derrotou Hillary Clinton, e 2020, quando perdeu para Biden. O Kremlin nega.
Trump foi às redes sociais depois do anúncio para dizer que o Departamento de Justiça trabalha para derrotá-lo no pleito deste ano.
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