Enfermeira é condenada por matar sete bebês em hospital: "Fiz de propósito"
Funcionária de hospital em Liverpool injetou insulina e ar em bebês em um hospital onde trabalhava. Em diário, ela teria admitido crimes
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Uma enfermeira britânica de 33 anos foi condenada nesta sexta-feira (18) pelo assassinato de sete bebês recém-nascidos e por tentar matar outros seis na unidade neonatal em que trabalhava na cidade de Chester, no noroeste da Inglaterra. Os crimes aconteceram nos anos de 2015 e 2016.
Segundo os promotores, Lucy Letby assassinou os bebês aplicando injeções de insulina e de ar - a segunda pode causar embolia gasosa. Ela também alimentava à força os recém-nascidos com leite. Todas as acusações dizem respeito a crianças com menos de um ano.
Letby trabalhou no hospital Countess of Chester, Segundo informações do jornal The New York Times, ela foi acusada pela primeira vez em 2020. Em seu julgamento, o júri não chegou a veredictos em seis outras acusações de tentativa de homicídio, de acordo com os promotores. Ela foi considerada inocente, ainda, em duas acusações de tentativa de homicídio.
Embora Lucy Letby tenha negado as acusações durante o processo, a polícia britânica informou ter encontrado uma carta na casa dela, em que a enfermeira admite os crimes. "Eu os matei de propósito porque não sou boa o suficiente para cuidar deles", diz uma anotação em um diário apreendido por policiais depois que a mulher foi presa. "Eu sou má, eu fiz isso", afirma, com letras maiúsculas, outro trecho.
Com essa condenação, a enfermeira se torna a assassina em série de crianças mais prolífica na história moderna do Reino Unido. O julgamento começou em outubro e, desde então, os jurados ouviram que Letby havia ferido os bebês sob seus cuidados de várias maneiras, inclusive alimentando-os em excesso com leite e dando injeções com ar e insulina. Ela negou essas acusações.
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Caso "horripilante"
Os promotores descreveram o caso como "horripilante" e afirmaram que Letby tinha intenção de matar os bebês, alegando que as condições das crianças eram provocadas por causas naturais.
"Os ataques cometidos representam uma total traição da confiança que foi depositada nela [como profissional da Saúde]", disse a promotora Pascale Jones. Segundo ela, substâncias inofensivas foram transformadas em armas nas mãos da enfermeira. "Ela perverteu seu aprendizado e transformou sua arte em uma arma para infligir dano, dor e morte", afirmou.
Investigação
A sentença será divulgada na próxima segunda-feira (21), e especialistas dizem que ela pode ser condenada à prisão perpétua. As ações de Letby vieram à tona quando médicos do hospital Countess of Chester ficaram alarmados, a partir de janeiro de 2015, com o número de mortes consideradas suspeitas e descritas como inexplicáveis na unidade, em que bebês prematuros ou doentes são tratados.
Sem conseguir encontrar motivos para as mortes, os médicos acionaram a polícia. Após investigações, Letby, que era responsável pelo cuidado dos bebês, foi apontada como autora dos crimes e descrita pela acusação como uma "presença malévola" no hospital.
Uma investigação sobre a morte de 15 bebês foi iniciada em maio de 2017 e depois expandida para incluir mais casos. Descrita pela promotoria como calculista, com métodos "intencionalmente discretos para quase não deixar rastros", Letby teria enganado colegas, fazendo-os acreditar que as mortes eram um "golpe de azar". Ela foi presa em julho de 2018.
Em sua casa após a prisão, os detetives ainda encontraram documentos e anotações médicas com referências às crianças envolvidas no caso. Ela também pesquisou na internet informações dos pais e responsáveis pelos bebês assassinados. Fotos de Letby nas redes sociais retratavam uma mulher feliz e sorridente com uma vida social agitada. Em uma das imagens, ela aparece segurando um bebê.
As informações são do New York Times e da Folha de São Paulo.
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