ANÁLISE: Ary Borges tem atuação de gala em estreia do Brasil na Copa do Mundo
Após atuação convincente na estreia, a seleção encara no próximo sábado seu maior desafio na fase de grupos
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O Brasil estreou na Copa do Mundo com uma goleada de 4 a 0 para cima do Panamá, na última segunda-feira (24), no Hindmarsh Stadium, na Austrália. Favorita, a seleção brasileira não deixou a desejar e apresentou uma atuação sólida do início ao fim do confronto. Mesmo o jogo sendo coletivo, um nome se destacou: Ary Borges.
A jovem de 23 anos, nascida em São Luís do Maranhão, não sentiu o peso de estar vestindo a Amarelinha na maior competição de futebol do planeta e debutou com três gols, uma assistência para o gol de Bia Zaneratto e o prêmio de melhor jogadora da partida. Com esse desempenho, ela se tornou também a primeira brasileira estreante em Copas do Mundo a marcar um hat-trick no jogo de abertura da seleção.
A camisa 17 do Brasil foi convocada pela primeira vez para a seleção principal em 2020 e, no ano passado, conquistou o título da Copa América. Ainda assim, balançar a rede em sua estreia no maior palco do futebol mundial fez a atacante cair de joelhos em lágrimas de emoção. Na sequência veio o segundo gol, depois a assistência para o terceiro e, por fim, o hat-trick para concluir a goleada de 4 a 0 para cima do Panamá.
Mas o que o jogo de estreia nos contou sobre a seleção?
Olhando de forma quadrada para as estatísticas do confronto, é possível observar o domínio brasileiro. Com 73% de posse de bola, a equipe canarinha ditou o ritmo da partida. Foram 32 finalizações do Brasil e apenas 6 do Panamá. Nos passes… outro baile. A seleção brasileira completou 571 passes, enquanto o Panamá trocou somente 211. Os números não mentem e espelham bem o controle do Brasil no duelo de estreia das seleções. Uma postura que trouxe ânimo, esperança e alegria para os brasileiros.
Mas, para ser honesta, não podemos deixar de lado um fato: a seleção do Panamá é mais fraca do que a seleção brasileira. No entanto, depois dos 16 confrontos realizados na primeira rodada da Copa do Mundo, o resultado do Brasil foi um dos que mais convenceu.
A Nova Zelândia, que conquistou a vaga no Mundial por ser um dos países sede, fez história ao vencer a sua primeira partida em Copas: 1 a 0 em cima da Noruega (que ocupa a 12ª colocação no ranking mundial da Fifa). O Canadá (7º lugar no ranking) empatou com a Nigéria (40º). A Inglaterra (4º) venceu o Haiti (123º) por apenas 1 a 0. Os Estados Unidos, que lideram o ranking, venceram o Vietnã (32º) por 3 a 0. A França (5º) e a Jamaica (43º), que estão no mesmo grupo do Brasil, empataram em 0 a 0. E a Suécia (3º) quase perdeu para a África do Sul (54º).
O que isso quer dizer?
Que é Copa do Mundo! E tudo pode acontecer em uma Copa do Mundo. Cada jogo é um jogo. E é por isso que seleções tradicionais estão levando sufoco de seleções ditas ‘inferiores’. De todas as partidas realizadas nesta primeira rodada, o Brasil mostrou talvez o futebol mais consistente. Isso não quer dizer que agora a seleção brasileira é a favorita. Nem de longe. Mas temos um time que quer brigar no escalão mais alto do Mundial.
Contra a França, no próximo sábado (29), pela segunda rodada da Copa do Mundo, o Brasil provavelmente não vai manter o mesmo controle apresentado na estreia. A posse de bola não vai ser toda brasileira e a dinâmica terá que ser totalmente diferente.
Contra o Panamá, os quatro gols do Brasil saíram após cruzamentos para dentro da área. Em partidas contra Inglaterra e Alemanha, antes do Mundial, os cruzamentos também foram uma arma utilizada pela seleção canarinha, mas se mostraram bem menos fatais. Por esse motivo, as brasileiras vão precisar mostrar um repertório maior e melhor na construção das jogadas. Talvez algo parecido com o que foi feito no início do lance que terminou com Bia Zaneratto marcando o terceiro gol do Brasil no confronto de estreia.
De acordo com a treinadora Pia Sundhage, a jogada apresentou um “jeitinho brasileiro”. E é esse jeitinho brasileiro, sempre imprevisível, que pode fazer a diferença no maior desafio do Brasil nesta fase de grupos e, por que não, durante todo o Mundial.
EMOÇÃO
Para o Brasil: A capella!
Como de costume, apenas a primeira parte do hino brasileiro foi reproduzido antes da bola rolar na estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo, no entanto, a torcida cantou a segunda parte a capella - o que emocionou as jogadoras dentro de campo.
Para o Panamá: a história sendo escrita!
No momento do hino, a emoção das atletas foi vista de forma clara. Algumas delas não conseguiram segurar a emoção e choraram por estarem vivendo aquele momento ao representarem as cores do Panamá na primeira Copa do Mundo do país.
VISIBILIDADE
Antes de entrar em campo, a artilheira Ary Borges possuía cerca de 92 mil seguidores em seu instagram. Mais de 24 horas depois, ela já ultrapassou a marca de 380 mil.
Os números também subiram nas transmissões. Dona dos direitos de transmissão na TV Aberta, a Rede Globo obteve a maior audiência no horário (8h às 10h) desde agosto de 2008. Já a CazéTV, que possui os direitos de transmissão no streaming, atingiu a marca de 1 milhão de aparelhos simultâneos conectados no Youtube. Desta maneira, o canal bateu o recorde mundial de maior audiência do futebol feminino na história da plataforma.
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