“Sou mais feliz como técnico do que quando era jogador”, diz Ney Barreto
Técnico do Vitória revela lado emotivo antes do jogo de hoje contra o Ceilândia, que vale vaga nas oitavas de final da Série D
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Agitado enquanto comanda a equipe na beirada do campo, o técnico Ney Barreto, do Vitória, já mostrou que não tem medo de se emocionar. Após conseguir a classificação na vitória contra o Resende, o treinador caiu no choro. Mas o que ninguém parece saber, é a história por trás de tanta emoção.
Indo e vindo do Espírito Santo desde 2021, o carioca Ney Barreto deixou o Rio de Janeiro para seguir o seu sonho. Por lá, ficaram amigos, familiares e o seu filho. Na tarde de hoje, às 15h30, contra o Ceilândia/DF pelo jogo de volta da segunda fase da Série D, o técnico tenta repetir o feito histórico de 2019, quando o Vitória avançou para as oitavas de final do torneio.
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Antes disso, ele contou um pouco da sua história em uma entrevista exclusiva para o Jornal A Tribuna.
A Tribuna – O que te motivou a correr atrás do seu sonho?
Ney Barreto – Esse sonho surgiu desde que parei de jogar. É o que sei fazer. Não sei se muito bem, mas é o que sei fazer. Acredito que todo mundo tem um dom e acho que o meu é esse. Ser professor, instrutor… Sou mais feliz sendo treinador do que era como jogador. Mas só percebi isso quando comecei a dar aula para crianças. Porque é muito legar você acompanhar a evolução.
E no futebol profissional é quase a mesma coisa. Você chega em uma pré-temporada com jogadores que não conhece ou que ainda não formam um time e, de repente, durante a caminhada, você vê a construção. Isso é muito prazeroso.
E como foi deixar a vida que você conhecia para trás?
Abandonar a família, filho, amigos, a cidade que nasci e vivi… isso tem um peso. Você está fora de casa e quando acontece alguma situação adversa, você não tem aquelas pessoas ao seu lado. Apesar de acharem que sou uma pessoa durona, na verdade não sou. Então é muito difícil estar “sozinho”. Apesar de já estar adaptado a cidade e ter amigos aqui, ainda sinto falta daquela base.
Mas, como disse, é o que seu fazer. A vinda para o Espírito Santo saiu de uma oportunidade. Eu tinha feito um bom trabalho no América/RJ e, no final de 2021, um atleta que estava no Estrela do Norte me indicou lá. Conversei com o clube e, por achar que precisava de um mercado novo, aceitei o convite. Foi quando minha relação com o Espírito Santo começou.
O que te motiva a seguir nesse caminho?
Acho que não sei começar a vender para virar vendedor, por exemplo. Às vezes a gente fica triste com os resultados que não aparecem, o torcedor pressiona… Eu sei da paixão e respeito muito isso. Já fui torcedor um dia. Mas o torcedor pode ter certeza que o profissional, se bobear, quer a vitória mais do que eles. Porque a gente vive disso. Essa é a nossa vida. Eu sinto todas as derrotas e isso pesa, mas é o que sei fazer e gosto de fazer. Eu amo o que faço.
O que faz com que você se emocione tanto, como contra o Resende, por exemplo?
Contra o Resende foi por tudo o que a gente passou. Depois do jogo contra o Democrata/GV estava quase decretado que não conseguiríamos classificar. A pressão externa e interna era muito grande. Aí conquistamos três vitórias seguidas e, mesmo assim, dependia de um jogo que não estava no nosso controle. Quando conseguimos, é uma mistura de emoções. Alívio, alegria… passa um filme na cabeça.
Não contei a ninguém, mas internamente tinha muito em jogo. Eu nunca tinha vencido o Resende, nunca tinha vencido no estádio do Trabalhador, então foi muita coisa naquele dia. Foi importante!
Eu sou um cara emotivo e não tenho vergonha disso. Se tiver que chorar, vou chorar. Não procuro esconder. Eu explodo, brinco, xingo, sou agitado na beirada do campo. É o meu jeito.
O que cada jogo significa?
Cada jogo significa minha vida. A gente sabe que o treinador no Brasil é um eterno interino, então não sei qual vai ser a reação com a classificação. Talvez chore de novo.
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