“Concluir a reparação não é apenas obrigação, é um dever”
Presidente afirma que trajetória recente da empresa reforça que recuperar territórios e reconstruir é um compromisso definitivo

Segurança e sustentabilidade se tornaram metas centrais nos processos da Samarco desde o rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, há 10 anos. O episódio impôs à mineradora a responsabilidade de rever práticas, reparar danos e adotar um novo modelo de operação.
À frente desse processo de transformação, o presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, reforçou que reparar não é apenas uma obrigação legal, mas um dever e uma condição essencial para a continuidade da companhia. A retomada das atividades em 2020, sem o uso de barragens de rejeitos, marcou o início de um novo ciclo, sustentado por tecnologias mais seguras, governança mais rigorosa e compromissos de longo prazo com a sociedade.
O futuro, segundo Rodrigo Vilela, passa por consolidar uma mineração mais segura e sustentável que seja capaz de gerar valor para as comunidades, respeitar as pessoas, o meio ambiente e deixar um legado de inovação.
A TRIBUNA
O que o rompimento da barragem de Fundão, em 2015, significa para a Samarco de hoje?**
RODRIGO VILELA
O rompimento mudou o rumo da nossa história. Lamentamos profundamente os impactos que causamos e, desde então, passamos por uma transformação cultural e operacional para garantir que fatos como esse jamais ocorram. Hoje, desenvolvemos todo o nosso processo nesse sentido. A segurança das pessoas, do meio ambiente e das estruturas e sistemas pauta, e continuará pautando, todas as nossas decisões.
> Por que a Samarco optou por aguardar até 2020 para retomar suas operações, mesmo com todas as licenças em mãos desde 2019?
Para voltar a operar em 2020, estabelecemos quatro condições básicas: um processo produtivo sem utilização de barragens de rejeitos e a eliminação destas estruturas por meio da descaracterização; a retomada gradual, que nos permitisse investir em soluções de rejeitos e estéreis de forma sustentável e segura; e a contribuição efetiva não apenas para reparar os danos do rompimento, mas também para recuperar empregos, renda e arrecadação.
Assim, esperamos para retomar as atividades somente após a implantação do sistema de filtragem para empilhamento a seco, eliminando a necessidade de barragens de rejeitos. Recomeçamos com 26% da capacidade produtiva instalada em 2020 e hoje operamos com 60%, prevendo alcançar 100% até 2028, com investimento estimado em cerca de R\$ 13 bilhões.
> Quais medidas de segurança foram implementadas desde a retomada da produção? Quais os resultados até então?
Em termos de iniciativas, destaco os avanços na descaracterização de estruturas com função de barragem de rejeito. Concluímos em 2023 a descaracterização da Cava do Germano e temos 92% das obras finalizadas na barragem de Germano, que vamos terminar em 2026, antes do prazo previsto. Também criamos o Centro de Monitoramento e Inspeção (CMI), que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, acompanhando em tempo real nossas estruturas geotécnicas, com apoio de mais de dois mil equipamentos de ponta, automáticos e manuais, além de equipes de técnicos que fazem inspeções em campo.
“Hoje, segurança e sustentabilidade deixaram de ser áreas isoladas: são o centro da nossa forma de operar ,
> Hoje, quais transformações na Samarco e em seus processos garantem que sustentabilidade e segurança estejam presentes no dia a dia da mineração?
As maiores transformações foram culturais e operacionais. Hoje, segurança e sustentabilidade deixaram de ser áreas isoladas: são o centro da nossa forma de operar e caminham lado a lado. Adotamos a filtragem e empilhamento a seco, reaproveitamos rejeitos nas obras de descaracterização, usamos 100% de energia renovável, temos metas claras de descarbonização e contamos com um Sistema Integrado de Segurança que une tecnologia de ponta e equipes especializadas, garantindo decisões rápidas e responsáveis. É essa combinação de inovação, monitoramento contínuo e responsabilidade socioambiental que nos dá confiança para seguirmos adiante.
> Como a empresa mede o progresso da reparação dos danos do rompimento da barragem de Fundão? Que resultados concretos a sociedade já pode perceber de todas as ações de reparação?
Em novembro do ano passado, com a homologação do Novo Acordo do Rio Doce, a Samarco assumiu integralmente a responsabilidade pelas ações de reparação e compensação, sendo elas as chamadas obrigações de pagar (são R\$ 100 bilhões para o poder público ao longo de 20 anos) e as obrigações de fazer, que incluem as indenizações individuais, os reassentamentos e a recuperação ambiental.
Até agosto de 2025, repassamos R\$ 10,9 bilhões ao poder público, concluímos 100% dos imóveis e equipamentos públicos dos reassentamentos de Novo Bento Rodrigues e Paracatu iniciados antes do Novo Acordo e pagamos cerca de R\$ 11,9 bilhões em indenizações e auxílios a 236 mil pessoas. Para nós, concluir a reparação definitiva é mais do que uma obrigação legal, é um dever e uma condição essencial para a continuidade de nossas operações.
> Como a empresa equilibra produção de minério com cuidado ambiental?
A Samarco mantém hoje 4,2 vezes mais áreas preservadas do que as destinadas à operação. Em 2024, restauramos 211,56 hectares de áreas degradadas. Atualmente, cerca de 90% da água que utilizamos é reaproveitada em nossos processos e utilizamos 100% de energia renovável, além de estudar alternativas como o uso de bio-óleo no Espírito Santo.
Também no Espírito Santo incorporamos ao nosso processo o coproduto de mármore, que antes era descartado pelo setor de rochas ornamentais, promovendo economia circular e redução de emissões. Além disso, o produto da Samarco contribui para a descarbonização do setor siderúrgico mundial, reforçando nosso compromisso com um futuro ainda mais sustentável.
“Não podemos mudar o passado, mas podemos construir o presente e o futuro com as escolhas que fazemos hoje ,
Olhando para o futuro, qual legado a Samarco quer deixar para a mineração no Brasil?
A Samarco nasceu em Minas Gerais e no Espírito Santo como um projeto inovador e, ao longo de 48 anos, construiu uma trajetória marcada por conquistas, adversidades e superação.
Atualmente, vivemos uma nova fase de reconstrução. Unimos técnica, responsabilidade e compromisso para transformar desafios em oportunidades e deixar como legado, não só para o nosso negócio, mas para o setor como um todo, uma mineração mais segura e sustentável.
Além de produzir pelotas de minério de ferro, temos o dever de gerar valor para a sociedade. Não podemos mudar o passado, mas podemos construir o presente e o futuro com as escolhas que fazemos hoje.

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