Governo federal deve liberar novo saque do FGTS para 818 mil
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O governo federal está perto de fechar a liberação de um novo saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas com um valor máximo menor que o do ano passado, que foi de um salário mínimo (que, na época, era de R$ 1.045).
De acordo com uma estimativa do presidente do Instituto Fundo Devido ao Trabalhador, Mário Avelino, cerca de 818 mil pessoas poderão sacar o valor máximo de R$ 500 no Espírito Santo. No Brasil, aproximadamente 40 milhões de pessoas devem ter valores a sacar em contas ativas e inativas do FGTS.
“Em 2020, a Caixa Econômica pagou R$ 36,5 bilhões para mais de 50 milhões de trabalhadores. Como nem todo mundo sacou o dinheiro, R$ 12 bilhões voltaram para as contas do FGTS”, explicou Avelino.
O especialista esclarece que, caso o novo saque emergencial seja oficializado pelo governo, qualquer trabalhador com saldo em contas ativas ou inativas poderá sacar.
“Quem fez o saque no ano passado poderá sacar novamente, e quem não mexeu no dinheiro também. Mas algumas pessoas já zeraram as contas”, afirmou. Segundo economistas, a medida viria em boa hora, mas o dinheiro deve ser gasto com cuidado.
“A disponibilidade do saque é positiva, e não tem custo financeiro paro governo, que estaria apenas antecipando o acesso a um dinheiro que já pertence aos trabalhadores”, ressaltou o economista Eduardo Araújo.
“Mas as pessoas devem ter consciência na hora de gastar, priorizando quitar dívidas”. O economista Mário Vasconcelos reforça o alerta: “Se não precisar do dinheiro, é melhor não sacar. Está rendendo pouco, mas o rendimento de renda fixa também está baixo”, analisou.
“Para quem está trabalhando, mesmo que o salário esteja reduzido, mas está honrando os compromissos, pagando as despesas, recomendo deixar o dinheiro lá. Quem está realmente precisando, sem emprego, terá que retirar”.
Construtoras preocupadas com a medida do governo
A política de saques do FGTS e as mudanças em programas habitacionais preocupam empresários do setor imobiliário, que ainda não enxergam um cenário negativo no horizonte, mas acompanham de perto a situação.
Isso porque o FGTS é a principal fonte de financiamento imbobiliário entre as classes de mais baixa renda no País.
“É uma preocupação muito grande do setor, com tudo o que está sendo regulamentado agora, inclusive o novo programa Casa Verde e Amarela. A construção civil é o setor que mais cria empregos com o FGTS, são obras que duram de dois a três anos, e movimentam todos os outros setores”, disse o presidente do Sinduscon-ES, Paulo Baraona.
O diretor da Associação Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso, lembrou que o FGTS também proporciona investimento em áreas como saneamento e infraesturtura.
“A partir do momento em que vão minguando esses recursos, diminui também a possibilidade desses investimentos”, disse.
Para movimentar a economia
Nova liberação
- O governo avalia liberar um total de R$ 12 bilhões em novos saques emergenciais do FGTS.
- O novo saque deve ter limite menor do que as liberações anteriores, de até R$ 500 por trabalhador.
- Cerca de 818 mil trabalhadores poderão ter direito ao novo saque no Espírito Santo.
Contas
- O dinheiro poderia ser sacado das contas ativas, ou seja, de emprego atual, ou de contas inativas, de empregos anteriores, iniciando por aquelas que estão sem receber novos depósitos.
Saques anteriores
- No início da pandemia, em 2020, o saque emergencial permitiu que 51,5 milhões de trabalhadores retirassem até R$ 1.045 do fundo, em contas ativas ou inativas.
- Segundo a caixa, que opera o FGTS, 19,4 milhões de trabalhadores que tinham direito ao saque preferiram não movimentar a conta, e R$ 12,4 bilhões liberados voltaram às contas do FGTS no início deste ano, quando terminou o prazo.
- Na última rodada de saque, a Caixa liberou cerca de R$ 36,5 milhões em contas virtuais para serem sacados seguindo um cronograma.
Alternativas
- O saque do FGTS é avaliado como uma das alternativas para minimizar os impactos do fim do auxílio emergencial.
- Outras medidas estudadas pela equipe econômica são o adiantamento do 13 salário de aposentados e do abono salarial.
Fonte: Especialistas ouvidos.
Análise
Arilda Teixeira,
economista
“Essa possibilidade que está sendo estudada não só é válida, mas necessária, especialmente para os menos favorecidos. A pandemia da Covid-19 acentuou as desigualdades sociais no Brasil, dificultando a compra do básico para a sobrevivência das famílias.
Além disso, os valores do FGTS podem frear ou minimizar a desaceleração da nossa economia. Essa, porém, não é uma solução permanente. Se o saque for liberado, é necessário, durante sua vigência, trabalhar para que essa ajuda não seja mais necessária, investindo no combate à pandemia“.
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