Revelação dourada dos ringues
Ronald Ribeiro, de 18 anos, mantém legado capixaba de revelar grandes boxeadores e sonha alto após vencer torneio internacional
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O Espírito Santo já ofereceu ao Brasil e ao mundo campeões em diversos esportes. São craques no futebol, no vôlei de praia, no basquete e, dentre várias outras modalidades, temos também gigantes no boxe.
Por aqui a família Falcão é sempre lembrada ao citarmos esse esporte de combate. No entanto, um garoto de 18 anos já começou a traçar a sua própria história nos ringues para se tornar um dos grandes nomes capixabas da modalidade.
Ronald Andrade Ribeiro, 18 anos, 1,63m de altura e medalha de ouro com a seleção brasileira no tradicional campeonato de boxe “66th Bocskai Istvan Memorial International Boxing Tournament”, disputado na Hungria. Se essa conquista já surpreende só pela idade do atleta, ela fica ainda mais notável ao descobrirmos que esse foi o primeiro torneio de Ronald na elite do boxe.
O jornal A Tribuna conversou com o atleta para conhecer um pouco mais sobre a sua vida, conquistas e objetivos.
A Tribuna – Com qual idade você começou no boxe?
Ronald Ribeiro – Comecei com 8 anos. Eu estava de férias e não tinha nada para fazer. Estava à toa e pedi ao meu pai para entrar na academia. Logo de cara comecei a praticar o boxe. Meu pai tem um projeto social e treina alguns garotos, então ele foi meu treinador na academia desde o início.
Hoje ele não me treina mais, porque mudei para São Paulo em 2019. Agora estou na equipe The Oliveira Brothers, com o treinador Pitu e o filho dele, João, e também treino com a seleção brasileira.
Ainda, assim, sempre que venho para o Espírito Santo, eu treino com meu pai.
Qual a importância do apoio que seu pai te deu desde cedo?
Significou muito, né? Hoje em dia é difícil a família apoiar o filho no esporte. O gasto é muito alto e nem todo mundo tem condição de pagar viagem, suplementação, alimentação. Eu sou muito grato.
E o que você faz quando está fora dos ringues?
Eu gosto de ouvir música e jogar videogame. Escuto bastante rap e hip hop.
Quando começou a competir e qual luta mais te marcou até hoje?
Comecei aqui no Espírito Santo, em Jaburuna. Eu tinha oito anos. Nesse torneio eu perdi a primeira luta e chorei bastante. Mas mesmo naquele momento sempre estive com a vontade de voltar e fazer melhor. Lembro que meu pai falou que era normal, que perder é consequência. Ele me botou para treinar mais e ganhar. Tanto que na segunda competição eu fui e ganhei.
A luta que mais me marcou foi no Campeonato Brasileiro de 2019, em Santa Catarina. Eu perdi a final no último round. Foi uma luta de muito aprendizado, provavelmente a que mais me ensinou. Porque foi uma situação que nunca tinha passado antes. Naquele momento eu estava ganhando e não soube controlar a situação. No final, faltando 20 segundos, o médico interditou a luta e perdi por nocaute técnico.
A competição na Hungria foi a sua primeira participação na categoria adulta. Como foi para você a experiência?
Eu senti que estava preparado pelo trabalho de anos que venho fazendo com meu pai e o The Oliveira Brothers. Foi onde sempre planejei chegar, sabe? Estar entre os melhores.
Como foi conviver com figuras como Keno Marley, Abner Teixeira e Bia Ferreira?
Foi uma experiência nova, né? Na elite, a galera é um pouco mais “cabeça”, trabalham com mais seriedade. No juvenil não tinha essa seriedade toda. Isso é muito bom, porque o foco é maior. Espero que tenha sido a primeira de muitas.
Quais são suas características como lutador de boxe?
Eu sou um boxeador agressivo. Sou baixo, tenho 1,63m, então na maioria das vezes enfrento lutadores mais altos. Por esse motivo sempre busco o combate.
Você tem o sonho de competir em uma Olimpíada?
Estou com foco para chegar em uma Olimpíada já em 2024. Pretendo adquirir bagagem para chegar lá bem o bastante para representar o País. Se eu conseguir a vaga vai ser fantástico, ainda mais para alguém de 20 anos. Penso que a gente tem que ir subindo degrau por degrau e ir construindo nossa história.
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