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Internacional

Brasileiro eleito deputado nos EUA assume que mentiu

Eleitores que votaram em George Santos e doaram para sua campanha lamentam escolha. Esperança está em sua renúncia


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Imagem ilustrativa da imagem Brasileiro eleito deputado nos EUA assume que mentiu
George Santos aborda eleitores durante o período de campanha. |  Foto: Reprodução/Facebook/George Santos

Doadores enganados, eleitores envergonhados e vizinhos irritados. Era esse o clima em Long Island quando o republicano George Santos foi para Washington representar uma região ainda boquiaberta com  revelações sobre o homem que elegeu. 

O filho de brasileiros, que alega ter cidadania brasileira, tornou-se assunto internacional graças aos escândalos que vão de informações falsas no currículo ao pedido de reabertura de um processo por estelionato no Rio de Janeiro.

Nascido nos EUA em 1988, Santos afirmou que é contra imigrantes nos EUA. Aos 34 anos,  tomou posse no final de semana como deputado federal, em meio a uma série de polêmicas e protestos contra sua eleição, devido a mentiras em seu histórico e boatos de sua sexualidade, já que  se diz  gay.

Santos afirma não ter planos de renunciar. E há pouco que os nova-iorquinos — muitos dos quais dizem não desejá-lo em Washington — podem fazer para barrá-lo. Mesmo assim, a esperança continua em uma  possível renúncia de Santos, argumentam alguns.

Qualquer investigação pode levar meses. Mesmo se ele for condenado por algum crime, não é necessariamente obrigado a renunciar. A Comissão de Ética da Câmara pode investigá-lo por conta própria, mas expulsões são raras.

Se Santos renunciar, a governadora nova-iorquina, Kathy Hochul, precisaria convocar  eleição especial para o assento vago. Caso contrário, os eleitores não terão uma chance de destroná-lo até 2024 — nos EUA, o mandato dos deputados é de apenas dois anos.

Santos ficou conhecido recentemente nos Estados Unidos e no Brasil como um “mentiroso patológico”, por forjar todas as informações do currículo para concorrer a deputado federal pelo estado de Nova Iorque. Ele surgiu do nada na política norte-americana.

Com  apoio do ex-presidente Donald Trump foi escolhido ano passado para integrar a Câmara dos Deputados. Cerca de três semanas antes da posse, o jornal The New York Times conduziu uma investigação que revelou as mentiras do brasileiro.

Órgão acusa George Santos

Um órgão de fiscalização ligado ao governo dos EUA protocolou  ação contra   George Santos  que admitiu mentir  em seu currículo para ser eleito, com acusações envolvendo suas contas de campanha.

O Campaign Legal Center, órgão não partidário, pediu à Comissão Federal Eleitoral  que abra uma investigação sobre o congressista. 

O órgão aponta que Santos teria ocultado doadores e usado parte do dinheiro arrecadado para pagar o aluguel de sua residência.

"A comissão deve investigar a fundo o que parecem ser mentiras igualmente descaradas sobre a maneira como sua campanha arrecadou e gastou dinheiro", afirma o órgão na ação.

Procurado, o gabinete do deputado  George Santos encaminhou as perguntas aos responsáveis pela campanha, que não responderam às requisições de comentários sobre o caso.

O pedido do Campaign Legal Center ganha relevância porque questões envolvendo contas eleitorais eram consideradas o principal flanco de pressão dos democratas para que o Departamento de Justiça abra uma nova investigação sobre o deputado, depois de ele tomar posse mesmo em meio às controvérsias, porque falsificar finanças de campanha é um crime federal.

Santos, eleito por um distrito tradicionalmente democrata de Nova Iorque que representa partes do Queens e de Long Island, já é alvo de uma investigação aberta pela promotoria do condado de Nassau devido às "inúmeras invenções e inconsistências associadas" a ele. 

"Ninguém está acima da lei, e, se um crime foi cometido neste condado, nós vamos acusá-lo", disse a promotora Anne Donnelly.

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