Estado tem 885 pedidos de seguro-desemprego por dia
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Os pedidos de seguro-desemprego de trabalhadores com carteira assinada no Espírito Santo subiram na primeira quinzena do mês de maio. O número de requerimentos chegou a marca de 8.856 nas duas primeiras semanas do mês, média de 885 entradas por dia útil, segundo dados da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia.
O número representa um aumento de 63% em relação a primeira quinzena do mês de maio de 2019, quando foram registrados 5.426 requerimentos. O crescimento nos pedidos retrata a perda de postos de trabalho, já que o auxílio é pago para quem perde o emprego e não consegue uma reposição no mercado na sequência.
O setor que mais originou pedidos de seguro-desemprego no período foi o de serviços, com 4.021 requerimentos (44,2%), seguido pelo comércio com 2.547 (28%).
Do total, 87% dos requerimentos foram feitos de forma online. Segundo o superintendente Regional do Trabalho no Espírito Santo, Alcimar Candeias, mesmo com o crescimento da demanda, os pedidos estão conseguindo ser processados em tempo normal.
“Em média, após 30 dias, a pessoa já está recebendo a primeira parcela do auxílio. Apenas casos residuais, de correção de dados, acabam sendo feitos de forma presencial e, mesmo assim, dentro de três a cinco dias o caso está resolvido”, afirma Candeias, que também avalia a crescimento dos pedidos.
“Nós vínhamos numa tendência de retomadas em 2018 e 2019 dos postos de trabalho perdidos nos anos anteriores. Janeiro e fevereiro não foram meses ruins, mas a partir de março já passamos a sentir os reflexos da pandemia”, diz.
Desemprego
O governo divulgou ontem os primeiros dados sobre emprego com carteira assinada em 2020. O País perdeu um número recorde de 1,1 milhão vagas desde o início da pandemia da Covid-19, somando os meses de março e abril.
No Estado foram 21.696 demissões no período, 17.881 somente em abril, quando foram 28.169 desligamentos contra 10.288 contratações. O setor de serviços teve 7.892 postos de trabalho perdidos. Já no comércio foram 5.260.
Especialistas defendem apoio a pequenas empresas
Dar suporte para as pequenas empresas do setor de comércio e serviços, por meio de benefícios fiscais e acesso ao crédito, é fundamental para frear o desemprego. É o que garantem os especialistas em mercado de trabalho.
Para o economista Sidney Souza, as pequenas empresas eram responsáveis pela geração de quase 50 milhões de empregos no Brasil. “São elas que seguram o emprego. São negócios em áreas de alimentação, moda e varejo, setores impactados pela pandemia”.
Já a doutora em Administração e professora da Faculdade Estácio de Vitória Claudia Cavalcanti disse que, antes, o comércio e o setor de serviços vinham apresentando variações positivas de forma geral.
No entanto, segundo ela, o comércio já vinha sofrendo com a falta de mão de obra qualificada e com a alta rotatividade. "O fornecimento de cursos gratuitos de melhoria de qualificação profissional também é uma boa medida em tempos de crise".
“O mercado atual não consegue absorver essa mão de obra em sua totalidade em virtude da desaceleração econômica e da instabilidade no mercado de trabalho. ”.
A professora ressalta ainda que este cenário piorou ainda mais em virtude da epidemia e das medidas de isolamento necessárias que foram estabelecidas pelos governos estaduais no combate ao coronavírus.
"Essas medidas impactaram fortemente o setor de comércio e serviços, que acarretaram uma retração no nível de emprego e de consumo nesse ano de 2020", afirma.
Saiba mais
Seguro-desemprego
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O setor econômico que mais originou pedidos de seguro-desemprego no Estado na primeira quinzena de maio foi o de serviços, com 4.021 requerimentos (44,2%), seguido pelo comércio com 2.547 (28%).
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A faixa salarial mais atingida pelo desemprego foi a de quem recebe entre 1,5 e 2 salários-mínimos, com mais de um terço dos pedidos.
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Os homens foram 58,68% dos pedidos de seguro na primeira quinzena de maio. Já a faixa etária mais atingida foi a de 30 a 39 anos (33%), e com ensino médio completo (61%)
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Em abril foram pagas 39.292 parcelas do auxílio para capixabas, totalizando mais de R$ 50 milhões.
Demissões
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Desde o início da pandemia, o Brasil perdeu 1,1 milhão de postos de trabalho. No Espírito Santo foram 21.696 demissões a mais que contratações nesse período.
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Praticamente em todos os setores levados em conta na pesquisa houve mais demissões que contratações no Espírito Santo em abril. A única exceção foi na agropecuária, que teve saldo positivo de 347 contratações a mais que demissões.
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A Serra foi o município com maior saldo negativo entre admissões e desligamentos no Estado em abril, com -3.424 empregos. Na sequência vêm Vitória (-3.195), Vila Velha (-2.489) e Cariacica (-1.882).
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No interior, Cachoeiro (-1.198), e Colatina (-751) tiveram as maiores perdas
Fonte: Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
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