Brasileira vítima de estupro coletivo na Índia recebe indenização de R$ 60 mil
Legislação indiana prevê que vítimas de violência sexual sejam indenizadas por governos locais
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A turista brasileira Fernanda Santos, que foi vítima de um estupro coletivo na Índia no último dia 1º, recebeu uma indenização de 1 milhão de rupias, ou cerca de R$ 60 mil, do governo do estado de Jharkand, onde aconteceu o ataque.
A legislação indiana prevê que vítimas de violência sexual sejam indenizadas por governos locais em no mínimo 300 mil rupias, ou cerca de R$ 17 mil. Anjaneyulu Dodde, vice-comissário do do distrito de Dumka, em Jharkand, confirmou o pagamento e disse à imprensa local que o governo "está providenciando toda ajuda à vítima e ao marido [o espanhol Vicente Barbera]", e que pretende conduzir um julgamento célere e a condenação dos acusados.
Três pessoas já foram presas acusadas de participar do estupro, e a polícia da Índia procura por mais quatro suspeitos. Autoridades prometeram aplicar uma "punição rigorosa" aos culpados.
O estupro ocorreu na noite do dia 1º. Vicente e Fernanda, que também tem cidadania espanhola, viajavam de moto e pararam para acampar em Dumka. No total, sete homens teriam atacado a mulher, segundo a polícia.
"Formamos uma equipe para descobrir o paradeiro dos outros suspeitos", afirmou à agência AFP o policial Pitamber Singh Kherwar, que anunciou a criação de uma força-tarefa para examinar a cena do crime e a mobilização de uma segunda equipe para procurar os demais suspeitos. "Em breve eles serão detidos."
Os três suspeitos capturados foram escoltados a um tribunal no domingo (3) com as cabeças cobertas. Eles permanecem em prisão preventiva. "Temos de garantir uma punição rigorosa", disse Kherwar, segundo a agência de notícias Press Trust of India (PTI).
O crime ocorreu em uma região remota da Índia. Inicialmente, o casal gravou vídeos descrevendo o ataque e os publicou nas redes sociais. Mas as imagens foram depois apagadas por recomendação dos policiais, segundo as vítimas relataram em outra postagem temporária.
Eles contaram, segundo o jornal espanhol El País, terem sido atacados após montarem uma barraca para se abrigar. Barbera também disse que os criminosos colocaram uma faca em seu pescoço para ameaçá-lo. Nos vídeos divulgados, ambos apresentam feridas no rosto. "O que aconteceu conosco, nós não desejamos a ninguém", disse Santos.
Nesta segunda, o casal voltou às redes sociais para rebater críticas. "Nós temos lido vários comentários absurdos [...] dizendo que nós trouxemos isso para nós mesmos ao virmos para a Índia", disse Santos.
"É impressionante a falta de cultura das pessoas. [...] Uma violação pode acontecer com você, com sua irmã, com sua mãe, com sua filha e em qualquer país do mundo. Ninguém está livre. Isso já ocorreu diversas vezes na Espanha, no Brasil e nos EUA", acrescentou.
A Índia é considerada um dos países mais violentos para mulheres do mundo. Pesquisa conduzida em 2018 pela Fundação Thomson Reuters com 550 especialistas globais em questões de gênero apontou a nação asiática como a mais perigosa para violência sexual e trabalho sexual forçado, à frente de Afeganistão e Síria, que vinham, respectivamente, em segundo e em terceiro lugar.
Santos e Barbera estão há cerca de cinco anos viajando pelo mundo com suas motocicletas. Eles registram suas jornadas nas redes sociais e afirmam que, desde o começo de sua jornada, visitaram 66 países, tendo percorrido cerca de 17 mil quilômetros. O casal atualmente roda a Ásia, e esteve no Paquistão e no Sri Lanka antes de ser atacado na Índia.
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