Especialista alerta para riscos de distúrbios do sono
De acordo com a OMS, trata-se de uma epidemia global. Má qualidade do sono afeta quase metade da população mundial
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera os distúrbios do sono uma epidemia global. Esses problemas afetam a qualidade de vida de 40% a 45% da população mundial.
De acordo com a Agência Câmara de Notícias, no Brasil a situação é mais grave: cerca de 1/3 da população sofre de insônia e outros problemas, como a apneia obstrutiva do sono (AOS).
A pneumologista, especialista em Medicina do Sono e vice-presidente da Academia Brasileira do Sono do Espírito Santo (ABS-ES), Jessica Polese, alerta: a má qualidade do sono está ligada à vulnerabilidade a infecções virais, desequilíbrios inflamatórios e doenças metabólicas e cardiovasculares crônicas, como diabetes e obesidade.
“A apneia obstrutiva do sono é uma condição na qual as vias aéreas se fecham durante a noite, provocando ronco, pausas respiratórias e interrupções repetidas do descanso profundo”, explica Jéssica.
Segundo a médica, a apneia não é apenas desconforto: “Ela fragmenta o sono e pode causar insônia. Desse modo, é comum a associação de apneia com insônia, condição denominada Comisa”, cita a especialista.
Um dos tratamentos para o problema é o uso do CPAP, aparelho acoplado a uma máscara que gera pressão positiva nas vias aéreas durante o sono e regulariza a respiração. Outro tratamento pode ser realizado com aparelho intraoral de avanço mandibular, principalmente nos casos mais leves.
“Seguir uma rotina regular antes de dormir, evitar o uso de telas - como computador, televisão, celular e tablet -, relaxar, ler um livro e tomar um chá contribuem para um sono tranquilo. Prestar atenção à rotina diária, seguir uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos são ações que resultam em uma boa noite de sono”, recomenda Jéssica Polese.
Uso do Mounjaro
Com a aprovação pela Anvisa do uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para tratar apneia obstrutiva do sono em adultos com obesidade, Jessica Polese faz um alerta:
“A obesidade é um dos principais fatores de risco para o agravamento da apneia do sono, porém a tirzepatida não atua diretamente nas vias respiratórias. Ao promover perda de peso significativa, entretanto, ela reduz a compressão sobre as vias aéreas e melhora a oxigenação noturna, diminuindo a gravidade da apneia. Apesar do entusiasmo, o medicamento não substitui o CPAP, e o acompanhamento médico deve continuar sendo individualizado”, orienta.
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