Santos registra déficit de R$ 105 milhões e aumento do endividamento na Série B; veja balanço
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No primeiro ano da gestão de Marcelo Teixeira novamente à frente do Santos e em meio à disputa da Série B do Campeonato Brasileiro, o clube registrou um déficit de R$ 105,2 milhões em 2024 e um aumento de 26% nas dívidas, que chegaram à marca de R$ 977,04 milhões no último ano – com uma dívida líquida de R$ 447,06 milhões. O balanço financeiro foi aprovado pelo Conselho Deliberativo, por unanimidade, nesta semana.
Na apresentação do balanço, os dirigentes seguiram a recomendação dos integrantes do Conselho Fiscal, que “não identificaram nenhum impedimento para aprovação das contas e acreditam que a gestão caminha rumo à reconstrução do clube”.
Inicialmente, foi registrado um superávit operacional no período, com uma receita de R$ 459,4 milhões e um resultado financeiro positivo de R$ 58 milhões. Somente com negociações de atletas, o Santos registrou uma receita de R$ 207,4 milhões. Marcos Leonardo, por exemplo, rendeu R$ 81 milhões aos cofres santistas na venda ao Benfica; Joaquim e Jean Lucas, negociado ao Tigres e Bahia, respectivamente, somaram para uma receita de R$ 58,9 milhões.

Até chegar a esse lucro, o Santos também precisou arcar com os custos de R$ 14 milhões a agentes e empresários, por comissão na negociação de atletas. Quando somados a outras despesas, reduzem o lucro líquido, em relação à receita total, para a casa dos R$ 127 milhões. No balanço, ainda consta dívidas do Santos com outros clubes e agentes
Entretanto, considerando provisões para demandas judiciais, despesas e receitas financeiras, amortizações e depreciações, chegou-se a um déficit contábil final na casa de R$ 105 milhões. A previsão para o período era de um superávit na casa dos R$ 6,7 milhões.
O clube argumenta que esse resultado se deve, principalmente, à atualização pela Taxa Selic dos parcelamentos do Profut, Perse e Parcelamento Simplificado. Também se somam encargos financeiros de empréstimos anteriormente contraídos. Em comparação, na temporada de 2023, o déficit registrado pelo clube naquela ocasião foi de R$ 5,4 milhões.
Vale ressaltar que o orçamento para o ano de 2024 foi produzido antes do rebaixamento à Série B, ainda na gestão de Andrés Rueda, e não considerava a queda da equipe para a segunda divisão. Mesmo assim, a receita de 2024 superou os números registrados na temporada anterior. No ano em que a equipe foi rebaixada, foi registrado um montante de R$ 424 milhões.
Aumento no endividamento
Mesmo com essa receita recorde, a queda para a Série B, somada à contratação de novos empréstimos e ao crescimento das obrigações em contas a pagar (dívidas do clube por bens ou serviços, incluindo transferência de jogadores), fez com que o clube chegasse a uma dívida bruta de R$ 977,04 milhões – um aumento de R$ 122,1 milhões em relação a 2024.
Esse aumento equivale a 31% do total orçado para a temporada de 2024 (R$ 394 milhões). Conforme estipulado no Estatuto Social, o limite de endividamento do Santos durante cada exercício não deve exceder 10% da receita orçada. Mesmo assim, o parecer do Conselho Fiscal foi favorável à aprovação das contas, mas com ressalvas.
“Diante desse cenário, recomendamos a elaboração de um planejamento financeiro para os próximos exercícios, visando reduzir o endividamento e equilibrar despesas e receitas”, afirmou o Conselho Fiscal, em parecer enviado ao Deliberativo nesta semana. Para 2025, o Santos tem uma receita orçada em R$ 423,7 milhões, com uma projeção de déficit de R$ 89,5 milhões.
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