A ‘voz marcante’ de Belinaso Neto: como Léo Batista desbravou o jornalismo esportivo na TV
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João Baptista Belinaso Neto dedicou quase 80 anos de sua vida ao jornalismo. Em Cordeirópolis, cidade em que nasceu em 1932, se afeiçoou aos microfones e não os largou mais. Como muitos outros ícones da profissão vindos do interior do País, João começou como locutor do serviço de alto-falante de uma praça com 15 anos.
Ainda João Belinaso Neto, ele foi para Birigui, cidade mais de 300 quilômetros distante da sua Cordeirópolis, convidado pelo ex-deputado Domingos Lot Neto que inaugurara a Rádio Clube na cidade. Depois, retornou à sua região para trabalhar na maior cidade, Piracicaba. Em 1953, se mudou para o Rio, onde comandou o programa Globo no Ar, da rádio homônima.
Ali, teve uma das missões que mais marcaram sua carreira: noticiar o suicídio do presidente Getúlio Vargas. Também por lá, Belinaso Neto se tornou Léo Batista, após ouvir a sugestão do seu chefe, Luiz Mendes. Uma votação com colegas da emissora fez emergir o nome artístico. A ideia de “Léo” tem origem no nome de sua irmã, Leonilda. O Baptista de seu sobrenome perdeu uma letra, mas ficou conhecido em todo o Brasil.
Léo Batista foi mais um talento do jornalismo caçado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, um dos gênios da TV brasileira. Na Globo, fez de tudo, não se limitou ao esporte. Esteve na bancada do Jornal Hoje, Jornal Nacional e Fantástico. Ajudou na criação do Globo Esporte, do Esporte Espetacular e do Globo Rural, todos produtos da emissora que continuam no ar até hoje e com grandes repercussões.
Nos últimos anos, Léo Batista passou a apresentar com menos frequência os programas esportivos, mas dava voz com mais assiduidade à locução dos lances e gols de partidas nos jornalísticos da casa e no Show do Intervalo das transmissões esportivas da Globo, onde era anunciado sempre como “a voz marcante” pelos narradores da casa, Luís Roberto, Galvão Bueno e Cleber Machado. Tal função muitas vezes extrapolava o esporte ou atingia em cheio a alegria dos torcedores. Em vez dos gols, Léo teve de relatar o grave acidente que culminou na morte da princesa Diana, na França, e anunciou a participação de Roberto Cabrini para reportar a morte de Ayrton Senna.
Léo Batista era um dos funcionários mais antigos da Globo e, além de apresentador, também foi narrador. Transmitiu corridas de Fórmula 1 e desfiles de escolas de samba. Pioneiro, era sempre o escolhido pela emissora para desbravar coberturas desconhecidas, como a da Olimpíada de 1972, em Munique. Ele ancorou a cobertura em Madri e gravava boletins diários sobre as competições. O principal acontecimento daqueles Jogos foi o atentado contra a delegação israelense que deixou 11 mortos.
Internado desde os primeiros dias de 2025, Léo Batista morreu neste domingo, aos 92 anos. Ele estava com um tumor no pâncreas.
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