Frango, carne de porco e ovo até 50% mais caros
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Se antes a preocupação era o aumento no preço da carne bovina, esse sentimento agora passa também para as outras fontes de proteína, a exemplo do ovo, frango e da carne de porco, que podem ter alta de até 50%.
O aumento é uma projeção feita por produtores e sustentada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e economistas.
De acordo com a ABPA, essa alta funciona como um efeito cascata, consequência do aumento do preço dos insumos utilizados na criação desses animais, como os alimentos que eles consomem, como o milho e o farelo de soja.
Segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, o Índice de Custo de Produção de junho teve acréscimo de 52,3% para frangos e 47,53% para suínos.
Aqui no Estado, o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária (Faes) disse que o preço do milho chegou a subir pelo menos 25%, assim como a soja também sofreu inflação.
Já no acumulado de 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a carne de porco já disparou mais de 32%, enquanto frango e ovos subiram 19,77% e 16,41%, respectivamente.
A economista Arilda Teixeira ainda lembra que esses insumos são cotados e negociados em dólar, que está com preço em alta, aumentando, por tabela, a produção e o preço da carne.
“Pode acontecer, sim, esse aumento no preço dos produtos, porque o preço dos insumos, os alimentos para aves e porcos (milho e soja) subiram, tendo em vista que esses insumos são cotados em moeda estrangeira. O preço internacional deles aumentou bastante, e isso afeta a produção e o preço da carne. É uma possibilidade real e é uma ameaça que se vê sobre a inflação”, explicou Arilda.
O economista Ricardo Paixão reforça que o preço dos insumos aumentou, mas que também está acontecendo o que ele chama de “efeito substituição”, em que a demanda no curto prazo não consegue suprir a oferta.
“Outra coisa é o efeito substituição, que se deu primeiro através da alta do preço da carne de boi, que subiu muito e muitas pessoas passaram a substituir por carne de porco, frango, peixe, aumentando a demanda. Com isso, no curto prazo, a oferta não consegue suprir a demanda, o que ocasiona então, o aumento no preço desses itens”, destacou Ricardo.
O OUTRO LADO
A Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e do Distrito Federal (Afrig) informou que não existe a chance desse aumento de 50% acontecer. “A China tem comprado mais devagar. A tendência é que sobre mais para o mercado externo”, disse o presidente da Afrig, Silvio Silveira.
O presidente do Sindicato da Indústria do Frio do Estado do Espírito Santo (Sindifrio), Evaldo Mario Lievore, disse que não vê esse risco, justificando que a China já está bem abastecida, e que o país está retomando as atividades.
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