Construtoras lançam mais imóveis fora da Grande Vitória
Há cada vez mais lançamentos, com apartamentos, casas e loteamentos em cidades como Cachoeiro, Linhares, Colatina, São Mateus e Domingos Martins
As construtoras estão aumentando os investimentos em novos imóveis fora da Grande Vitória. Há projetos anunciados, em construção e lançamentos em cidades como Aracruz, Linhares, São Mateus, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e Domingos Martins.
Entre os empreendimentos, há também loteamentos, casas e apartamentos até de alto padrão.
A expansão industrial, melhoria da infraestrutura urbana, demanda crescente por moradias com melhor custo-benefício e competitividade entre construtoras são alguns fatores que estão impulsionando o mercado imobiliário.
O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES), Alexandre Schubert, destacou que o desenvolvimento da indústria capixaba na região Norte, por exemplo, com o Parklog/ES e a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Aracruz, é um dos fatores que mais impulsiona o setor da construção.
“Em Colatina, por exemplo, tem a indústria têxtil, em Anchieta, tem empresas que atraem mais pessoas para lá”, disse.
Schubert explicou também que cidades da região Serrana, como Domingos Martins, Santa Leopoldina e Santa Teresa, são voltadas para empreendimentos de alto padrão, com objetivos de serem segunda moradia.
A competitividade entre as empresas também é apontada pelo diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-ES), Eduardo Borges.
“Só em Vitória, Serra e Vila Velha, tem mais de 60 incorporadoras atuando. A concorrência é muito alta entre as diversas incorporadoras e construtoras. As empresas vão buscando outros mercados para poder diversificar o público-alvo e a fonte de receita”.
Borges afirmou também que as cidades litorâneas do Sul e do Norte, no geral, são opções para segunda moradia, com apelo turístico, além da atratividade econômica e portuária, por exemplo.
O presidente da Grand Construtora, Rodrigo Barbosa, contou que a empresa decidiu apostar em novos mercados ao lançar o Grand Soleil, em Colatina: “Após termos os resultados deste empreendimento, poderemos avançar para Cachoeiro e Linhares”.
O diretor-executivo e sócio da Lotes CBL, Marcos Batista, disse que a empresa enxerga o potencial do Estado como um todo.
“No Sul, municípios como Cachoeiro se destacam pelo forte polo de mármore e granito, sendo referência nacional em exportação. No Norte e Noroeste, vemos movimentos igualmente relevantes”.
Investimentos, lançamentos e planos
Grand Construtora
Está construindo o Grand Soleil, que será o prédio mais alto de Colatina, e terá mais de 90 metros de altura e 34 apartamentos ao todo.
A partir de avaliação do retorno sobre o empreendimento em Colatina, tem possibilidade de avançar para outras cidades, como Cachoeiro de Itapemirim e Linhares.
Javé Construtora
Tem empreendimentos a exemplo do Castle Hill, que está sendo construído em Vargem Alta, com 109 lotes, e com estilo de resort. Além das Montanhas Capixabas, a empresa tem foco no litoral da região Sul capixaba.
Lotes CBL
Entre os lançamentos da empresa, estão os loteamentos Lagoa Park Plus, em Linhares; Ita Park, em Cachoeiro de Itapemirim; e Villa Santi II e Park Verde, ambos em Aracruz, que são dois projetos simultâneos, que terão pouco mais de mil lotes. São dois bairros planejados.
Galwan
Após o Portal dos Ipês, em Domingos Martins, bairro planejado de alto padrão com lotes residenciais, a Galwan está atualmente estudando oportunidades em diversas regiões do Estado, incluindo Cachoeiro de Itapemirim, Domingos Martins e Santa Teresa.
Épura
No bairro mais nobre de Cachoeiro de Itapemirim, o Gilberto Machado, está o condomínio de alto luxo Luiz Scaramussa, da Construtora Épura. Já pronto, tem as últimas unidades disponíveis para venda.
Vaz Desenvolvimento
Um dos empreendimentos é a Fazenda Barão do Império, localizada em Santa Leopoldina. Condomínio fazenda com conceito agrogastronômico e de lazer. Outro projeto é o Praça de Marataízes, em Lagoa Funda. Bairro planejado com lotes a partir de 300 metros quadrados.
Para 2026, lançará o Solar de Marataízes, e outro em Itapemirim.
Cobra Engenharia
Entre os lançamentos estão o Residencial Jardim Laguna e o Alameda Vivaz, ambos em Linhares.
O Alameda Vivaz terá 40 casas térreas em condomínio fechado, na faixa 3 do programa Minha Casa, Minha Vida, no bairro Vila Izabel. Já o Residencial Jardim Laguna, também voltado para o programa habitacional, terá 360 apartamentos, tem previsão de lançamento para março do ano que vem e de entrega para dezembro de 2028.
Recanto Engenharia
Lançará no ano que vem, mais de mil empreendimentos em Aracruz, Colatina e Linhares, voltados para o programa Minha Casa, Minha Vida.
Transformação na economia de 26 municípios
A redução de impostos promovida pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) é o mecanismo que deve atrair empresas para o Sul do Espírito Santo com a aprovação do projeto apresentado pelo consórcio Cim Polo Sul, que representa 26 municípios da região.
Entre os incentivos fiscais contemplados esperados pelas cidades está a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o crédito de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), redução do Imposto de Renda (IRPF) e redução de taxas de importação, equipamentos e insumos, detalha o presidente do consórcio e prefeito de Iconha, Gedson Paulino.
As linha de crédito oferecidas pelo Banco do Nordeste também são incentivo previsto. “Além disso a ideia é que a gente tenha mais condição de qualificar as empresas para atender aos requisitos e normas dentro da área de atuação do Sudene. Isso a gente entende que até 2028 vai estimular o desenvolvimento econômico e a geração de empregos na região”, diz.
A possível ampliação da área capixaba atendida pela Sudene abre novas oportunidades para municípios interessados em atrair investimentos, segundo o professor de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e especialista em Desenvolvimento Regional, Ednilson Felipe.
Com a discussão avançando em direção ao Sul, cidades com características logísticas favoráveis passam a disputar projetos. Itapemirim, Iconha, Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes — especialmente com o avanço do Porto Central — ganham destaque pela proximidade com a BR-101 e pela capacidade de oferecer áreas e mão de obra alinhadas às demandas industriais.
“Empresas de grande porte tendem a buscar regiões conectadas a eixos de transporte, o que pode atrair investimentos estruturantes”, diz.
Ao se organizarem, diz Felipe, esses municípios também podem gerar oportunidades para negócios de apoio, como alimentação, transporte e manutenção, ampliando a atividade econômica ao redor dos novos empreendimentos.
Para o presidente da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), Mário Sérgio Lubiana, a bancada capixaba no Congresso e o governo devem ajudar a tornar o projeto uma realidade. “Eu acho que o Espírito Santo é um só”, diz o representante.
“Sem incentivos, fica difícil atrair indústrias”
A necessidade de criar incentivos para atrair indústrias para o Sul do Estado vem de uma dificuldade histórica de diferenças entre a região Norte capixaba e os municípios abaixo do Rio Doce.
Essa percepção é sentida em pesquisas realizadas ao longo dos anos sobre o desenvolvimento das cidades, como os do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), mas também pela própria classe empresarial.
A isonomia nessa distribuição dos incentivos é a principal demanda desses donos de grandes complexos industriais que precisam do fomento de uma cadeia de suprimentos e de parceiros ao redor, como comenta o diretor do Porto Central, José Maria de Novaes.
“Hoje é muito difícil atrair indústrias para o Sul pela falta de isonomia entre Norte e Sul. Isso vai corrigir uma deficiência histórica. Eu diria que o Sul vai deixar de ser prejudicado”, afirma.
Atualmente, o porto conta com benefícios da prefeitura de Presidente Kennedy, como a redução de ISS de 5% para 2% onde a área portuária está inclusa, a redução de IPTU e o não pagamento de taxas.
Novaes cita ainda os investimentos em infraestrutura, como construção de rodovias e terraplanagem, como grandes estímulos.
Saiba mais
Potencial de expansão
A possível ampliação da área capixaba atendida pela Sudene coloca o Sul do Estado no centro das expectativas por novos investimentos.
Municípios como Itapemirim, Iconha, Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes despontam como candidatos naturais, impulsionados pela localização estratégica ao longo da BR-101 e pelo avanço do Porto Central, que reforça o apelo logístico da região.
A combinação entre acesso rodoviário, possibilidade de oferta de áreas e mão de obra disponível cria um ambiente propício à instalação de indústrias de maior porte.
Empresas que dependem de logística eficiente para distribuição de mercadorias tendem a priorizar regiões conectadas a eixos de transporte, o que fortalece a atratividade desses municípios.
Impactos esperados
A chegada de empreendimentos estruturantes tende a criar efeitos positivos em cadeia.
Além das indústrias, surgem oportunidades para serviços de apoio, como alimentação, transporte, manutenção e fornecimento de insumos.
Mesmo cidades que não receberem diretamente as plantas industriais podem se beneficiar do movimento econômico ao redor.
A expectativa é de que, com condições logísticas favoráveis e projetos em andamento, o Sul do Espírito Santo entra no radar de novos ciclos de investimento.
a integração a programas federais e a ampliação da infraestrutura devem fortalecer a capacidade da região de atrair negócios, impulsionando emprego, renda e dinamismo econômico.
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