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Doutor João Responde

Doutor João Responde

Colunista

Dr. João Evangelista

Estou magro, mas sou gordo

| 28/04/2020, 09:22 09:22 h | Atualizado em 28/04/2020, 09:23

Doze meses após se consultar comigo, o paciente reapareceu. Lembro-me quando ele chegou pela primeira vez. Lá estava, diante de mim, um adiposo jovem, carregando lipídios, complexos e desânimo.

“Estou com uma cirurgia bariátrica marcada para daqui a duas semanas”. Eu gostaria que o senhor solicitasse os exames indicados pelo cirurgião”.

Perfeitamente, respondi. Antes, porém, vamos avaliar seu corpo, verificando se está tudo bem. Vejo que você está pesando 125 quilos. As dietas não funcionaram?

“Eu já tentei todo tipo de regime e nenhum deles resolveu. Fiz até a dieta do caranguejo”.
Essa eu não conheço?!

“Dizem que cada caranguejo contém 80 calorias. Para comer um caranguejo, nós damos tanta pancada nele, tentando encontrar um fiapo de carne, que acabamos gastando 100 calorias, tentando encontrar 80 calorias. Portanto, estaremos perdendo 20 calorias por cada crustáceo degustado.”

Enquanto eu ria, ele afirmava ter consciência dos males que a obesidade pode ocasionar.
“Sei que devo me cuidar. Entretanto, o que incomoda são as constantes gozações que ouço diariamente: ‘Rolha de poço’, ‘Esvaziador de piscina’, ‘Chupeta de baleia’, ‘É verdade que andar em volta de você pode ser considerado um teste de Cooper?’, ‘Se alguém, durante o verão, estiver do seu lado esquerdo e resolver caminhar para o lado direito, chegará somente no inverno?’”
“Por que engordamos?” Perguntou.

Existem várias teorias. A mais moderna sinaliza para as alterações da leptina, hormônio que regula a fome e a saciedade. Estudos apontam para descoberta de drogas que serão capazes de agir nessa substância. Até lá, restam dietas e cirurgia bariátrica.

O tempo passou e, um ano depois, o paciente voltou. Logo que entrou no consultório, eu perguntei: Por que você não fez a cirurgia bariátrica?

“Eu fui operado, doutor. Cheguei a perder 30 quilos, mas engordei novamente. No começo, meu estômago rejeitava grandes volumes de alimentos, respondendo com ânsia de vômito e empachamento. Vivia com fraqueza, tontura, diarreia, falta de ar e depressão. Com o passar dos dias, eu encontrei uma maneira de melhorar, ingerindo pequenos volumes de nutrientes. Meu estômago aceitava chocolate e sorvete, desde que fossem sugados lentamente. Criei meu próprio boicote e fracassei, recuperando o peso perdido.”

Seu estômago emagreceu, mas seu cérebro continua obeso. Quando nascemos, a primeira relação que temos com o mundo vem através da boca. Ao chorar, a criança é levada ao colo da mãe, recebendo alimento, segurança e amor. Passamos a vida inteira buscando alimentar e ser alimentado, amar e ser amado, segurar e ser segurado.

Quando nos falta segurança, clamamos por alimento. Quando nos falta alimento, imploramos por amor. Quando nos falta amor, usamos o alimento e a segurança, para trazê-lo de volta.

Quem emagrece rápido, além da gordura, está perdendo um pouco de si mesmo. Por isso, enquanto a razão te ouvia, a emoção comia escondida.

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