Dudu tem multa retirada em condenação no STJD por ofender Leila Pereira; entenda
Escute essa reportagem
O Atlético-MG achou injusta a punição de seis jogos e multa de R$ 90 mil impostas ao atacante Dudu pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na sexta-feira, por postagens ofensivas direcionadas à presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e entrou com pedido de efeito suspensivo. Nesta segunda-feira, o Tribunal acatou em partes à requisição mineira, tirando apenas a obrigação do pagamento da multa financeira.
Na verdade, o clube mineiro gostaria que a punição de jogos também fosse reduzida até o julgamento do recurso. Dudu já não esteve em campo justamente contra o Palmeiras, na derrota por 3 a 2 neste domingo, no Allianz Parque, pela 15ª rodada do Brasileirão, cumprindo sua primeira partida de penalidade.
A decisão de sexta-feira foi proferida por unanimidade, mas em primeira instância. O Atlético-MG entrou com recurso no Pleno do STJD e confia que seu atacante seja liberado antes de novo julgamento. Desta maneira, ele enfrentaria o Flamengo no Brasileirão e nos dois jogos das oitavas da Copa do Brasil, além de Red Bull Bragantino e Vasco.
Dudu foi denunciado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que fala sobre punição a quem praticar ato discriminatório. Ele respondeu por ofensas misóginas contra Leila Pereira, que o denunciou na Justiça por causa de postagens nas redes sociais de janeiro, quando deixou o Palmeiras. O atacante postou um “VTNC” para a mandatária palmeirense.
Advogados que representam o jogador reclamaram da demora do STJD em dar resposta ao recurso. Mas a decisão desta segunda-feira não foi a esperada.
A defesa do atleta mostrou indignação em relação à decisão. “É mais do que uma omissão: é sintoma claro de interferência e ausência de isenção”, diz o comunicado oficial em determinado trecho, referindo-se a uma foto de Renata Mendonça, auditora do STJD, que teve participação no julgamento, ao lado das advogadas ?Danielle Maiolini e Valentina Kalaf, representantes de Leila. A reportagem do Estadão procurou o STJD em razão das declarações da defesa de Dudu, mas não obteve retorno.
Confira o pronunciamento oficial completo da defesa de Dudu:
O recurso foi apresentado com pedido de efeito suspensivo há mais de 48 horas — e até agora, nenhuma decisão. Essa demora não tem precedente.
É mais do que uma omissão: é sintoma claro de interferência e ausência de isenção. O que agrava ainda mais a situação é a foto publicada no dia do julgamento, em que aparece a auditora do STJD que integrou o colegiado, ao lado das advogadas da presidente do Palmeiras — parte diretamente interessada no resultado.
O slogan estampado? “Mulheres ocupando espaços no esporte e no mundo.”
Quando o julgamento trata justamente de um caso que envolve narrativa de gênero, e o discurso público das julgadoras ecoa o da acusação, a imparcialidade desaparece. A verdade é que há processo cível e criminal em curso, pelas duas partes.
O caso nem sequer deveria ser decidido no STJD porque tudo ocorreu extra campo e entre pessoas físicas - tanto é que ação ajuizada pela Leila foi pelo CPF dela e não CNPJ do clube. Mas o que se viu foi uma condenação construída num ambiente simbólico incompatível com a Justiça — e um efeito suspensivo inexplicavelmente parado.
Com isso Dudu não irá jogar. Jogo de Cartas Marcadas. Essa imagem é mais do que uma foto. É a afronta ao devido processo legal, à defesa e à integridade do futebol brasileiro. Causa indignação!
Comentários