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Cidades

Ilha com 3 mil espécies de árvores está abandonada


Imagem ilustrativa da imagem Ilha com 3 mil espécies de árvores está abandonada
Ilha do Meirelles: patrimônio natural virou ponto de usuários de drogas, e ponte de acesso (destaque) está destruída |  Foto: Alessandro de Paula

Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, tem bem na área urbana uma ilha de 9,6 hectares, o equivalente a mais de nove campos de futebol, e repleta de verde. A Ilha do Meirelles é um espaço com 3 mil espécies de árvores da Mata Atlântica, ideal para receber turistas e estudantes. Só que está abandonada.

Logo na chegada da ilha, uma ponte pênsil feita de madeira e cordas de aço dá um ar de aventura ao local. No entanto, é uma travessia perigosa, pois vários cabos arrebentaram e ripas estão podres ou já se perderam.

Internamente, trilhas desapareceram em meio à vegetação. Banheiros, deque, ponte de madeira e o anfiteatro estão destruídos pela ação do tempo e vandalismo. Por ser um local ermo, virou esconderijo de criminosos e ponto de consumo e venda de drogas.

A Ilha do Meirelles, ou Ilha dos Meirelles, como ficou conhecida, é dividida ao meio por um pequeno canal formado pelo Itapemirim. Somente um lado é conhecido, já que não há acesso à outra parte.

Ela recebeu o nome em função do antigo proprietário, Newton Meirelles, que cuidava do local. Como não tinha herdeiros, decidiu doá-la ao município na condição de que a prefeitura cuidasse da região.

A condição consta na escritura pública de doação, em que a prefeitura assume a responsabilidade de respeitar o equilíbrio ecológico, esforçando-se para tornar o local agradável, sem desfigurar aquilo que ali existe por obra da natureza.

O documento de 1988 também estabelece a criação no local de um pequeno zoológico, constituído de animais da fauna, como mamíferos, aves, répteis e batráquios, “para poder ser visitada principalmente por crianças, adolescentes e estudantes de nossas escolas, gratuitamente, visando a sua educação e a despertar-lhes o amor pela natureza”.

De fato, isso ocorreu, por intermédio de parceria com o Centro Universitário São Camilo, que transformou a ilha em 2002 numa estação ambiental, mas há 10 anos está abandonada. “Cachoeiro já não tem áreas verdes para as pessoas fazerem trilhas e contemplar a natureza. Lá nós tínhamos quatro trilhas, anfiteatro, deque sobre o rio e espaço para palestras ao ar livre. Por que deixá-la largada?”, questionou o biólogo Helimar Rabello.

Bancário doou terreno

Imagem ilustrativa da imagem Ilha com 3 mil espécies de árvores está abandonada
Newton Meirelles: doação à cidade |  Foto: Acervo de família

Casado com Carmem Vieira Meirelles e sem herdeiros, o bancário Newton Meirelles decidiu doar a ilha para a prefeitura, com o objetivo de que o local fosse preservado e pudesse ser transformado em espaço de educação ambiental.

“Foi um cidadão da máxima importância. Sempre viveu pela coletividade. Foi um dos homens mais dignos que eu conheci na política, ao lado do professor Deusdedit Baptista”, disse o vereador e advogado, Higner Mansur.

Mansur foi quem ajudou Newton Meirelles no processo de doação da ilha para a prefeitura em 1988, quando o bancário tinha 83 anos de idade. Meirelles nasceu no Rio de Janeiro em 1905. Mudou-se para Vitória para trabalhar no Banco do Brasil em 1934 e depois foi transferido para Cachoeiro em 1939, até se aposentar em 1964. Fundou a AABB e o Jardim de Infância. Também foi vereador.

“Boa parte de sua renda era destinada aos pobres. Ajudou centenas de estudantes, sempre em sigilo”, afirmou Mansur.

Dinheiro para museu e borboletário não foi usado

Depois de transformar a ilha em uma estação ambiental, o centro universitário São Camilo desenvolveu projeto para criar no espaço museu, borboletário e observatório, segundo informou o biólogo Helimar Rabello, que foi coordenador da estação.

Segundo Helimar, a São Camilo apresentou projetos e conseguiu a liberação de recursos federais. “O dinheiro veio, ficou no Banco do Brasil por muito tempo, mas a prefeitura não deu destinação ao recurso e ele voltou”, relembrou.

Na ilha foram catalogadas 117 espécies de aves, insetos e outros animais como furão, capivara, preguiça, cachorro-do-mato, lontra, ouriço-caxeiro e macacos. Com o tempo, passou a ser espaço para soltura de animais apreendidos por órgãos ambientais, como jabotis, coleiros, canários e sabiás.

A São Camilo começou a administrar a ilha em 2002, permanecendo por cerca de oito anos. No entanto, por falta de segurança e conservação da ponte – responsabilidades da prefeitura, no acordo firmado com o centro universitário – a ilha foi devolvida e está largada desde então.

Sem projetos para o local

Não está nos planos da Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim a recuperação das instalações da Ilha dos Meirelles, com o objetivo de atender visitantes e turistas.

Ao contrário. Segundo a prefeitura, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) deverá elaborar um plano de trabalho para desmobilização das estruturas de alvenaria remanescentes na ilha.

Segundo a prefeitura, a Ilha do Meirelles atualmente está passando por processo de regeneração natural como meio de preservação ambiental e recomposição de sua biodiversidade.

Ainda, na avaliação do município, a ausência de interferência humana intensiva no local tem possibilitado avanços nesse sentido, como constata a equipe da Semma responsável pelo monitoramento.

Na avaliação da prefeitura, por ser uma ilha fluvial, ela é extremamente vulnerável às enchentes, com risco alto de atividades no local.

Com relação, à falta de espaço turístico e de lazer para as famílias, a prefeitura afirma que está empenhada na construção do Parque Urbano Ilha da Luz. O projeto está pronto e novo edital de licitação para construção está sendo preparado.


Saiba mais


Curiosidades

  • A ilha do Meirelles está situada no Valão, a 4 km do centro de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado. A área equivalente a mais de 9 campos de futebol. A ilha foi doada por Newton Meirelles em 1988 e três mil árvores foram plantadas no local.

Ponte pênsil

  • Feita em estilo rústico, a ponte pênsil era o cartão postal da ilha. Grupos de estudantes vibravam ao atravessarem a estrutura de madeira e cabos de aço. Atualmente, é perigoso caminhar sobre ela, devido às tábuas podres e soltas, e cordas arrebentadas.

Deque para palestras

  • No interior da ilha, os estudantes eram recepcionados na estação ambiental para palestras sobre meio ambiente em uma estrutura com bancos, com deque com visão para o rio. Toda a estrutura de madeira desmoronou e está tomada pela vegetação.

Lago e ponte de madeira

  • Logo na chegada da ilha, após atravessar a ponte pênsil, o visitante se deparava com uma pequena ponte de madeira sobre um lago ornamentado. A estrutura não existe mais e o lago está seco.

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