Fabrício Queiroz esperava ser assessor no Senado
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Em depoimento, o ex-assessor Fabrício Queiroz disse ao Ministério Público Federal que “esperava” ser nomeado para trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Senado, antes de vir a público o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentações de R$ 1,2 milhão nas suas contas.
Queiroz foi ouvido pelo procurador Eduardo Benones, do Ministério Público Federal, na condição de testemunha, que não lhe dá o direito de permanecer em silêncio.
A investigação do MPF apura suspeitas de vazamento na Operação Furna da Onça — o empresário Paulo Marinho disse que a equipe de Flávio recebeu um vazamento da PF do Rio avisando que foram detectadas movimentações financeiras atípicas de Queiroz e que ele foi demitido do cargo por isso.
Neste depoimento, o ex-assessor afirmou que tinha a expectativa de ser nomeado por Flávio para seu gabinete no Senado. Essa nomeação, entretanto, não ocorreu.
O ex-assessor disse não conversar com Flávio sobre uma possível nomeação ao Senado. “Apenas esperava que isso viesse a ocorrer devido aos bons serviços que prestou durante a candidatura”.
É do celular da mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar, que vem a informação de que o ex-assessor passou por pelo menos três endereços, em cidades diferentes, ligados a Wassef.
Segundo informações do MP do Rio, Márcia e Queiroz foram até São Paulo no dia 18 de dezembro de 2018, dias depois da divulgaçao do relatório do Coaf que apontou a movimentação de R$1,2 milhão.
No mesmo mês, segundo reportagem do Jornal da Band, Queiroz ficou hospedado por cinco meses em um apartamento na Praia de Pintangueiras, no Guarujá, que pertence à família de Wassef.
Queiroz teria ficado no apartamento logo após ter sido submetido a uma cirurgia de câncer de colon. Cerca de 2 meses após chegar ao apartamento de Wassef, no fim de fevereiro de 2019, dados do celular de Márcia apontaram que ela passou a ir até o local várias vezes.
Depois de 4 meses de registros de visitas da mulher de Queiroz no Guarujá, informaçoes obtidas pelo MP mostram que eles foram para o sitio em Atibaia, em que Wassef mantinha um suposto escritório de advocacia.
Caseiro era olheiro de Wassef em Atibaia

Um empresário de Atibaia que frequentava a casa onde o ex-assessor Fabrício Queiroz ficou hospedado no interior de São Paulo, e cujo dono é o advogado Frederick Wassef, disse que o caseiro do imóvel era olheiro do defensor.
A informação reforça os indícios de que o ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) mantinha controle sobre a rotina de Queiroz em Atibaia, ao contrário das declarações iniciais de Wassef, que primeiramente negava ter atuado na proteção e no abrigo de Queiroz e sua família.
“Eu fui algumas vezes lá (na casa). Tinha dois quartos (um deles ficava trancado), um banheiro e uma sala grande. Nos fundos, ficava o caseiro, que era como se fosse um olheiro. Contava tudo para o patrão”, afirmou, em entrevista ao O Globo, o empresário Daniel Bezerra Carvalho.
“Tudo que acontecia, eu acho que o cara (caseiro) passava para frente. Quem foi, quem não foi ( à casa). Ele (Queiroz) não ficava preso. Não era obrigado a não sair. Mas com certeza os passos dele estavam sendo monitorados por alguém”, completou.
Segundo o empresário, o caseiro Orlando Novaes ficava numa casa nos fundos do terreno.
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