Premier League e La Liga são exemplos de receitas em direitos de transmissão e inspiram brasileiros
As duas ligas mais valiosas do mundo estão de volta! A Premier League, na Inglaterra, e La Liga, na Espanha, retornam neste fim de semana na expectativa de, mais uma vez, serem o centro das atenções entre as principais competições de todo o mundo.
Os principais estudos indicam as duas ligas como as mais valiosas; de acordo com a SportingPedia, a Premier League está avaliada em 11,77 bilhões de euros (cerca de R$ 71 bilhões), enquanto La Liga aparece na sequência, com 5,29 bilhões de euros (R$31,92 bilhões).
Além de reunirem elencos bilionários e com maior valor de mercado do planeta, Premier League e La Liga são consideradas referências quando o assunto é divisão das receitas por meio dos direitos de transmissão, algo que, no Brasil, vem dando dor de cabeça.
“A Premier League sempre entendeu que o personagem principal era a Liga, e que clubes fortes e equilibrio faziam um melhor produto. Cuidadosamente foram expandindo distribuição internacional, primeiro pensando en chegar nos mercados certos para depois monetizar. Demorou quase duas décadas para fazerem o mesmo valor com direitos para o exterior que faziam com o doméstico. Diversificam modelos, se abrem para inovações e atraem big techs e empresas gigantes. Já La Liga começou apostando em tornar Barça e Real Madrid gigantes mundialmente, o que sustentou uma expansão inicial, mas eventualmente o desequilíbrio ameaçou quebrar os demais clubes. O Rei da Espanha interveio e La Liga começou a apostar no mesmo caminho dos ingleses: inovação, mais equilíbrio e cuidado com o produto ‘Liga’”, aponta Alexandre Vasconcellos, gerente regional da Flashscore no Brasil.
“A Premier League e La Liga são referências globais não apenas pelo nível técnico, mas também pela capacidade de gerar receitas robustas, especialmente com direitos de transmissão. Essa valorização impacta diretamente o mercado e os atletas, pois cria ambientes altamente competitivos e financeiramente sustentáveis”, analisa Claudio Fiorito, presidente da P&P Sport Management Brasil, especializada no gerenciamento da carreira de atletas.
Como funciona a divisão de receitas na Inglaterra e na Espanha?
Na Inglaterra, o modelo é citado como exemplar, pois 50% do valor dos direitos de transmissão são distribuídos de forma igualitária entre as 20 equipes, enquanto a outra metade é dividida de acordo com a posição final dos clubes na temporada anterior (25%), além da audiência que cada um dá para as televisões (25%).
No último ano, foram anunciados números recordes de transmissão para o período de 2025 a 2028, com US$ 15,3 bilhões (R$ 83 bilhões) em receitas globais e domésticas de mídia. Isso representa um aumento de 17% em relação ao ciclo anterior, reforçando o domínio da liga inglesa no futebol mundial. Esses valores representam uma média de US$ 5,1 bilhões (R$ 27,6 bilhões) por temporada, consolidando a competição como a mais lucrativa em direitos de TV.
Em La Liga, a divisão das receitas é um pouco mais complexa, com 50% sendo repartido em partes iguais para todos os clubes, e os outros 50% de forma variável. Esse variável refere-se ao fato de que metade do valor é válido pela classificação das últimas cinco temporadas (com quantia progressiva a partir do ano mais recente), enquanto a outra metade considera audiência na TV e bilheteria.
O que emperra unificação de Liga no Brasil é o que impulsionou receitas na Espanha e na Inglaterra
No Brasil, por exemplo, a liga é a única que se difere do restante do mundo, com os clubes negociando os direitos de transmissão de maneira individual, levando a disparidade financeira entre as equipes e no número de jogos transmitidos. Esse é, aliás, o principal entrave das equipes brasileiras para se chegar a um acordo em torno da formação de uma liga única no país, com a constante convergência de valores pela distribuição desses direitos televisivos.
“Os exemplos da Premier League e de La Liga mostram que o Brasil tem um potencial enorme para crescer em receitas de transmissão, desde que haja um modelo mais justo e equilibrado de distribuição. Hoje, a negociação individual cria disparidades e limita a valorização do nosso produto. Se conseguirmos avançar para um formato unificado, como acontece nas principais ligas do mundo, teremos condições de aumentar a competitividade, atrair mais investimentos e entregar um campeonato mais forte para os clubes, para a torcida e para o mercado”, aponta Marcelo Teixeira, presidente do Santos.
Para o presidente do Sport, Yuri Romão, a criação de regras específicas para essa comercialização dos direitos de TV e a instituição de fair play financeiro farão o interesse por parte do público e a competitividade aumentarem bruscamente, inclusive podendo capitalizar novas receitas com a internacionalização da competição
“São ligas que são referências há muito tempo, a Premier League ainda mais, e que deveriam mostrar ao Brasil que esse caminho de equilíbrio financeiro na divisão das receitas pode fazer com que a formação da liga seja atrativa para todos os clubes. A disparidade de faturamento com direitos de transmissão é gritante”, analisa o mandatário do time do Recife.
“É consenso que a formação de uma única liga no Brasil tem enorme potencial para impulsionar a valorização do futebol nacional enquanto produto. Com a união de todas as equipes e um modelo de distribuição mais igualitário, todos crescemos juntos. Dois dos grandes exemplos que temos são as ligas da Espanha e da Inglaterra, que contam com um modelo testado e que atingiu seus objetivos, tendo como resultado o crescimento das receitas e a consequentemente evolução do patamar de investimentos”, diz Giovane Zanardo, CEO do Internacional.
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