A Força das Histórias que Contamos
Contar histórias de mulheres é também contar a minha própria história
Sempre acreditei que as histórias têm o poder de curar. Talvez por isso eu tenha escolhido o jornalismo tão cedo para ouvir, contar e compartilhar narrativas que revelam o que há de mais verdadeiro nas pessoas. Com o tempo, percebi que, mais do que profissão, essa é a minha missão: dar voz às mulheres e mostrar histórias reais, cheias de coragem, sensibilidade e superação.
Ao longo dos meus 24 anos de carreira, aprendi que toda mulher tem um enredo digno de ser contado. Seja aquela que recomeçou após um divórcio, a que empreendeu depois dos 50, ou a que enfrentou a doença com dignidade e fé. Quando elas falam, algo muda em mim também. Porque contar histórias é um exercício de empatia, e ao mesmo tempo, um espelho. É sobre se ver no outro e entender que todas, de algum modo, compartilhamos as mesmas dores, medos e sonhos.
O projeto e programa de TV Eu & Elas nasceu desse desejo de criar um espaço seguro, humano e verdadeiro. Um lugar onde mulheres pudessem se reconhecer, se emocionar e se inspirar. A cada entrevista, sinto que o programa cumpre uma função muito maior do que informar, ele conecta. Ele transforma a narrativa da mulher comum em símbolo de força, e faz o público perceber que a grandeza está no real, não no perfeito.
Mas a maior transformação talvez tenha acontecido em mim. Quando comecei a olhar para a minha própria história com mais generosidade, entendi que a minha história pessoal também fala sobre reconstrução. Somos muitas versões de nós mesmas, e o que escolhemos contar ao mundo define muito de como queremos ser lembradas. As palavras têm esse poder de moldar o olhar: o nosso e o dos outros.
Durante anos, eu quis apenas ouvir. Hoje, percebo que falar também é necessário. É preciso se permitir ser vulnerável, dividir os bastidores da vida, mostrar que por trás da jornalista, da apresentadora, da empresária, existe uma mulher que também sente medo, que duvida, que cai e se levanta. E que, mesmo assim, segue acreditando.
Contar histórias femininas é, de certa forma, contar a minha. Quando uma mulher se emociona no estúdio, quando outra me escreve dizendo que ganhou coragem para recomeçar, entendo que a comunicação é uma ponte e que eu estou exatamente onde deveria estar: entre vozes femininas que ecoam e constroem juntas um novo tempo.
Vivemos em uma era em que a imagem fala mais alto, eu ainda acredito no poder da palavra dita com verdade. A narrativa pessoal não é sobre autopromoção, é sobre legado. É sobre o impacto que deixamos nas pessoas quando contamos quem somos de verdade.
Por isso, sigo com o coração aberto, ouvindo, escrevendo e compartilhando histórias que me atravessam e me transformam. Porque toda vez que uma mulher conta a sua história, ela não apenas se liberta, ela também a acende uma luz no caminho de tantas outras.
E se eu puder continuar sendo essa ponte, entre a vida real e o olhar sensível de quem busca inspiração, sei que estou cumprindo o meu propósito. Porque no fim, o que realmente importa é isso: fazer com que cada mulher se enxergue como protagonista da sua própria história.
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