F1: McLaren confirma força em Ímola e aguarda disputa entre Mercedes e Red Bull
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A Fórmula 1 abriu a fase europeia da temporada ainda sob o comando laranja da McLaren. A equipe britânica usou bem os dois primeiros treinos livres do fim de semana da Emília-Romanha e deixou um recado claríssimo: se nada estranho acontecer, a etapa em Ímola está garantida.
Oscar Piastri liderou as duas sessões do dia, tendo sempre o companheiro Lando Norris em segundo. Apenas 0s025 separaram a dupla na ponta da tabela do segundo treino. Quem mais perto chegou foi um destemido Pierre Gasly — mas 0s276 atrás dos papaias, na terceira posição.
Os rivais habituais sequer apareceram. Também por isso o dia terminou com a sensação de que a McLaren apenas vai esperar uma decisão entre Red Bull e Mercedes, para saber quem se aproxima ou se vai correr algum risco de fato na corrida italiana.
Interessante perceber que a esquadra chefiada por Andrea Stella ainda levou a Ímola um considerável pacote de novidades, com atualizações em quatro áreas do carro. Revisou suspensão e asa traseiras, além da beam wing — elemento na parte inferior da asa traseira — para melhorar fluxo de ar, equilíbrio aerodinâmico e eficiência em média e alta velocidade.
Também modificou a suspensão dianteira para aumentar confiabilidade. E parte disso tudo foi possível perceber em pista, uma vez que o carro laranja se portou bem dentro do compromisso entre downforce e velocidade. Como sempre, os trechos de baixa e média velocidade são os pontos fortes, mas o MCL39 também se mostrou rápido nos setores mais fluidos do circuito.
A McLaren também se portou bem com os pneus médios e macios. O ritmo de classificação está lá, bem como o desempenho em condição de corrida.
“É bom estar de volta a Ímola, um circuito icônico, rápido, fluido e desafiador para os pilotos e para as equipes. Foi um dia relativamente tranquilo e produtivo de treinos. Aprendemos bastante sobre o acerto do carro e o comportamento dos pneus”, disse Stella após o fim das atividades.
“O carro parece competitivo, mas o pelotão está muito próximo, incluindo algumas equipes do meio do grid que não estão muito longe. Por isso, teremos de garantir que vamos maximizar cada pequeno detalhe, tanto no acerto do carro quanto na pilotagem. Estamos ansiosos pelo restante do fim de semana”, completou.
Ainda que esteja em uma posição de domínio, é compreensível a preocupação com os adversários. Normalmente, há uma diferença em termos de performance de sexta-feira para sábado e é prudente esperar o refinamento do acerto entre os oponentes.
E será particularmente importante evitar qualquer tipo de erro, pois a classificação tende a ser mais decisiva para o resultado da corrida do que em outras partes, como Miami, por exemplo — isso porque Ímola é estreita, tem zebras altas e poucos locais de ultrapassagem. Deste ponto de vista, Piastri tem razão quando diz que a disputa da pole não será resumida à dupla da McLaren.
“Nesta pista, largar na frente é crucial, e não acho que a classificação será uma batalha apenas entre Lando e eu. Espero que haja outros oponentes também”, afirmou. “Isso porque já vimos sextas-feiras em que nos saímos bem, seguidos por melhorias em relação aos nossos rivais antes da classificação. Ainda há algumas coisas que tentaremos melhorar, mas, no geral, o trabalho realizado hoje foi tranquilo.”
De fato, a classificação pode ser a única arma da concorrência neste ponto. É bem verdade que a Alpine apareceu forte com Gasly, mas não é possível descartar o que a Mercedes pode fazer. O time alemão tem conseguido espremer performance do bom W16 e ainda colocou em Ímola algumas novidades interessantes, como os novos perfis da suspensão dianteira, asa dianteira e cobertura do motor. Foi um dia de testes para as Flechas de Prata, portanto, mas a sensação é de que há mais por vir, mesmo com um pouco representativo quarto lugar de George Russell, a 0s4 dos líderes. Kimi Antonelli terminou o dia apenas em 18º, devido a um erro durante a simulação de classificação.
“Trouxemos nosso primeiro pacote significativo de atualizações aerodinâmicas e ele parece estar funcionando como esperado”, explicou Andrew Shovlin, diretor de engenharia dos alemães. “Isso é encorajador e nos dá uma plataforma sólida na qual podemos construir o restante do fim de semana”, seguiu.
Shovlin falou sobre o trabalho em ritmo de corrida da Mercedes, que pareceu realmente forte — é quem mais aproxima da McLaren. Mesmo assim, o engenheiro entende que a disputa será mais acirrada neste sábado. “O pelotão está compacto, e vamos fazer nosso trabalho ao longo da noite para ver que ritmo podemos levar para o último treino. Quando é tão competitivo quanto vimos hoje, cada centésimo pode fazer a diferença”, completou.
É aqui que Max Verstappen entra no cenário. O neerlandês enfrentou problemas nesta sexta-feira em Ímola, reclamou demais do equilíbrio geral do RB21, porque ora o carro saía de frente, ora perdia aderência. Assim, não foi uma surpresa o quinto posto na tabela, quase 0s5 atrás da McLaren. “No momento, de maneira geral, não somos rápidos o suficiente. Precisamos ter um melhor equilíbrio nas curvas e também nas simulações de longa distância”, disse Verstappen aos repórteres.
“Fui ultrapassado pela McLaren, então isso já diz tudo, certo?”, ainda falou Max. “Eles abriram vantagem, mas mesmo assim, comparado a outras equipes ao nosso redor, acho que no momento está um pouco difícil.”
No entanto, a performance em corrida foi bem mais interessante e, de certo modo, consistente. Mas o caso aqui é que o tetracampeão também não pode ser tirado da lista. A história da primeira parte desta temporada conta que a Red Bull, muitas vezes, encontra uma fórmula mágica da sexta para o sábado, então talvez seja imprudente não os considerar — ao menos como uma terceira força, muito próxima da Mercedes.
E por fim, há a Ferrari. Correndo em casa, a equipe italiana prometia uma revolução em termos de atualizações, mas esse plano sofreu uma mudança — Frédéric Vasseur preferiu esperar até a Espanha. Ainda assim, os vermelhos levaram algumas novidades a Ímola, mas o dia foi desastroso, marcado por problemas de confiabilidade. Tanto Charles Leclerc (sexto), quanto Lewis Hamilton (11º) se queixaram demais dos freios, e isso atrapalhou boa parte do programa técnico ferrarista. Portanto, a escuderia tem um longo caminho a percorrer ainda e, neste momento, parece bem mais distante das ponteiras.
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