Santos decide afastar Bauermann e pode processar zagueiro após denúncia
Clube pode até processar o zagueiro investigado por combinar cartões em um esquema de apostas esportivas
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O Santos decidiu afastar Eduardo Bauermann após denúncia do Ministério Público de Goiás e pode até processar o zagueiro investigado por combinar cartões em um esquema de apostas esportivas.
O clube se reuniu com Eduardo Bauermann e seu advogado na manhã desta terça-feira (9), mas já decidiu pelo afastamento do zagueiro.
Inicialmente, o time havia dado um voto de confiança para Bauermann ao ouvi-lo negar todas as acusações, mas a Revista Veja publicou as supostas mensagens trocadas entre o atleta e um dos responsáveis pelo esquema de apostas.
O Santos será solidário à investigação e, se a denúncia for confirmada, pode ir à Justiça contra o jogador.
O time paulista afastará Eduardo Bauermann até decidir os próximos passos e não vai rescindir por justa causa, nem aceitaria o possível pedido de demissão nesta terça.
O Santos adota cautela para não cometer erros jurídicos, mas o Comitê de Gestão já fala sobre a possibilidade de processo para rescindir com Bauermann por meio da Justiça e pedir o pagamento da multa do contrato válido até dezembro de 2024.
AS ACUSAÇÕES CONTRA EDUARDO BAUERMANN
Bauermann teria recebido R$ 50 mil antes do jogo entre Santos e Avaí, no dia 5 de novembro de 2022, para receber um cartão amarelo. Como não levou a advertência, teria prometido levar o cartão vermelho contra o Botafogo, cinco dias depois. No Rio de Janeiro, o zagueiro de fato foi expulso por reclamação.
Na conversa interceptada pelo Ministério Público, Eduardo Bauermann é cobrado por não ter levado o amarelo diante do Avaí e se compromete a levar o vermelho contra o Botafogo, porém, volta a ser interpelado por ter sido expulso após o apito final, o que não conta na maioria das casas de apostas.
Eduardo Bauermann: "Mano, só me avisa antes se realmente vai dar para fazer, senão nem tomo cartão à toa, entende?
Apostador: "Fica em paz, irmão. Vai dar certo. Nós sempre dá um jeito. Mano, se você falou para alguém (da) aposta manda não apostar mais, demorou? Tamo junto, vamos para cima".
Eduardo Bauermann: "Não, não, nem falei nada, mano... Quem comentou que faria uma aposta também foi o Luiz Taveira [empresário do zagueiro], mas ele falou brincando.. Acho que não iria fazer. Mas se alguém me chamar aqui para fazer, vou cortar já".
Apostador, após a aposta não se concretizar: "Truta, o que você fez da sua vida, mano? Qual a fita? Truta, você foi pago para fazer o que, mano? Você vai pagar todo meu prejuízo, mano. E aí, truta?
Apostador: "Olha a p... da m... que você fez. Mano, por que você não fez a p... que eu te falei? Mano, por que não tomou essa p... no primeiro tempo? Por que não deu uma p... de uma curuvelada [cotovelada]? Mano, por que você não me escuta, mano? Você me f... de novo, mano. Mas dessa vez você vai resolver. Mano, você vai me pagar tudo. Eu te pedi, eu confiei em você, mano. E você me desonrou. De novo, mano. Não estou acreditando nisso. Não deu certo porque você não escuta os outros. Era uma p... de uma curuvelada [cotovelada], um tapa na cara do jogador. Só isso, você não fez, mano, porque você não quis".
Eduardo Bauermann: "Mano, de coração, não foi porque eu não quis, eu te juro! Senão não tinha tomado nem no final e teria inventado uma desculpa para você...".
Apostador: "Por que você não deu uma cotovelada no cara? O barato vai ficar louco para você".
Eduardo Bauermann: "Mas estou correndo atrás para conseguir te pagar esses 800 mil que você falou".
Apostador: "Cadê os 50 [mil] que eu já te mandei, mano?".
Eduardo Bauermann: "Tá aqui, nem mexi nesse dinheiro".
Apostador: "Já vê aí pra já mandar esse dinheiro, mano".
OUTROS ENVOLVIDOS
O MP-GO investiga jogos da Série A, da Série B e dos Estaduais de 2023. As autoridades recolheram celulares e computadores e avançaram na investigação. De acordo com a Veja, o líder do esquema seria Bruno Lopez, conhecido como BL, e 16 pessoas estariam envolvidas.
O Ministério Público pede ressarcimento de R$ 2 milhões aos cofres públicos por "danos morais coletivos", além da condenação do grupo envolvido.
Os clubes e as casas de apostas são tratados como vítimas pelo MP. As apostas envolveriam cartões amarelos, cartões vermelhos e pênaltis cometidos.
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