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Esportes

Menina consegue na Justiça direito de jogar futebol em torneio

A batalha na Justiça pelo direito de jogar bola levou o colégio a montar dois times femininos


Com chuteiras novas e tranças de boxeadora feitas especialmente para a ocasião, Emanuelle Oliveira, 10, de Belo Horizonte, pôde enfim jogar um torneio de futebol na escola onde estuda no Barreiro, bairro de Belo Horizonte, no último dia 12.

Ela fez cinco gols na primeira partida, que terminou em 6 a 1, e marcou um no empate por 2 a 2 no segundo jogo. Foi campeã. Seria uma competição comum na vida escolar, a não ser pelo fato de que ocorreu após família da garota ter buscado a Justiça.

Emanuelle e suas colegas do 5º ano, que formaram os dois times, só disputaram as partidas depois de que uma liminar obrigou o Colégio Santa Rita de Cássia a incluir a menina no campeonato interno, sob o risco de multa de R$ 20 mil em caso de descumprimento.

A decisão judicial obrigava a escola a permitir a participação da garota em um torneio com os meninos, mas isso não foi necessário. A batalha de Emanuelle na Justiça pelo direito de jogar bola levou o colégio a montar dois times femininos, e o torneio ocorreu.

Procurada, a administração da escola disse que a unidade está em recesso escolar e não se manifestou sobre o caso.

Na decisão, o juiz Rodrigo Ribeiro Lorenzon traz relato da garota de que "já está habituada a jogar futebol e treinar com meninos", tanto nas aulas de educação física como na escolinha que frequenta.

"Apesar disso, ao que parece, a requerida [colégio] não cogitou incluir a autora em uma equipe masculina, de modo que não é possível verificar qual seria o fundamento da negativa nessa hipótese."

Ainda segundo o juiz, a menina "não foi admitida única e exclusivamente pelo fato de não haver equipe de meninas".

O magistrado diz também que "não é razoável admitir que a autora seja impedida de participar de torneio de futebol (esporte que ela já pratica) apenas por não haver equipes femininas na disputa".

Emanuelle é fã do esporte desde muito pequena. Ela acompanha de perto o Cruzeiro, time cuja paixão divide com os pais, e se diverte com jogos como Fifa no videogame.

Além das telas e do entretenimento, o futsal é o esporte que pratica desde os cinco anos, quando começou a treinar em uma escolinha no bairro. "Para mim, o futebol é uma brincadeira. Gosto muito, eu me divirto jogando", conta Emanuelle.

Com a retomada das aulas presenciais, no primeiro semestre deste ano, ressurgiu também o antigo desejo de jogar bola com os colegas e disputar os campeonatos promovidos pela escola. A expectativa acabou se transformando em frustração diante do questionamento que Emanuelle sempre levava para casa: por que não há disputas de futebol feminino nos campeonatos internos?

A partir do incômodo da filha, sua mãe, a estudante de psicologia Daniele Oliveira, conta que tentou contato diversas vezes com o colégio. Recebia constantemente o retorno de que não havia meninas interessadas em praticar o esporte. Tampouco autorizavam a jovem a jogar no torneio com os meninos.

A pedido de Emanuelle, a mãe persistiu e enviou, ao longo de dois meses, dezenas de emails para a diretoria, mas sempre recebia a resposta de que não havia a possibilidade de formar uma equipe feminina.

Com os pedidos negados, a família aproveitou uma festa junina para manifestar a indignação diante da resistência da escola em permitir que a aluna participasse do campeonato.

Pai, avó, tia e padrinhos apoiaram. Daniele e Emanuelle levaram cartazes e camisetas que continham frases afirmando que mulheres gostam, sim, de futebol e que a luta pelo esporte é também uma luta por igualdade.

O protesto trouxe à tona histórias parecidas. "Apareceram outras alunas pedindo para jogar, as coisas tomaram uma proporção muito grande, e vimos que estávamos diante de um tipo de preconceito inaceitável", conta Daniele.

Depois do ato, a direção da escola aceitou marcar uma reunião, mas deixou claro que não permitiria que Emanuelle participasse do campeonato no time de seus amigos.

Foi diante desse cenário que Daniele decidiu procurar uma advogada, que entrou com ação judicial com caráter de urgência para que Emanuelle pudesse jogar.

"É uma questão maior do que o futebol, que diz do preconceito. Quero que minha filha saiba que ela pode fazer o que quer, e aquilo foi inaceitável e inacreditável", conta a mãe, que não pensava em judicializar o caso, mas não encontrou outra solução.

"Estou feliz porque, no final de tudo, eu e minhas amigas ganhamos o campeonato", conta a menina. "Vou carregar para a minha vida que as mulheres têm o direito de fazer o que querem."

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