Palmeiras enfrenta Cerro atento a possível cenário hostil após casos de racismo
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O Palmeiras deve ter uma recepção hostil em Assunção, no Paraguai, nesta quarta-feira, quando enfrenta o Cerro Porteño pela quarta rodada da Libertadores. Há uma tensão na relação entre os dois clubes desde que o atacante palmeirense Luighi foi vítima de racismo de torcedores do time paraguaio, durante uma partida da Libertadores Sub-20, em março.
O episódio fez a presidente Leila Pereira se posicionar firmemente contra o racismo, cobrar punições mais duras da Conmebol e até a pedir a exclusão do Cerro Porteño da competição de base.
Depois que o sorteio da Libertadores profissional definiu que os dois times se enfrentariam na fase de grupos, Leila afirmou que tomaria cuidados especiais em relação à segurança da delegação quando o Palmeiras viajasse ao Paraguai.
“Vamos levar mais seguranças, ficou muito falado, parece que é um problema do Palmeiras contra o Cerro e não é. É uma luta contra o racismo. Fico muito preocupada, mas isto nos faz tomar precauções. Vamos levar segurança, sim, mas acho que a Conmebol vai tentar pelo menos que seja um jogo que as coisas sejam resolvidas dentro de campo, sem maiores problemas para não prejudicar o espetáculo”, disse a dirigente.
Em Assunção, a partida também deve receber atenção especial das autoridades paraguaios. Nesta terça, um dia antes da partida, o Ministério do Interior do Paraguai fez uma reunião na sede do Cerro Porteño, com a participação de representantes do clube e de órgãos como Ministério dos Esportes, Ministério Público, Polícia Nacional, Federação Paraguaia de Futebol e Conmebol.
“Durante a reunião, foi analisado o planejamento operacional e coordenadas estratégias conjuntas a serem implementadas para garantir a segurança geral do evento”, disse o Ministério do Interior em nota oficial.
“Foram abordados os vários aspetos relacionados com a política de prevenção e proteção do público, destacando o empenho de todas as instituições participantes para a concretização de um evento de sucesso, de acordo com os padrões e a hierarquia internacional que a competição exige.”
No Allianz Parque, no começo de abril, o Palmeiras venceu o Cerro por 1 a 0 em jogo do primeiro turno da fase de grupos. Durante a partida, um torcedor palmeirense foi flagrado fazendo gestos racistas em direção ao camarote onde estavam representantes do time paraguaio.
A situação rendeu uma multa de R$ 286 mil aplicado ao clube alviverde pela Conmebol. O departamento jurídico alviverde decidiu acatar a punição, mas quer repassar a multa na Justiça para o torcedor, que foi identificado no dia seguinte e banido do jogos no estádio palmeirense.
Essa não é a primeira vez que o Palmeiras viaja para um jogo de Libertadores com preocupações fora de campo. Em 2017, sob a gestão Maurício Galiotte, o clube alviverde reforçou a segurança para viajar a Montevidéu, onde enfrentou o Peñarol pela quarta rodada da primeira fase daquele ano.
Em vez de levar cinco seguranças, como costumava fazer em jogos fora de casa, levou 14, pois esperava-se um ambiente pouco amigável após desentendimentos durante a partida da terceira rodada, em São Paulo.
No Uruguai, os jogadores se envolveram em uma confusão, estendida às arquibancadas do estádio Campeón del Silgo. Os uruguaios tentaram agredir Felipe Melo, que tentou se afastar do conflito. O volante foi perseguido por Mier e deu um soco no atleta do Peñarol.
Os palmeirenses não puderam entrar no vestiário na primeira tentativa ao fim da partida, porque o portão estava fechado e houve empurra-empurra. Depois disso, os seguranças contratados conseguiram intervir para escoltar os atletas.
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