“Quero a medalha de ouro nos Jogos de Paris”, diz Mariana Gesteira
Mariana Gesteira, do Álvares Cabral, subiu no lugar mais alto do pódio no Mundial de natação paralímpica e está focada em 2023
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Atleta do Álvares Cabral, a carioca radicada no Espírito Santo Mariana Gesteira voltou do Mundial de Natação Paralímpica, na Inglaterra, com cinco medalhas e os melhores tempos de toda a sua carreira.
A nadadora disputa a classe S9 (para atletas com limitações físico-motoras) e, após se tornar campeã mundial nos 50 metros livre em 2022, Gesteira conquistou o bicampeonato este ano e bateu o recorde da competição com o tempo de 27s70. Além disso, ela trouxe para casa também a medalha de prata nos 100 metros livre e três bronzes: 100 metros costas, revezamento misto 4x100 medley e revezamento misto 4x100 livre.
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Em uma entrevista exclusiva para o Jornal A Tribuna, ela contou um pouco mais sobre como foi o Mundial, quais são os seus próximos desafios e como estão as expectativas para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024.
A Tribuna - Como você analisa a sua campanha no Mundial?
Mariana Gesteira - Fomos para o Mundial pensando em atingir nossas melhores marcas e, como consequência, as medalhas poderiam vir. Então tudo o que eu poderia fazer era entregar a minha melhor versão. Ano passado fui a atleta da classe que mais evoluiu e esse ano conseguimos repetir esse feito.
Bati marcas que já duravam mais de sete anos, marcas que eu tinha feito em 2016. Acredito que tudo isso se deve ao fato de termos trabalhado de forma inteligente, sabendo potencializar meus pontos fortes, entendendo cada vez mais sobre a minha deficiência e respeitando os processos.
Sabíamos que nossa campanha seria boa, mas não sabíamos o quanto. Em 2016 eu tinha 21 anos. Agora tenho 28. Então bater essa marca é muito especial. Estou redescobrindo como nadar depois da piora da minha deficiência. Fiquei quase sete anos sem conseguir evoluir muito. Então estou muito feliz e satisfeita.
Você disse que o Mundial seria um espelho para os Jogos de Paris. Isso se confirmou?
Com certeza foi um reflexo do que nos espera. Meus principais concorrentes estavam ali. Bati na trave em uma prova, que perdi na última braçada, então o nível está muito bom. O caminho é esse. Se conseguirmos manter essa evolução, estaremos cada vez melhores para Paris. O cenário meio que já está montado, então podemos nos preparar mais. A cada temporada, a cada ciclo que passa, o objetivo é ser melhor. Agora que conseguimos nosso objetivo no Mundial, temos o Pan-Americano, que também vai ser importante para a nossa preparação para as Olimpíadas.
O que podemos esperar do Pan-Americano?
Estamos com algumas questões em relação ao Pan. Não vai ser a principal competição do ciclo, porque a principal competição do ciclo é Paris. Então temos duas questões: se vamos tentar nadar para conquistar mais medalhas ou se tentamos melhorar ainda mais nossas marcas. O Pan é um campeonato muito importante, assim como buscar medalhas, porque isso reflete o nosso bom trabalho.
De qualquer forma, sei que estou preparada. Independente da quantidade de provas que vou disputar, vou me entregar ao máximo. Temos que aproveitar essa onda, porque o momento é muito bom.
O que mais te motiva nessa reta final de ciclo até Paris?
Eu tenho sonhos, né? Como todo mundo. Eu quero muito me tornar campeã paralímpica. Não sei se conseguirei, mas é a nossa maior meta e objetivo: uma medalha de ouro em uma Paralimpíada.
O que me inspira muito também é poder ver o quanto eu consigo, através do meu trabalho, motivar as pessoas. Sejam pessoas com deficiência, pessoas com a mesma doença que eu ou pessoas que convivem comigo. Vejo que o que faço toca as pessoas e isso me inspira. Mas o que mais me motiva é a busca pela medalha. Tenho várias torres (Torre Eiffel) coladas pela casa. Outras em formato físico, que levo em todos os treinos. Olho para elas todos os dias, com muita certeza do que quero realizar. Só o nome Paris já me arrepia, então todo o trabalho que estamos construindo é para chegar lá e detonar.
Como ter essas torres por perto te motivam?
É muito importante ter essa referência na piscina, por exemplo, porque quando os tempos estão difíceis, me apego a isso para tirar forças e continuar. Não é algo que está ali à toa. Me impulsiona. Durante as competições deixo uma torre na mochila. Sempre visualizo ela antes de competir.
Nas redes sociais, você agradeceu muito a Erica (namorada) e ao seu treinador Leonardo Miglinas Cunha. Quão importantes eles são nessa caminhada?
Eles são essenciais! São meu porto seguro. Quando as coisas estão difíceis, ter o carinho deles é o que faz a diferença, é o que me mantém inteira e motivada. Saber que posso falar e estou sendo ouvida. Somos uma família, não só nós três, mas todo o grupo e a comissão técnica. Trabalhamos muito próximos e estamos sempre em busca do melhor. Contar com a Erica e com o Léo nessa trajetória é o que torna a minha vida mais bonita. É o que eu tenho de melhor.
O que te motivou a treinar aqui no Espírito Santo?
Escolhi treinar no Álvares Cabral por causa Léo (treinador). Ele é o técnico da seleção paralímpica. Já nadei aqui quando era bem novinha, mas quase não lembro. Então conheci o Léo durante uma competição internacional e tivemos uma afinidade grande. Eu precisava de alguém como ele para ajudar a minha carreira. Vi nele tudo o que eu precisava e mais um pouco.
Qual a importância de valorizarmos o esporte?
O esporte salva vidas. Quanto mais a gente puder valorizar isso, valorizar os profissionais que trabalham com isso, melhor. Isso nos motiva ainda mais. O esporte salvou a minha vida e a de todos os atletas que conheço. Como pessoas e nos dando uma profissão.
Quem é
Mariana Gesteira
Idade: 28 anos
Cidade natal: Itaboraí, RJ
Clube atual: Álvares Cabral
Classe na natação: S9 (para atletas com limitações físico-motoras)
A atleta nasceu com a Síndrome de Arnold-Chiari, que afeta a coordenação e equilíbrio.
Mundial de 2023: Ouro nos 50m livre; prata nos 100m livre; bronze nos 100m costas, no revezamento misto 4x100 medley e no revezamento misto 4x100 livre.
objetivo: Ouro em Paris 2024
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