Sonho cruz-maltino reascende em final da Copa do Brasil
Coutinho disputa no Maracanã a chance de conquistar seu 1º título nacional pelo Vasco, na decisão de hoje contra o Corinthians
O roteiro parece escrito para emocionar até o torcedor mais calejado. Hoje, no Maracanã, Philippe Coutinho entra em campo carregando muito mais do que a camisa 10 do Vasco. Ele leva junto um sonho antigo, quase infantil, que atravessou oceanos, grandes clubes da Europa e voltou para casa com um único objetivo: conquistar seu primeiro título nacional pelo clube do coração.
Do outro lado estará o Corinthians, no jogo decisivo da final da Copa do Brasil. Há um ano e meio, ao ser apresentado em São Januário lotado, Coutinho resumiu o momento com uma frase que virou símbolo daquele reencontro: “Nem nos meus maiores sonhos”.
O que parecia emoção de retorno, hoje virou combustível. Desde então, o meia deixou claro que não voltou para cumprir tabela, mas para buscar algo que ainda faltava em sua história: levantar uma taça vestindo a camisa que o revelou para o futebol.
A temporada de 2025 traduziu essa obsessão em números e liderança. Superando limitações físicas e alternâncias naturais de um elenco em reconstrução, o “Pequeno Mágico” se tornou o eixo técnico do time.
São 55 jogos disputados, 11 gols, cinco assistências e, principalmente, a responsabilidade de organizar o Vasco nos momentos de maior pressão. Curiosamente, é justamente nesta final que Coutinho alcança o maior número de partidas em um único ano de sua carreira, como se o corpo tivesse entendido que não era hora de parar.
O contraste com o passado torna o cenário ainda mais poderoso. A última decisão disputada pelo meia foi em um dos maiores palcos do futebol mundial: a final da Liga dos Campeões de 2020, quando entrou no segundo tempo pelo Bayern de Munique e ajudou a garantir o título europeu diante do PSG.
Antes disso, pelo Vasco, sua única final de mata-mata havia sido a Taça Guanabara de 2010, perdida para o Botafogo, ainda nos primeiros passos como profissional. Entre um capítulo e outro, vieram Europa, consagração, quedas, recomeços e a saudade permanente de casa. Agora, o círculo parece prestes a se fechar. Da timidez do “Philippinho” do futsal, que sonhava apenas em jogar em São Januário, ao camisa 10 que conduz o time em uma final nacional, Coutinho está a um jogo de reescrever sua própria história no Vasco. Não se trata apenas de um título. É sobre devolver à torcida aquilo que sempre prometeu: entrega, pertencimento e a chance de recolocar o clube no topo.
Se o Vasco aposta em Coutinho e Rayan para ficar com o título hoje, o Corinthians tem Memphis Depay e Yuri Alberto, que podem decidir para o time paulista.
Vale lembrar que tanto Corinthians quanto Vasco fizeram temporadas irregulares. Apesar do título do Paulistão, a equipe corintiana amargou a eliminação na pré-Libertadores, a queda precoce na Sul-Americana e terminou o Brasileirão apenas na 13ª colocação. Já os cariocas também caíram na fase de grupos da Sul-Americana e ficaram em 14º no Nacional, perdendo oito partidas nas últimas dez rodadas.
O Corinthians chegou como favorito para o primeiro jogo da final, na quarta-feira, no Itaquerão. O time de Dorival Júnior havia deixado pelo caminho adversários de peso, como Palmeiras e Cruzeiro, mas fez uma partida abaixo da crítica e viu o Vasco, que eliminou Fluminense e Botafogo nos pênaltis, se sentir à vontade para desenvolver seu jogo. Os paulistas não levaram perigo e, por mais que os cariocas também não tenham assustado, viram o adversário jogar melhor, sem que o Corinthians fizesse valer o mando de campo.
Título vale redenção para técnicos
A decisão de hoje também representa a chance de redenção para Dorival Júnior ou Fernando Diniz, treinadores que recentemente tiveram passagens frustrantes pela Seleção Brasileira.
Dorival assumiu o comando da Seleção em janeiro de 2024, credenciado por títulos com São Paulo e Flamengo, mas não conseguiu dar estabilidade ao time.
Em 14 meses no cargo, foi eliminado nas quartas da Copa América pelo Uruguai, correu risco de ficar fora do Mundial e deixou o posto após a goleada por 4 a 1 sofrida para a Argentina, em março. Ao todo, comandou o Brasil em 16 partidas, com sete vitórias, sete empates e duas derrotas, alcançando 58% de aproveitamento.
A CBF optou por Carlo Ancelotti como substituto, decisão que motivou Dorival a voltar a defender técnicos brasileiros após eliminar o Cruzeiro na semifinal da Copa do Brasil.
O treinador criticou a escolha por estrangeiros e citou conquistas recentes de profissionais nacionais em competições de alto nível.
Vasco x Corinthians
Provável escalação
Vasco
Léo Jardim
Paulo Henrique Carlos Cuesta Robert Renan
Puma Rodríguez Barros
Thiago Mendes
Philippe Coutinho
Andres Gómez Nuno Moreira
Rayan
Técnico: Fernando Diniz
Corinthians
Hugo Souza Matheuzinho André Ramalho Gustavo Henrique Matheus Bidu Raniele (Maycon)
José Martínez Breno Bidon
Rodrigo Garro Memphis Depay
Yuri Alberto Técnico:
Dorival Júnior
Estádio: Maracanã
HORÁRIO: 18 horas
ÁRBITRO: Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO).
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