Imóveis planejados para idosos
Neste momento de isolamento social, onde é pedido a todos um cuidado especial com os idosos, principalmente para que eles fiquem em casa, perguntamos a especialistas como deve ser a residência para pessoas idosas, com garantia de segurança e conforto.
A arquiteta Flávia Ranieri, especialista em gerontologia (que estuda fenômenos ligados ao envelhecimento), comenta que não é preciso transformar a casa em um hospital. “Podemos ir adequando conforme as necessidades pontuais existentes. É bem menos traumático. Outro ponto vantajoso é a escolha de mobiliário adequado para a estatura e o peso de quem usa.”
Uma cadeira com braço é ótima para quem é independente ou semidependente, lembra a especialista. “Mas se o morador não consegue se levantar sozinho e necessita do auxílio de um cuidador, uma cadeira sem braços vai facilitar muito o trabalho”.
De acordo com estudos da Universidade de São Paulo (USP), construir moradias que estejam preparadas para receber e dar o conforto necessário aos idosos reduz em cerca de 40% os acidentes domésticos.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 70% dos acidentes envolvendo pessoas acima de 60 anos acontecem dentro de suas próprias residências.
Ao envelhecer, algumas pequenas ações do dia a dia se tornam mais difíceis. Isso faz com que a construção de imóveis adequados à terceira idade passe a ser uma necessidade.
No momento, no Estado, não identificamos nenhum empreendimento voltado a esse público.
A arquiteta Liliam Araujo viveu uma experiência própria neste sentido, quando precisou adequar o apartamento dos seus pais, já idosos. Ela conta que estudou o assunto e procurou entender as dificuldades da mãe, que tem 89 anos e sofre de Alzheimer.
Dentre as mudanças citadas por Liliam, está a instalação de barras de apoio no banheiro. “Além de auxiliar a pessoa a levantar do vaso, durante o banho aumenta a sensação de segurança quando tem uma barra para segurar”.
SAIBA MAIS Portas de correr e fechaduras digitais
Para quem tem dificuldade de locomoção
- Retirar tapetes dos ambientes
- Evitar pisos polidos. Mesmo em ambientes internos e secos
- Não ter desnível entre ambientes molhados e molháveis
- Usar portas de correr em banheiros e quartos (lembrar de manter chaves reservas em local seguro ou evitar trancas. No caso da pessoa passar mal ou em caso de quedas, ter a facilidade de acesso externo e a porta ter o vão 100% livre para facilitar a remoção do acidentado)
- Evitar quinas nos móveis
Para quem tem fraqueza nos membros inferiores e superiores
- Não ter desnível entre ambientes
- Usar torneiras e maçanetas de alavanca. Evitar modelos tipo bola
- Evitar arestas agudas nas maçanetas de alavanca para não machucar no caso de esbarros
- Usar barras de apoio nos banheiros
- Piso do box com revestimento com coeficiente de atrito para evitar escorregamento durante o banho
Para idosos com perda de memória e distúrbios mentais
- Usar telas e grades nas janelas
- Fechaduras digitais por biometria são uma boa opção para esquecimentos de chave. Procure modelos que permita trancar pelo lado de dentro com trava de segurança para evitar as “fugidas” por idosos com Alzheimer e/ou outros distúrbios mentais
Mobiliário
- Armazenamento de utensílios de uso diário em altura mediana. Para evitar agachamentos e/ou necessidade de subir em banquetas e escadas para pegá-los
- Evite arestas, dê preferência por quinas arredondadas
Fonte: Arquitetas Liliam Araujo e Flávia Ranieri.
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