Brasileiros saltam em mar com tubarões após barco no Panamá pegar fogo
O grupo viajava junto desde 28 de novembro em um roteiro pelo Panamá e pela Colômbia
Quatro brasileiros sobreviveram a um incêndio que destruiu o catamarã onde estavam hospedados em San Blas, no Panamá, no sábado. Eles contaram que precisaram pular no mar para escapar das chamas, enquanto tubarões nadavam ao redor do barco minutos antes.
O grupo viajava junto desde 28 de novembro em um roteiro pelo Panamá e pela Colômbia. A empreendedora Carolina Pereira Topfstedt, 32, e os amigos Douglas de Melo Zulião, Luciane Alves Casão e Leonardo Ricciarelli, reservaram hospedagem, via Airbnb, em um catamarã conduzido por um capitão que morava na própria embarcação.
Grupo havia passado horas nadando perto de tubarões após o próprio capitão atrair os animais jogando pedaços de peixe ao mar. Carolina conta que três tubarões apareceram e que Douglas chegou a entrar na água para nadar com eles. "Tiramos várias fotos e gravamos muitos vídeos", disse. O capitão repetiu a prática no dia seguinte, quando o ajudante limpava os peixes pescados na manhã do incêndio, o que voltou a aproximar os animais da embarcação.
O incêndio começou logo após um estalo ouvido pelo capitão, vindo diretamente da cabine. Ele chamou o ajudante ao perceber fumaça saindo do local, segundo Carolina. O grupo tinha acabado de voltar de um mergulho com snorkel. "Eu vi a fumaça e corri para a sala. O Douglas pegou o extintor, mas a fumaça só aumentava. De repente, eu vi a feição do capitão de desespero e uma labareda atrás dele", relatou Carolina.
A velocidade do fogo impediu qualquer reação organizada, e a fuga aconteceu no instinto. "Pulei no bote na hora, porque achei que o catamarã fosse explodir", contou Carolina. Comecei a gritar pelos meus amigos." No mesmo instante, Luciane pulou direto no mar, mesmo sabendo que tubarões circulavam ali. Leonardo, seu marido, mergulhou atrás para ajudá-la.
"Eu puxei a Luciane para dentro do bote enquanto o Douglas desamarrava. Não dá para explicar a sensação. Só pensava: 'a gente precisa se afastar antes de explodir'. Eu peguei um remo e comecei a remar o mais rápido que pude", disse Carolina Pereira Topfstedt.
AJUDA DO CACIQUE
O grupo remou a bordo do pequeno bote, até uma ilha próxima. O mesmo bote retornou para buscar o capitão e o ajudante, que sofreram queimaduras leves ao tentar salvar pertences do catamarã.
"Quando chegamos na ilha, alguns indígenas nos deram água. Um casal estrangeiro nos deu toalhas para não ficarmos só de biquíni. Estávamos em choque, literalmente sem nada", disse Carolina Pereira Topfstedt.
O cacique de San Blas assumiu o caso e levou os seis envolvidos para registrar um boletim de ocorrência. O grupo foi encaminhado em seguida para a sede do governo indígena em outra ilha. "Nos deram roupas, comida, banho, um lugar para dormir. Era tudo simples -banho gelado, sem luz- mas fomos recebidos com muito amor e empatia", relatou Carolina.
No domingo, o cacique pediu que seu motorista levasse os brasileiros até a Cidade do Panamá para resolverem a documentação. Ele também telefonou pessoalmente ao cônsul brasileiro, Geraldo Seabra. "Ele saiu de um almoço de domingo e foi nos encontrar. Ajudou com muita paciência e emitiu um documento que permitia nossa volta ao Brasil até o dia 11", diz.
Sem roupas, dinheiro ou pertences, o grupo precisou comprar peças básicas antes de conseguir antecipar o voo. A viagem original só terminaria em 14 de dezembro. "Perdemos o resto da viagem, hospedagens, voos internos. Compramos a passagem mais próxima possível, que foi na madrugada do dia 8. Estávamos desolados, traumatizados". No aeroporto, passageiros perceberam o estado do grupo e emprestaram blusas para que não embarcassem apenas com as roupas improvisadas recebidas na ilha.
Carolina afirma que pretende voltar ao Panamá quando estiver recuperada emocionalmente. Entre os aprendizados que ficaram, ela cita, categoricamente: "fazer seguro-viagem, ter fotos dos documentos e contatos de emergência sempre à mão".
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