5 pontos que explicam declínio do Palmeiras com Abel Ferreira
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Os protestos de parte da torcida, indignada com duas derrotas para o Corinthians que tiraram o Palmeiras da Copa do Brasil, são a prova de que Abel Ferreira não é mais, há algum tempo, unanimidade no clube. Se como instituição a agremiação segue com as contas equilibradas, em campo aumentou a pressão com resultados ruins em 2025.
O vice do Paulistão e agora a queda nas oitavas da Copa do Brasil, ambos tendo o maior rival como algoz, suscitou críticas e xingamentos da torcida, que não vê mais o Palmeiras performar como antes. Alguns fatores explicam o ocaso palmeirense sob o comando de Abel Ferreira, que segue prestigiado pela diretoria e só sairá do cargo se for por vontade própria.

Fraqueza mental
O “cabeça fria, coração quente”, mantra tão difundido por Abel em seus primeiros anos de Palmeiras, não existe mais. O lema foi esfacelado à medida que o time se mostrou frágil mentalmente nos duelos com o Corinthians, principalmente na derrota por 2 a 0. Prova disso foi o destempero de Aníbal Moreno, que acertou um cabeçada em José Martínez e deixou a equipe com dez em campo. O argentino não foi o único pilhado em campo. Também foram expulsos os dois auxiliares do treinador, Vitor Castanheira e João Martins, e o volante uruguaio Emiliano Martínez.
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Falha no planejamento
É verdade que o Palmeiras gastou mais de meio bilhão de reais para reforçar seu elenco. Vieram nove jogadores até agora - apenas um sem custos de transferência, o zagueiro Bruno Fuchs - mas nem sempre alto investimento é sinônimo de sucesso. O clube teve azar com a lesão de Paulinho e Vitor Roque ainda não deslanchou como esperado, no entanto, escolhas melhores no mercado poderiam ter mudado o rumo da equipe na temporada.
O zagueiro Micael e o volante Emiliano Martínez, por exemplo, custaram, juntos, quase R$ 90 milhões, só que nenhum dos dois tem bola para ser titular e resolver parte dos problemas da equipe.
Além disso, o elenco é curto, visto que mais saíram do que chegaram atletas, e a qualidade caiu consideravelmente depois que Paulinho machucou, e Estêvão e Richard Ríos saíram. O colombiano foi vendido há quase três semanas e a diretoria ainda está no mercado em busca de um nome para substituí-lo.

Preso no passado
No entanto, é difícil acreditar que com as atuações recentes o time consiga brigar por alguma das duas competições.
Uma mudança profunda no elenco e nos processos internos parece ser fundamental para alterar a rota do Palmeiras na temporada e colocá-lo na disputa dos títulos dos dois torneios que restam, o Brasileirão e a Libertadores.
No entanto, a avaliação da diretoria é que não são necessárias modificações profundas. Leila Pereira, Abel Ferreira e Anderson Barros estão afinados no discurso que exalta os títulos recentes. Esquecem-se, porém, que o Palmeiras não é mais atual campeão de nada e a última taça de grande relevância que ergueu já tem quase dois anos. Defendem-se das críticas com menções a um passado de glórias que já está ficando distante. A perspectiva é de que essa era vitoriosa está mesmo se encerrando, dada a indisposição dos dirigentes em aplicar mudanças estruturais.

Muitos jovens, pouca ‘casca’
Os muitos jovens contratados nesta temporada, baixando a média de idade do plantel, não é um dos problemas detectados pela diretoria para explicar o desempenho ruim. Mas certamente faria a diferença ter atletas “cascudos” e decisivos no elenco. Vários líderes do grupo saíram e os que ficaram, casos de Weverton, Gustavo Gómez e Raphael Veiga, estão em declínio técnico. Faltam referências, faltam jogadores experientes em momentos adversos.
“Não é por essa jovialidade que os resultados não estão aparecendo. É um conjunto. São tantos processo e em alguns deles a gente pode estar falhando, mas temos que ter confiança”, argumentou o diretor Anderson Barros.
Repertório limitado
Quem acompanha o Palmeiras sabe que, desde o segundo semestre de 2023, as apresentações não são boas. Há exceções, é claro, mas, no geral, a estratégia se resume a chutões, cruzamentos em direção à área e alguns lampejos individuais. Robótico e pragmático, o time mostra um limitado repertório de jogadas.
É difícil achar um padrão de jogo, visto que Abel Ferreira usou 47 escalações diferentes em todos os 47 jogos na temporada.
A bola aérea, outrora uma virtude do Palmeiras, hoje é mais um problema do time e uma solução para o Corinthians, que encontrou pelo alto seus dois gols, valendo-se da altura de Gustavo Henrique. Também partiu de um cruzamento o gol de Memphis, no duelo de ida.
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