GP São Paulo volta a ser decisivo para definir o campeão da F1
Ainda que não possa coroar o campeão, a etapa brasileira promete ser decisiva no enredo da temporada
O autódromo de Interlagos já foi o palco da consagração de seis campeões mundiais de F1. Foi lá que o então jovem espanhol Fernando Alonso, aos 24 anos, encerrou o reinado de Michael Schumacher em 2005 ao conquistar o primeiro de seus dois títulos -o alemão vinha de cinco troféus consecutivos.
Também foi ali, sob um clima que alternava entre esperança e desolação, que Felipe Massa viu o sonho do título escorrer entre os dedos na última volta do GP do Brasil de 2008, no instante em que o inglês Lewis Hamilton, então um estreante brilhante, garantiu a primeira de suas sete conquistas.
Neste domingo (9), a partir das 14h (de Brasília), ainda que não possa coroar o campeão, a etapa brasileira promete ser decisiva no enredo da temporada. Lando Norris chega à pista liderando o campeonato por um fio -apenas um ponto à frente de seu companheiro na McLaren, Oscar Piastri (357 a 356). Um pouco mais atrás, a 31 pontos, Max Verstappen ressurge na disputa, encurtando distâncias e reacendendo o sonho de um quinto título.
Apesar de não depender apenas de si para buscar a virada, o holandês demonstra confiança na chance de ultrapassar os carros da McLaren na reta final da temporada. "Vamos tentar ser os mais competitivos o possível. Eu sei que ainda existe essa pequena chance de lutar pelo título. Nós vamos fazer o nosso melhor e ver onde vamos chegar'', disse ele à Folha.
O ímpeto do holandês não foi suficiente para mudar a postura da equipe rival. Nesta quinta-feira, o CEO da McLaren, Zak Brown, reafirmou o compromisso de intererir na disputa entre Norris e Piastri.
"Se ele [Verstappen] vencer, vou apertar a mão dele e dizer: 'ótimo trabalho'", declarou o executivo. "Quero ter certeza de que, se não ganharmos, é porque ele nos venceu, não porque nós nos derrotamos. Isso é o mais importante", acrescentou.
A disputa aberta entre os três líderes faz da etapa brasileira ainda mais importante em um fim de semana especial para os fãs brasileiros, que poderão novamente torcer por um compatriota, com a estreia de Gabriel Bortoleto no circuito. Desde 2017, quando Felipe Massa deixou a categoria, o país não tinha um piloto nas pistas.
Já a última vez que a F1 desembarcou por aqui com uma disputa tão acirrada pelo campeonato foi em 2021, no primeiro ano após a mudança de nome para GP de São Paulo. Na ocasião, Lewis Hamilton e Verstappen travavam umas das mais emblemáticas disputas da história da categoria.
O holandês chegou ao Brasil na liderança, com 312,5 pontos. Em segundo, o inglês somava 293,5, mas o heptacampeão vivia um momento de ascensão na temporada, que acabou impulsionado por sua atuação em Interlagos.
Empurrado pelo público brasileiro, com o qual mantém forte conexão por sua idolatria a Ayton Senna, ele venceu a sprint após ser obrigado a largar em último, cumprindo uma punição. Ele também subiu no lugar mais alto do pódio da corrida principal depois de cumprir uma penalidade, que o fez largar em décimo.
A vitória foi a primeira de uma sequência de três triunfos consecutivos -Brasil, Qatar e Arábia Saudita-, que levaram a disputa para Abu Dhabi com Lewis e Max empatados, ambos com 369,5 pontos cada um. Mesmo com Hamilton perdendo a disputa final para o holandês após o polêmico desfecho no circuito de Yas Marina, foi inegável o impacto da etapa brasileira para o emocionante defescho daquele ano.
Desta vez, é Verstappen quem vive um momento de ascensão e busca tirar uma diferença nas corridas finais. Considerando seu histórico em Interlagos, ele tem bons motivos para sair do Brasil ainda mais confiante na virada. O holandês já venceu três vezes no circuito, e vem de duas vitórias consecutivas. O triunfo de 2024 foi especialmente importante para ele tirar de Lando Norris a possibilidade de lutar pelo título -com o sexto lugar do inglês, a diferença entre eles chegou a 62 pontos (393 a 331).
O caráter decisivo da corrida brasileira tem se repetido com certa frequência desde 2004, quando o Brasil passou a ocupar a reta final do calendário.
Neste ano, a etapa brasileira tem 33 pontos em disputa, já que a programação inclui uma corrida sprint -prova mais curta disputada no sábado, às 11h (de Brasília)-, além do Grande Prêmio, domingo (9), às 14h (de Brasília). O campeonato segue com provas em Las Vegas, Qatar e Abu Dhabi, completando as 24 etapas previstas no extenso campeonato deste ano.
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