F1: Norris dá troco em Piastri em domínio da McLaren, e só a chuva ameaça favoritismo na Bélgica
Escute essa reportagem
Ainda que tenha aceitado perder para Max Verstappen na sprint deste sábado (26), a McLaren segue firme e forte no GP da Bélgica de Fórmula 1 Spa-Francorchamps. Diferentemente da maior parte do grid, os papaias nem sequer mexeram na configuração do carro para a classificação e, mesmo assim, dominaram com folga. A questão girou mais em função de quem faria a pole. E Lando Norris, depois de se debruçar sobre os dados entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, foi capaz de encontrar uma forma de neutralizar o companheiro de garagem, Oscar Piastri, que o havia superado em 0s6 no dia anterior.
O caso é que o britânico corrigiu os erros e promoveu ajustes interessantes após a sprint, para surpreender o colega. É verdade que a posição de honra do grid não veio em uma volta recorde — apenas 0s085 separaram a dupla —, mas foi suficiente para dar o troco e tentar a revanche. A ressalva é a chuva, talvez o único elemento capaz de mudar a história da equipe laranja na Bélgica.
A verdade é que a McLaren deu pouca importância à corrida curta, porque entendeu que a vantagem em reta da Red Bull era apenas momentânea. Os ingleses seguiram com a mesma linha de acerto neste sábado, ou seja, priorizaram uma configuração com maior carga aerodinâmica, para voar nos trechos mais fluidos do icônico circuito das Ardenas.
A confiança dos engenheiros reside no fato de que o equilibrado MCL39 se ajusta facilmente a quase todas as condições, sem perder demais em velocidade de reta. Isso, inclusive, foi um dos grandes pontos fortes do caminho escolhido por Norris — o desempenho na sprint, principalmente no fim, quando alcançou os ponteiros, deixou a impressão que havia mais por vir. E dentro deste aspecto, é possível afirmar que a esquadra de Andrea Stella está também resguardada para a chuva que se avizinha para a etapa belga da F1.
De fato, a equipe britânica trabalha melhor a temperatura e é capaz de criar performance mesmo na transição de piso molhado e seco. No entanto, a súplica por uma corrida dentro da normalidade se justifica pelo temor do caos e do imprevisível — porque há um potencial de vulnerabilidade diante da concorrência.
É tão verdade que Verstappen deixou claro que, em condições normais, o objetivo é o terceiro posto. Mas que a chuva tem capacidade para mudar o cenário. E foi pensando nisso que a Red Bull também tomou um caminho diferente depois da vitória na sprint. Inicialmente, os taurinos haviam optado pela velocidade de reta, o que foi crucial para manter Piastri e Norris atrás durante as 15 voltas da prova menor. Só que, para o domingo, o acerto será outro, tendo como referência a previsão de tempo. A esquadra austríaca seguiu a McLaren nessa.
Os engenheiros liderados por Laurent Mekies e Pierre Waché decidiram colocar maior carga aerodinâmica no RB21, e isso tirou desempenho nos trechos mais rápidos, mas melhorou nas curvas de média e baixa velocidade. O problema é que Verstappen enfrentou alguns contratempos ao longo do caminho e acabou terminando em quarto. “Na verdade, eu esperava mais. O equilíbrio do carro estava pior do que ontem, e não deveria ter sido assim”, começou o piloto.
“O Q1 correu bem, o Q2 não foi ruim, mas o Q3 foi terrível. Não tive confiança no primeiro jogo de pneus e não tive aderência. E com o segundo jogo, perdi imediatamente 0s2 na curva 1 porque não tinha tração. Fizemos algumas mudanças nos pneus, mas também não funcionaram.”
“Agora, se estiver molhado e depois secar, sempre há um pouco de caos e, naturalmente, algumas ultrapassagens. Mas no seco, se encontrar em um trem DRS, pode ficar realmente complicado. Por isso, acho que a minha batalha, tanto no molhado quanto no seco, será com Charles (Leclerc). Se eu for bloqueado por Charles, a McLaren já estará 10s à frente. Então, sim, temos de mirar no pódio. Acho que isso é realista”, completou Max.
Mesmo em uma postura pouco otimista, o piloto da Red Bull tende a ganhar terreno na chuva — a história conta que é impossível descartá-lo em pista molhada — e é uma ameaça, até maior do que Leclerc. O monegasco sai em um inesperado terceiro, depois de uma volta sem erros no Q3. Mas questão realmente é acerto da Ferrari. A equipe italiana optou por entregar mais velocidade, e isso deve cobrar um preço alto em caso de intempérie. Mas os ferraristas parecem não acreditar tanto no caos. “Não sei se a chuva seria melhor ou pior para nós. Se chover, de qualquer forma, será positivo ganhar experiência com este carro em todos os cenários”, disse o chefe Frédéric Vasseur após a classificação.
Interessante notar que os principais serviços meteorológicos apontam para uma alta possibilidade de chuva — cerca de 70% — para o momento da largada, 15h (locais), 10h em Brasília. E levando em consideração o histórico de Spa, a chance de balbúrdia também cresce na mesma proporção. O caso é entender quem leva a aposta. Em termos de estratégia, o que é possível falar se resume à pista seca: uma ou duas paradas, na combinação macios e médios. Agora, no molhado, o cenário fica totalmente aberto, mesmo para uma dominante McLaren.
Comentários